Amigos:

30 de abr. de 2013

AJUDE RINGO!




Hoje não vou falar de mim, nem do transtorno de personalidade borderline. Não vou postar poemas ou músicas borderline, nem fotos de pernas escritas em sangue.

Vou falar do Ringo. Quem acompanha este blog, sabe que tenho um "trabalho" que ajuda animais carentes na rua. Quando comecei a minha crise, abandonei isso por um tempo, mas acho que está escrito, pois os gatos necessitados parece que me perseguem...

Conheci Ringo numa rua transversal a minha. Como vocês podem ver nas fotos, ele tem uma ferida na lateral da barriga e, que não está muito visível, um tumor provavelmente maligno de mama. Tentei dar medicações variadas a ele mas não está regredindo e está cada vez mais difícil fazê-lo, pois ele já entendeu que toda vez que eu chego é para fazer algo que ele não gosta, então foge.

Hoje eu e uma amiga o levamos pela segunda vez ao veterinário e este disse que ele pode ficar bom com a cirurgia. O problema é que nem eu, nem minha amiga, temos condições financeiras de arcar com o valor desta, já que eu, bem, eu não estou trabalhando (infelizmente) devido a minha crise e ela é protetora, que já cuida de vários outros animais e não tem de onde tirar.

Aí eu pensei no blog. Como eu não tenho no momento um círculo a quem recorrer, lembrei que tenho em média de 80 a 100 visitas por dia, com picos de 150-200. Se algumas destas pessoas se sensibilizassem com a estória deste gatinho lutador, quem sabe eu não conseguiria fazer a cirurgia? O veterinário disse que sua clínica arcaria com 50% do valor e o resto seria com a gente. O valor total da cirurgia é de R$ 1.125,00 e precisamos arrecadar R$ 562,00.



Então vai aí meu apelo: resolvi rifar uma caneca personalizada de gatinho e uma camiseta, também personalizada. Estes desenhos são exclusivos e foram doados para meu antigo projeto de construção de um gatil. Comprometo-me a enviar sem custo o prêmio para o vencedor direto em sua casa. 

Cuidar deste gato foi o primeiro incentivo que tive para sair de casa. Ver sua luta pela vida me inspirou a tentar dar meus próprios passos para tentar enxergar a luz no fim do túnel. Mas eu ainda tenho um blog, uma família, alguns amigos. Ele não tem ninguém, depende de algumas almas que o alimentam todos os dias, sem carinho, sem casa, sem segurança... ainda sim eu acredito que ele queira viver. Portanto peço. Eu sei que foge totalmente ao tema do blog e eu não tenho direito algum de pedir nada, mas eu não posso abandoná-lo. Se alguém puder comprar um bilhete de rifa, que o faça. Acredite, vai fazer a diferença, para ele e para mim.



Como funciona:

- Cada número de rifa custa R$ 5,00, 115 números.

- O sorteio se dará assim que eu vender todos os números. Se isso não acontecer até dia 20/05, farei o sorteio no dia 21/05. Usarei o site sorteador.com.br e postarei o print screen da tela do resultado.
- O envio do prêmio se dará em até 15 dias após o resultado.


Compra:

- A compra dos números se dará por Pagseguro, onde o valor pode ser pago por transferência ou cartão de débito (link no blog), ou depósito em conta corrente. No topo do blog abrirei uma página intitulada "RIFA DO RINGO" e lá atualizarei uma lista com os 115 números e os que estão disponíveis ou já comprados, com o nome/pseudônimo de quem comprou.

CONTA PARA DEPÓSITO:

Nathalia Musa Rangel Monteiro
BANCO BRADESCO
C/C 0009112-0
Ag. 2891-6

- Assim que efetuarem o pagamento comentem nesta mesma página da Rifa, dizendo o valor e data, assim como os números escolhidos, caso queiram. Se não, eu acrescentarei o nome do comprador ao primeiro número disponível na lista.
- Qualquer dúvida, use o link "Fale Comigo".

Todos os recibos e fotos eu postarei aqui no blog!


Como se não bastasse a rifa, fiz uma espécie de selinho que leva ao link da rifa. Quem quiser, puder me ajudar compartilhando, como uma corrente, fique a vontade. Copie o código e adicione em "html/javascript" para a imagem levar direto ao link da rifa.

Ferimento e tumor de mama do Ringo.

digitalização do documento do veterinário.

