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25 de mai. de 2014

Quando experimentar uma droga se torna vício.





(post da Becky, do More Than Borderline)

Se você olhar meu histórico no Hospital Estadual de Richmond, vai ver que eu sou fumante de maconha. Não acho que isso deveria fazer parte do meu prontuário médico, já que só fumei duas vezes, ambas por razões médicas. Porém, porque a maconha não é aprovada para usos medicinais em Indiana, isso aparentemente me fez uma viciada.
Aí fiquei pensando: quando que "experimentar uma droga" se torna vício?

Quando você não consegue parar:

A primeira  vez que usei maconha eu estava me recuperando de uma cirurgia. Os analgésicos me deixavam com fortes náuseas e meu irmão insistiu que eu experimentasse algo diferente.  Em minutos, o enjôo sumiu. A sensação de estar chapada era agradável e eu logo percebi porque as pessoas arriscavam serem presas por ela - também compreendi como alguém pode se tornar viciado.

Experimentar é normal, vício não. Como eu disse, a pergunta é: "Quando experimentar se torna vício?"
Um sinal de que você está se viciando é quando não consegue parar de usar a substância. Se você tem que usar, se nunca é o suficiente, se você não pára apesar das consequências negativas, então experimentar se tornou vício.

O ato de experimentar se torna vício quando a substância em questão é a coisa mais importante no mundo,  quando sua vida gira em torno de conseguir e usá-la.

Quando você usa a droga para tratar sua doença mental:

Usei maconha pela segunda vez quando eu estava tentando lutar contra um episódio psicótico. Resumindo: não funcionou e meus amigos me internaram. Existe uma correlação entre a psicose e o uso de maconha, mas não é claro se você usa esta substância porque é psicótico ou se está assim porque a usa. Porém não importa - quando você faz uso de uma droga para tentar tratar sua doença mental, corre o risco de se viciar

A auto-medicação não funciona. Eu usei o álcool para tratar os meus sintomas do transtorno de personalidade borderline sem perceber que eu os estava piorando ao invés de melhorar. A medida que fiquei pior, minha solução era beber mais. Se isso descreve como você usa alguma substância, você tem um vício

Quando você pensa que tem um problema com drogas:

Se chegar a este ponto, seu ato de "experimentar" se tornou vício. Dito isso, você provavelmente é a última pessoa a se dar conta que tem um problema.

Minha terapeuta um dia me perguntou se eu já tinha considerado ir para os Alcoólicos Anônimos - respondi que a coisa não estava assim tão ruim - fato que ela discordava. Permaneci em negação pelo resto do ano até perceber que ela estava certa: eu tinha um problema.

Eu percebi muitas outras vezes que eu também tinha um problema com as drogas: quando eu me desesperava por estar ficando sem, quando vagava pelo centro de Indianapolis procurando por um bar aberto no dia de Natal porque eu precisava de um drink, quando o limite que eu me impunha era não sentir mais meu rosto.

Então o que fazer? Um terapeuta disse pra minha família que se um viciado não estava indo às reuniões, estava usando (eu discordo, já que fiquei sóbria por 3 anos sem ir para as reuniões). Reconhecer que tem um problema é o primeiro passo para resolvê-lo. Porém temos que fazer mais do que isso - precisamos agir. Que seja o programa dos 12 passos, rehab ou terapia, temos que fazer alguma coisa.

Mesmo que "experimentar" se transforme em vício, há esperança que possamos parar.

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Quantos borders que já me escreveram dizendo que "não gostam da terapia", "não querem os remédios"? Gente, o problema que temos é real. Tem que tratar. Existe possibilidade do diabético ficar sem insulina? Não. A gente fica irritado quando a sociedade não trata nosso problema como sério, mas somos os primeiros a não entender o básico.

Não sou perfeita, não estou estável, me dá muita vontade de chutar o balde sim, mas... Eu luto. Mesmo quando não acredito.

PS: tão acontecendo umas coisinhas legais aqui pro blog... reconhecimento do meu trabalho. Por enquanto é TOP SECRET!




21 de mai. de 2014

Relacionamentos com borders (trocando experiências)



(e-mail recebido)

Olá! Parabéns pelo blog, muito dinâmico e elucidativo. 

