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15 de mar. de 2013

Cortando a dor.



"...Eles descrevem estas situações como algo feito para dar alívio a um intenso mal-estar interno, uma mistura de vazio e angústia  de caráter extremamente desconfortável..."
"...Existem diversos estudos investigando os tipos de substâncias liberadas pelo corpo em resposta a esse tipo de agressão (autoflagelo), bem como seus efeitos de metabolismo cerebral. Esses pesquisas visam buscar um entendimento, bem como uma justificativa fisiológica, para este comportamento."

(Corações Descontrolados - Ana Beatriz Barbosa Silva)

Apesar dos comentários sobre a leveza de meu post anterior, infelizmente chega o final de semana e eu fico mais sombria. Vou falar sobre algo que aconteceu esta semana e que eu omiti porque valia um post inteiro.

Segunda passada fui para o meu apartamento (lembrem-se que estou na casa de minha mãe) cuidar de meus gatos, mas desta vez fiquei sozinha, pois minha mãe tinha que ir para uma consulta. foi simplesmente horrível. A casa respirava lembranças de uma vida que não tenho mais, de sonhos desfeitos, expectativas mortas... E é claro, lembranças de meu ex. É como se ele estivesse pela casa toda, como um fantasma, a me lembrar de momentos felizes e infelizes, uma presença invisível de um amor que eu tenho ainda em meu peito.

Chorei descontroladamente. Tentava me acalmar fumando um cigarro atrás do outro, mas a dor era muito maior que a nicotina. Sentei-me no chão, sem forças, sabendo que precisava me levantar, mas cada vez que eu olhava em volta enxergava os sorrisos que eu nunca mais dei. E então procurei a minha faca mais amolada. Parecia que era destino, não a encontrava em lugar nenhum, sabia que minha mãe chegaria a qualquer instante e eu precisava ser rápida. Como não achava a faca, cravei as unhas com toda a força no meu braço. Então a encontrei, mas não para me matar, mas para me cortar. Fiz 3 cortes no braço esquerdo, sem serem muito profundos.

Eu havia me esquecido de como era. A última vez que fiz isso foi há mais de 10 anos. A dor física foi como um bálsamo pra minha dor, o ardor dos cortes conseguiram desviar minha atenção e por um momento fugaz eu me senti bem. Viva. É como se fosse uma droga. A dor me acalmou. E quanto mais ardia, melhor era. Me lembrava que eu ainda tenho sangue. que não sou um corpo oco que vive grande parte do dia imersa em sofrimento. Naquele momento não havia ex-namorado, emprego perdido, falta de dinheiro. Havia eu e meu braço cortado.

Minha mãe chegou minutos depois e não notou nada. Eu tenho arranhões na mão por conta dos gatos, então alguns cortes mais profundos passaram despercebidos. Obviamente ela viu minha cara inchada de choro, porém nada perguntou naquele momento.

Hoje olho para os meus cortes e lembro da angústia seguida de alívio. Lembro que o final de semana ainda está começando. Quando será a próxima vez?


"Darling, I forgive you after all
anything is better than to be alone
and in the end I guess I had to fall
always find my place among the ashes"

(Lithium - Evanescence)

9 comentários:

  1. Olá!
    Naty
    O problema da automutilação é demasiado preocupante para não lhe prestar atenção. Não sei de fato como é que posso te abrir os olhos, os ouvidos e a sua mente. Reaja! A auto-mutilação é um pedido de socorro escondido...não use de dissimulação perante a sua mãe...e tenha os pensamentos ocupados nesses seus períodos de solidão...
    Meu carinho
    Bom final de semana
    Beijos

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  2. Oi... falando da Dra. Ana Beatriz, o que vc acha dessa acusação de plágio que está havendo contra ela?
    Bjos e bom fim de semana linda!

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  3. Olá...sou nova por aqui.Entendo a sua dor, mas...penso que vc pode chorar até secar como faço em vez de guardar a sua dor e ficar abrindo feridas em seu braço literalmente pelo o que sente ainda.Somente colocando para fora falando na terapia e chorando mt td isso irá embora ;) Ficar sozinha lembra do abandono e faz ter medo dos pensamentos.Em mim batia um desespero, mas aih eu corria para a terapia para ouvir e falar sem parar.Enfim...fique bem.

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  4. Ahh aliás...está tomando as medicações direito?pq aliviam os sintomas:) agora fui kk

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  5. Olá Naty, a Juzi é minha amiga. Tipo, talvez você não me respondeu porque talvez para você posso ser "normal" lembre-se ninguém é. Somos todos bem parecidos quando se sente dor. Quero que saiba que pode contar comigo. Quando sentir essa dor escreve, fale sozinha, tudo isso vai aliviando...e me escreva se quiser. Bjs!

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  6. Oi Naty
    Colocou painel de seguidores, já estou te seguindo. Sempre digo que só um bipolar entende outro, vc tem uma doença tão igual a minha que os médicos até confundem, então, eu te entendo querida, mas há uma saída. Sempre digo que no final dá tudo certo, se não deu certo ainda é porque não chegou no final, é sério. Quem olha meu blog, minha linda família, muitas vezes não sabe o que já passamos, ou até passamos ainda, mas eu não desisto, continuo o tratamento, por mim, por eles. Acho que vc precisa da medicação certa, se puder, faça terapia, se quiser conversar comigo, meu email é marcoseluciana@hotmail.com . Se cuide.
    Bjos.

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  7. Então Naty, eu também fiquei super passada com a notícia de plagio =(
    Eu era super fã dela!
    Agora já perdeu a graça...
    Chato né?
    Bjos e obrigada por estar sempre visitando meu blog!
    Um ótimo domingo!

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  8. naty, sei como eh... jah fiz como vc, mas pequenos cortes, o suficiente para desviar minha atencao... mas eu sinto que o tratamento estah fazendo efeito, pq agora eu tenho mais dias oks do que dias de merda... ou entao o dia comeca be e piora, ou comeca mal e melhora...

    minha ultima crise, sem corte, apenas de choro foi semana passada, eu contei lah no blog...

    eu sei que isso, auto-mutilacao, eh errado, mas qdo fiz aquilo tb estava sozinha e totalmente irracional... eu contei pra minha esposa e contei pro meu psiquiatra... normal nao eh... mas faz parte de quem sofre de dor da alma... vou escrever um post sobre isso lah no blog

    www.diariodeumsuicida2013.blogspot.com

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  9. Oi,
    bem essa é a terceira tentativa de comentário porque as outras duas ficaram enormes e eu apaguei. Você ficou 10 anos sem se cortar? Nossa, é bastante tempo. Eu não me corto há uns quatro meses. Mas acho que ainda não tive uma recaída porque ainda não levei nenhum tombo significativo. [Não sei lidar com frustrações e decepções] Mas por enquanto, tudo bem. Ontem lendo um diário antigo, achei um papel manchado de sangue e fiquei revirando o diário na esperança estranha de encontrar uma lâmina. Não encontrei, felizmente. É como o dilema daquele cara no bar que não pode beber o primeiro gole se não põe tudo a perder. É mais ou menos assim que eu vivo. Mas a sensação é tão... bom, deixa pra lá, você sabe.
    Fique forte
    Bjs
    http://bloggdafabi.blogspot.com.br/

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