Eu não sei se o que estou fazendo é de "bom tom" na blogosfera. Se não for, me perdoem. Mas eu tinha que fazer alguma coisa. QUALQUER coisa.

Deixo-os com um vídeo que fiz ano passado, em homenagem aos protetores que conheço aqui de Recife. "Anjos de Estimação" era o nome de minha fanpage quando eu tinha Facebook, onde eu fazia campanhas para arrecadar fundos. Se bobear, ainda está lá, só que sem dono, pois deletei meu perfil.




29 de abr. de 2013

Transtorno de Personalidade Borderline e a Dissociação



Critérios Diagnósticos para Transtorno da Personalidade Borderline: 

Um padrão invasivo de instabilidade dos relacionamentos interpessoais, auto-imagem e afetos e acentuada impulsividade, que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos, como indicado por cinco (ou mais) dos seguintes critérios: 

(1) esforços frenéticos para evitar um abandono real ou imaginado.
Nota: Não incluir comportamento suicida ou automutilante, coberto no Critério 5
(2) um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização
(3) perturbação da identidade: instabilidade acentuada e resistente da auto-imagem ou do sentimento de self
(4) impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente prejudiciais à própria pessoa (por ex., gastos financeiros, sexo, abuso de substâncias, direção imprudente, comer compulsivamente).
Nota: Não incluir comportamento suicida ou automutilante, coberto no Critério 5
(5) recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante
(6) instabilidade afetiva devido a uma acentuada reatividade do humor (por ex., episódios de intensa disforia, irritabilidade ou ansiedade geralmente durando algumas horas e apenas raramente mais de alguns dias)
(7) sentimentos crônicos de vazio
(8) raiva inadequada e intensa ou dificuldade em controlar a raiva (por ex., demonstrações freqüentes de irritação, raiva constante, lutas corporais recorrentes)
(9) ideação paranóide transitória e relacionada ao estresse ou severos sintomas dissociativos

Resolvi fazer uma série de posts explicando cada um destes 9 itens, para que até eu possa compreender melhor o que tenho e que não tenho.

(9) Ideação paranóide transitória e relacionada ao estresse ou severos sintomas dissociativos

Você alguma vez já chegou em casa do trabalho sem lembrar como o fez? Você faz este trajeto tantas vezes que seu cérebro deixa seus olhos e reflexos dirigirem. Este sentimento de se estar "fora de si mesmo" é um tipo suave de dissociação.

Porém as pessoas que dissociam gravemente se sentem irreais, estranhas, dormentes ou desconectadas. Elas podem ou não lembrar o que aconteceu exatamente enquanto eles estavam "fora". O grau de dissociação pode variar de um trajeto trabalho-casa para dissociações extremas caracterizadas pelo transtorno de personalidades múltiplas, agora chamado Transtorno Dissociativo de Identidade. 

Os indivíduos com TPB podem dissociar em diferentes níveis para escapar de sentimentos ou situações dolorosas. Quanto mais estressante for a situação, maior a chance da pessoa dissociar. Em casos extremos, pacientes com o TPB podem até perder contato com a realidade por um curto período de tempo. Se o borderline da sua vida reportar memórias de situações em comum que sejam diferentes das suas, dissociação pode ser uma explicação possível.

Karen (Bordeline)

"As vezes me sinto como um robô me movimentando. Nada parece real. Meus olhos se nublam, é como se um filme estivesse passando ao meu redor. Meu terapeuta diz que eu pareço perdida, como se eu estivesse desligada em um lugar onde nem mesmo ela pode me alcançar. Quando retorno, as pessoas me dizem que eu fiz ou disse certas coisas as quais não consigo me lembrar"

(fontes: PsiqWeb e o livro "Stop Walking on Egg Shells" - Paul T. Mason, MS e Randi Kreger)

* A pergunta que não quer calar: Sou uma border que dissocia? Acho que sim. Não nos níveis extremos relatados acima, porém eu tenho sim meu "lugar feliz" para onde vou quando não quero me lembrar de algo, principalmente antes de dormir, naqueles minutos que antecedem o sono, os quais não nos resta outra escolha senão pensar.

Neste lugar, eu sou quem eu quero e crio situações em minha mente que nunca aconteceriam na realidade. Sou magra, bonita, desejada por todos. As vezes estas criações são estórias românticas imaginadas somente por mim, onde aquele rapaz vai me arrebatar ao som de uma música arrebatadora ou quem sabe, meu ex vai acordar e perceber a pessoa maravilhosa que sou, vai me ligar pedindo desculpas e seremos felizes para sempre.