Dos fatos: Namorei por um período breve de apenas 5 meses, mas fazia tempo que não me envolvia tão a fundo como me envolvi com essa garota, a princípio já entrei na história do relacionamento muito preocupado, afinal tenho uma filha de 7 anos (que a mesma admitiu não gostar), e ela é 23 anos mais jovem do que eu!!!! 

E pra resumir a novela mexicana, depois de inúmeras discussões, uma delas durante uma viagem de férias, que estragou por completo a viagem e quase deu morte no aeroporto no retorno. A última discussão ocorreu na véspera de um exame que a mesma precisava realizar, e após a briga eu não pude acompanhá-la porque o clima era tenso. Para piorar ela acabou indo parar numa UTI, onde ficou por 7 dias devido à choque anafilático. Fui quase todos os dias visitá-la nesta UTI. No começo da relação e até antes quando conversávamos, eu sabia que ela tinha uma paixão mal resolvida de 8 anos, mas muitas vezes que eu questionei ela respondia: "Mas veja eu estou aqui com vc". Muito provavelmente o aqui com vc seria apenas o corpo. Pedi para meus caminhos fossem abertos, as duas situações de brigas foram muito tensas, pensei que seria o momento para me afastar, mas por amá-la tanto, a coisa foi se arrastando, até chegar na ocasião em que ela acabou indo para uma UTI. 

Numa última visita que fiz, o enfermeiro estava perguntando o que faria com os rascunhos que ela tanto tinha escrito por ocasião das visitas, afinal ela estava com entubação o que dificultava a comunicação. Ela respondeu que uma prima dela gostaria de levar de recordação, o enfermeiro disse que precisaria verificar quais folhas continham dados do tipo nome e idade de pacientes da enfermaria para jogar fora e devolveu um bloco de folha A4 para a prima guardar, mas nesse momento da devolução ele deixou próximo à cama a e não teve como eu não ler, a sensação foi de que era o destino me dando mais uma cutucada, me senti como se eu descobrisse ali que namorara até então uma jovem casada. Porque nos rascunhos ela afirmava que queria ter filhos com fulano, apresentava o fulano não sei para quem, talvez equipe médica, como sendo o grande amor da vida dela, etc, etc. Ela ficou muito desconcertada, mas caramba ela estava numa UTI eu tinha que me controlar e engolir seco. Me abraçou disse que decidiria ao sair, que gostava dos dois, isto foi há quase uma semana atrás. 

Já li muita porcaria na internet, até uma cartilha de como se desligar de uma pessoa borderline, mas nesse blog encontrei coisas muito mais sensatas e menos bizarra. A garota quando entrou na minha vida eu sabia que ela pausava o namoro com o tal cara de 8 anos e saia e ficava com inúmeros outros. Mesmo sendo um tanto quanto machista/conservador, na minha atual fase da vida eu consegui conduzir tudo isso. Mas essa do rascunho foi demais, não pensei em me desligar dela, como sugerido na cartilha que falei anteriormente, mas mesmo sofrendo muito, resolvi ajudar à distância, no tocante às situações de rotina de saúde. Desde então evito contato visual de qualquer natureza, mas estou sofrendo muito com tudo isso, pois a amo muito, mas não queria passar ou promover um constrangimento de estar num ambiente que de repente pode ser frequentado por mim e pelo namorado anterior.

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Então, qual a minha opinião sobre isso: antes de sermos borders, somos seres humanos e não temos o direito de magoar as pessoas. Para não fazermos isso existem os tratamentos, remédios... A responsabilidade de melhorar é muito nossa. Esta pessoa estava sofrendo por causa das indecisões desta menina e resolveu se afastar... quem sou eu para julgá-lo? As pessoas tem direito de se proteger sim. Os mais extremados podem achar que ele a abandonou, porém ele não o fez - ajuda a distância, e aguentou bastante coisa. 

Se ela realmente o quiser, tem que fazer um compromisso primeiro consigo mesma para melhorar e para tentar não magoá-lo. Conseguimos isso sim, não é fácil, exige tempo e muita luta. O importante é não sentar e simplesmente colocar a culpa no TPB e esquecer que temos que fazer nossa parte.

bjos da Eilan :*

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