Então, neste meu mundo, não preciso pensar em problemas, em cortes, em lágrimas e na minha situação. Na verdade isso ocorre há muito tempo e eu achava que era simplesmente uma parte infantilizada de minha alma, que insistia em criar este mundo imaginário (o qual vivemos com frequência na infância) para me fazer sentir segura. quando eu estava bem não precisava deste recurso, pois minhas memórias eram agradáveis e podia me apegar a elas para dormir em paz. Porém quando tudo ficava mais negro eu me abrigava neste recurso de minha mente e lá ficava, aonde nenhum problema pudesse me alcançar. Ou as vezes até em situações cotidianas, como em um ônibus ou no trajeto de caminhada até o trabalho, principalmente se minha cabeça estava cheia.

Saber da dissociação me tirou pelo menos este peso de me sentir uma criançona que fica sonhando aos 33 anos com uma vida perfeita de filme de Hollywood para conseguir dormir. Sim, continuo recorrendo a isso. Mas quero conseguir dizer um dia que consegui fechar os olhos e pensar na minha vida real ou até mesmo nos meus problemas, sem que eles me tirassem o sono.

(post dedicado à minha marida Miss Danielle de Barbarrac)

28 de abr. de 2013

O Poder Terapêutico da Escrita




Eu, como todos sabem, abri meu blog recentemente. Tal iniciativa deixou minha psicóloga e minha psiquiatra muito empolgadas, pois foi um caminho, uma rota de luz que eu encontrei para tentar lidar com minhas descobertas e sofrimentos causados pelo TPB. Resolvi falar sobre isso ao constatar o efeito positivo que escrever me trouxe e compartilhar os ganhos deste ato, para borderlines, bipolares, TDAHs, depressivos, "normais", enfim, para todos que precisam.

Escrevendo sua rotina

Se você acha que um blog é se expor demais, porque não escrever um diário? As vezes muitas coisas acontecem no nosso dia-a-dia, mas nosso costumeiro vazio não nos deixa enxerga-las. Talvez, escrevendo e relendo o que se passou em sua semana, você vai perceber tudo que se passou e talvez conseguir analisar melhor, caso tenha sido algo ruim, suas reações e consequências delas.
Escrever sobre nosso sentimentos também nos faz liberar, nem que seja pro papel ou pra tela de um computador, tudo aquilo que guardamos por acharmos que ninguém nos entende. Já conversei com alguns borders que tem a mesma aflição: não ser compreendido. Muitas vezes não somos mesmo, porém escrever talvez seja uma forma de colocar pra fora aquilo que ninguém mais pode saber. Lendo depois, podemos constatar que: melhoramos ou pioramos, mas baseados em fatos podemos lidar melhor com isso.

Memória de Elefante?

Pois é, não temos uma memória que registre todos os pormenores de nosso cotidiano. Um detalhe pode passar desapercebido ao desabafar na terapia ou quando analisamos algum sofrimento. Ao escrever diariamente, não perdemos nenhum ponto, sabemos bem a ordem cronológica dos fatos e isso com certeza ajuda. eu, por exemplo, cheguei a conclusão que minha gastrite nervosa (que resultou num semi-internamento) foi causada por fatos que ocorreram durante a semana (como a leitura daquele email fatídico do meu ex, que resultou em uma crise). Isso pensando no que escrevi aqui.
Quando registramos algo por escrito também nos ajuda a memorizar. Quem nunca estudou para uma prova refazendo anotações?

Contando um conto.

Escreva crônicas. Eu mesma recorri a este recurso quando não queria falar abertamente "então eu peguei a gilete, me cortei, vi o sangue caindo e fiquei bem feliz.". Usei de uma linguagem lúdica na qual contava a mesma coisa, porém com palavras mais elaboradas. Passei a idéia e ainda exercitei a redação.

Mantendo contato

Achamos que somos únicos no mundo. Ao enxergar nosso reflexo com olhos de border, tendemos a nos rotular de loucos, afinal, quem sofre desse jeito? Quem se corta assim? Muita gente. E é o que estou aprendendo cada vez mais com a vivência do blog. Ainda por cima consigo ajudar algumas pessoas. Então, entre num grupo, numa comunidade do Facebook, escreva e-mail, escreva pra mim, relacione-se, que vais descobrir pelo menos que existem muitos mais iguais a ti. Isso alivia. Ou não somos afinal, ETs, ou há uma porção de homenzinhos verdes por aí.

26 de abr. de 2013

If I were a boy...


Sabe, fico pensando aqui no quanto os sentimentos estão desvalorizados. O homem machuca a mulher, a mulher machuca o homem, não há respeito, carinho, compromisso. O casal é cada um por si.

E me desculpem os queridos que me lêem, mas infelizmente o que a gente mais vê são caras machistas, egoístas, que magoam as companheiras, traem, desprezam... Então vemos um monte de mulheres com egos partidos, que acabam por cometer com próximos relacionamentos os mesmos erros que cometeram com elas.

Eu queria muito ter achado um homem de verdade. Mas parece que isso é artigo de luxo por aí.

Bem, Beyoncé não é bem meu estilo de música (apesar de eu não resistir a Single Ladies) mas esta canção e clip são bem tocantes e interessantes. Vale a pena assistir, mesmo que você não entenda inglês. E ela (quase) toda tem bem a ver com o que estou sentindo estes dias...




Beyoncé - If I were a Boy

Tradução:

Se eu fosse um garoto


Se eu fosse um garoto
Nem que fosse por um dia
Eu levantaria da cama de manhã
E sairia pra onde eu quisesse ir
Beberia cerveja com os caras
E paqueraria as garotas
Eu faria isso com quem eu quisesse
E eu nunca teria que entrar em confronto por isso
Porque eles ficariam do meu lado

Se eu fosse um garoto
Eu acho que entenderia
Como se sentir por amar uma garota
Eu juro que seria um homem melhor
Eu a escutaria
Porque eu sei como magoa
Quando você perde alguém que queria
Porque ele não te deu valor
E tudo que vocês tinham foi destruído

Se eu fosse um garoto
Desligaria meu telefone
Diria a todos que ele está quebrado
Então eles pensariam que eu estaria dormindo sozinho
Eu me colocaria em primeiro lugar
E faria as regras pra seguir
Porque sei que ela seria fiel
Esperando que eu volte pra casa
Que eu volte pra casa

Se eu fosse um garoto
Eu acho que entenderia
Como se sentir por amar uma garota
Eu juro que seria um homem melhor
Eu a escutaria
Porque eu sei como magoa
Quando você perde alguém que queria
Porque ele não te deu valor
E tudo que vocês tinham foi destruído

É um pouco tarde pra voltar
Dizer que é só um engano
Pensar que eu perdoaria você assim
Se você pensou que eu esperaria por você
Você pensou errado

Mas você é só um garoto
Você não entende
mas você não entende
Como se sente amar uma garota algum dia
Você deseja ser um homem melhor
Você não a escuta
Você não se importa como isso magoa
Até perder alguém que você queria
Porque você não deu valor a ela
E tudo que vocês tinham foi destruído
Mas você é só um garoto

Link: http://www.vagalume.com.br/beyonce/if-i-were-a-boy-traducao.html#ixzz2RcqcNx00




Espiritualidade X Religião: O papel da fé na vida com o Transtorno de Personalidade Borderline



Na faculdade eu passei por uma das experiências mais agonizantes que uma pessoa, especialmente com o transtorno de personalidade borderline, pode passar: um abandono em larga escala.

Eu fui diagnosticada com depressão no verão após meu ano de caloura, e retornei à universidade usando remédios psiquiátricos. As pessoas em minha igreja sugeriram que eu me consultasse na igreja. Depois de duas sessões, a diretora da área de aconselhamento da igreja me disse para não voltar mais até que eu lidasse com toda minha raiva.

Aparentemente ela não entendeu por que eu estava buscando um aconselhamento em primeiro lugar. Eu sabia que precisava de ajuda, então comecei a ir para o centro de aconselhamento da faculdade para um tratamento, enquanto ainda frequentava minha igreja.

Transtorno de Personalidade Borderline e os sentimentos de abandono

Depois de um exorcismo mal sucedido, uma confissão em sete passos e um protocolo de renúncia dos pecados para cura e uma reprimenda pela minha pouca fé, o último acontecimento enquanto eu já estava internada, eu fui forçada a deixar a igreja. Como resultado, todos em quem eu um dia confiei com minha vida não iriam mais falar comigo. O que foi duas vezes mais devastador sobre este abandono é que minha fá era o centro da minha vida e de repente eu estava sozinha.

Significado de Religião e Espiritualidade

Há uma diferença entre religião e espiritualidade. A primeira é um conjunto de regras. Espiritualidade é a maneira na qual você se orienta em direção ao divino. A religião é uma forma de se identificar para a humanidade. Espiritualidade é a forma que você se identifica com as crenças em seu coração.

A religião pode machucar. Para ser franca, a religião são regras. As siga e há bençãos, quebre-as e haverão consequencias. Quando as pessoas focam nas regras de uma religião ao invés do relacionamento da espiritualidade, a corrupção bate a porta.

Como a espiritualidade pode ajudar alguém com TPB

Espiritualidade só pode ajudar. Porque ela é a relação entre o divino e o indivíduo, não pode ser forçado a uma pessoa da forma que a religião pode. Não pode ser tirada de você, como excomungar a si mesmo? Enquanto religião é baseada na disciplina, espiritualidade é amor.

Eu levei quatro anos para entender isso e quando entendi, comecei a me curar. A espiritualidade pode ser um grande benefício para a pessoa com o TPB, oferecendo um senso de aceitação, companhia, significado e compreensão.

A religião é para as pessoas que temem ir ao inferno, já disse um dessas frases de para-choques. A espiritualidade é para aquele que já estiveram lá. Alguém com TPB pode entender isso. A vida em geral e especiamente com o Borderline pode ser um inferno. A espiritualidade pode oferecer conforto e a habilidade para sobreviver. Porque ela é uma relação pessoal ante ao divino, que está sempre disponível. Quando a religião te abandona, a espiritualidade vai te assegurar que não estás sozinho.

(tradução livre desta matéria do More than Borderline Blog)


* Bem, vamos lá. Voltei ao tema, achei este texto muito interessante. Quero deixar claro aqui que, apesar de concordar com ele, não estou julgando a escolha de ninguém, por favor. Cada um tem seu caminho e se for para fazer o bem, tudo é válido.

Ontem estava devaneando sobre frustrações, hoje após ler este texto pensei que no fundo me afastei de minha espiritualidade. O paganismo é uma prática mais solitária e aos poucos fui me afastando de alguns conceitos que antes eram a base da minha vida. Acho que após algumas crises, acabei por ser mais fraca que minha fé e acredito que hoje em dia isso me faça falta. Queria ler mais, começar a praticar meus rituais e sentir a paz que sentia antigamente, mas hoje em dia nem um incenso eu acendo.

Analisando bem, comecei a me afastar mais quando comecei meu namoro aqui. Meu ex é bem esotérico (pelo menos fala que é), Rosa-Cruz (o qual ele também só lê mas não pratica a máxima maior deles, que é elevar o espírito) e ficou encantado quando eu disse que era bruxa. Tínhamos conversas super frutíferas no início de nosso relacionamento mas depois fui me cansando, pois ele só falava disso e eu tinha outros interesses e, acima de tudo, não dava uma explicação esotérica-cabalística a tudo que acontecia ao meu redor.

Fui ficando meio frustrada com tudo, principalmente vendo que tinha muita gente que estudava horrores, sabia tudo de magia/cabala/tarot, enchia a boca pra se dizer iniciado nisso, 3° grau naquilo e, a raiz mesmo, que é ser um espírito mais elevado, fazer o bem, isso todo mundo esquecia.

Crer em uma força maior que olha por mim e por todos me alivia a alma. E acho que todos devemos acreditar em algo, pois achar que somos simplesmente pó e no final voltaremos a sê-lo sem que acha nada após disso é muito deprimente. Fé nos move. 

Para alguém com qualquer transtorno acho realmente primordial se agarrar numa crença que existe um propósito para tudo que passamos e que tem alguém que olha por nós, mesmo quando estamos sozinhos.

"Jesus disse: Eu sou a luz que está acima deles todos. Eu sou o todo: o todo saiu de mim e o todo se reuniu a mim.Rachai uma madeira: eu estou ali. Levantai uma pedra e me achareis".

Evangelho Apócrifo de São Tomé

Deixo-os com Loreena Mckennit. - The Mystic's Dream



TRADUÇÃO:

Sonho Místico
Um sonho nebuloso numa noite terrena
Pende da lua crescente
Uma canção sem voz, numa luz eterna
Canta à chegada da alvorada
Pássaros em vôo estão chamando ali
Onde o coração move as rochas
Para lá o meu coração anseia:
Tudo pelo seu amor

Uma pintura em uma parede de hera
Aninhada no musgo verde-esmeralda
Os olhos declaram uma trégua de confiança
E então me afasta para longe
Aonde, ao crepúsculo do deserto profundo,
A areia derrete em piscinas do céu
A escuridão deita seu manto vermelho
Suas lâmpadas me chamarão para casa

E então é ali que se dirige a minha homenagem
Apanhada pelo silêncio da noite
Agora eu sinto, sinto você se mover
E cada respirar é pleno
Então é ali que minha homenagem é devida
Apanhada pelo silêncio da noite
Até a distância, a sinto tão próxima
Tudo pelo seu amor

Um sonho nebuloso numa noite terrena
Pende da lua crescente
Uma canção sem voz, numa luz eterna
Canta à chegada da alvorada
Pássaros em vôo estão chamando ali
Onde o coração move as rochas
Para lá o meu coração anseia:
Tudo pelo seu amor

25 de abr. de 2013

Frustrações.



Frustração. Do lat. frustratio que vem do advérbio frustra (em vão, debalde). Ação de impedir que um ser atinja o objetivo ao que tende pela sua própria dinâmica. Estado em que se encontra o organismo quando depara com um obstáculo mais ou menos importante no caminho que o leva à realização completa de um comportamento. (1)

Em Psicanálise, designa a privação sentida como injusta, de satisfações materiais ou psíquicas (2)

Hoje na terapia minha psicóloga disse que um de meus maiores problemas era saber lidar com a frustração. Aquilo que no cotidiano de todos é tão comum, como chegar atrasado, ficar preso no trânsito, perder uma chave ou queimar um bolo para mim é como se fosse uma catástrofe. Principalmente pelo fato que eu não enfrento isso, prefiro fugir das mais diferentes formas possíveis, como bebendo, me cortando, fumando ou comendo.

Mas afinal de contas, o que é a frustração? Tentei o dicionário e a que mais se encaixou com minha realidade foi realmente a definição da psicanálise. Todo impedimento que resulta no fato de eu não conseguir o que quero ou o que planejava, é tida como injusta, pois sempre dou o meu máximo quando tenho um objetivo. Todavia, por que isso acontece?

Talvez eu me cobre demais, queira a perfeição em demasia, que raramente é alcançada por qualquer um dos reles mortais. A sensação da impotência me paralisa também. Sempre se pode fazer mais, pelo menos é assim que eu penso. Se não conseguiu, deve ser por não ter tentado o suficiente. Porém há um momento em que temos que parar e assumir que não há mais nada a ser feito e, seguir em frente.

Por que, as vezes por mais que tentemos, não conseguimos o que planejávamos? Que força é essa, injusta, que faz a luta ser em vão? Já não dizia qualquer um desses escritores esotéricos/de auto-ajuda, que quando desejamos algo o universo conspira a nosso favor?

Talvez não seja uma afirmação de todo falsa. Acontece que outras pessoas almejam coisas também e o Universo não pode estar a favor apenas de um indivíduo (se o fosse, muito confortavelmente pensaríamos só em si próprios para tão cobiçada dádiva). Então, além de mim, muito provavelmente existem muitos outros chateados por não terem chegado em seus compromissos a tempo, assim como existe um outro tanto que chegou, a custo daqueles minutos a menos no banho ou aquela espiada básica que não deram no Facebook antes de sair de casa.

Ainda assim não consigo aceitar o fato de que não posso fazer mais nada a respeito. Luto até minhas forças se esvaírem (não estou eu, até hoje, tentando falar com meu ex?) e só quando caio, vencida, que paro. Mas não aceito. Somente paro e sofro por achar que podia ter dado um pouco mais de mim, tentado mais, me esforçado mais. E para não enfrentar eu fujo. É mais fácil, dói menos, existe muita dor já em mim para que eu queira me jogar de bom grado em mais uma, que seja ela parte do cotiano ou algo mais profundo.

O que nos faz recuar e perceber que temos que desviar o caminho, pois aquele que escolhemos anteriormente infelizmente está bloqueado e impossível de atravessar e não podemos fazer nada a respeito? Para realizar isso, temos que andar pra trás e isso sempre é, de alguma forma, sentido como negativo. 

Não esperava chegar a nenhuma conclusão com estes devaneios, só pensar. Pensar nas razões de eu não me dar por vencida, mesmo quando a batalha já está perdida. E ficar em pé, como um general louco, sangrando, enquanto minha tropa jaz no chão a tempos. Necessito saber guardar minha espada e enfrentar a derrota. só não sei como.




24 de abr. de 2013

Música Borderline: Evanescence - Bring me to Life



* Frustrada, chateada, sem muito a dizer, até porque a música diz tudo. Amy Lee, ainda dando voz aos corações desesperados.

Bem, se alguém notou, coloquei uma Like Box aí do lado, com uma Fan Page que a Tadlla criou pra mim e para ela, já que eu não entro no Facebook. Curtam e me contam como tá e se falta alguma coisa, por favor.

Falando nisso, motivo numero dois da frustração é o fato de que eu queria mudar meu template do blog. Não achei nenhum que gostasse (queria preto, mais a ver com meu humor e com 3 colunas) e quem me ajudava nestes casos de internet/web era... Meu ex. Agora eu não tenho ele e tenho que me contentar com este mesmo, duas colunas...

Ah. comecei a postar no Projeto Burlive, iniciativa legal de duas garotas que resolvi colaborar. Vale a pena a visita.
23 de abr. de 2013

TDAH



O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD.

O TDAH é comum?
Ele é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados. Ele ocorre em 3 a 5% das crianças, em várias regiões diferentes do mundo em que já foi pesquisado. Em mais da metade dos casos o transtorno acompanha o indivíduo na vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos.

Quais são os sintomas de TDAH?
O TDAH se caracteriza por uma combinação de dois tipos de sintomas:

1) Desatenção

2) Hiperatividade-impulsividade
O TDAH na infância em geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como "avoadas", "vivendo no mundo da lua" e geralmente "estabanadas" e com "bicho carpinteiro" ou “ligados por um motor” (isto é, não param quietas por muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites.

Em adultos, ocorrem problemas de desatenção para coisas do cotidiano e do trabalho, bem como com a memória (são muito esquecidos). São inquietos (parece que só relaxam dormindo), vivem mudando de uma coisa para outra e também são impulsivos ("colocam os carros na frente dos bois"). Eles têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e quanto isto afeta os demais à sua volta. São freqüentemente considerados “egoístas”. Eles têm uma grande freqüência de outros problemas associados, tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.

Quais são as causas do TDAH?
Já existem inúmeros estudos em todo o mundo - inclusive no Brasil - demonstrando que a prevalência do TDAH é semelhante em diferentes regiões, o que indica que o transtorno não é secundário a fatores culturais (as práticas de determinada sociedade, etc.), o modo como os pais educam os filhos ou resultado de conflitos psicológicos.

Estudos científicos mostram que portadores de TDAH têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento.

O que parece estar alterado nesta região cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam informação entre as células nervosas (neurônios).
Existem causas que foram investigadas para estas alterações nos neurotransmissores da região frontal e suas conexões.

* Mais um transtorno que corre na família - O TDAH. Meu irmão foi diagnosticado a mais ou menos um ano. Quando adolescente tinha vários problemas em se concentrar nos estudos e problemas de comportamento. Fazia coisas repetidamente, imagino que movido pela impulsividade, como pegar dinheiro de minha mãe e uso de esteróides ainda muito cedo (com 16 anos).

Foi morar com a namorada e ainda por muito tempo teve problemas em se fixar em empregos, sempre saindo depois de uns 3 meses. Isso acabou resultando um problema de depressão e uso de álcool. Meu pai acabou intervindo (lembrem-se que meu pai é alcóolatra) e levou-o ao AA. Depois disso ele melhorou, voltou a tomar seus remédios e hoje está num emprego que gosta e não dá sinais que vai deixá-lo.

Volto a bater na tecla da criação. Sem querer culpar ou apontar o dedo para ninguém, na minha família se desenvolveu um padrão em que meu irmão não era punido de uma forma efetiva pelas coisas que fazia. Minha mãe tinha medo, por exemplo, que ele fosse pegar dinheiro de outra pessoa de forma ilícita e geralmente não fazia nada, a não ser brigar na hora, quando ele pegava dinheiro dela, por exemplo. Depois acabou passando inteiramente a ele o dinheiro da pensão dada ao meu pai, o que acontece até hoje mesmo ele tendo emprego fixo e estando casado (morando junto) com outra pessoa. Dar este dinheiro a ele não solucionou seus problemas de se apropriar do dinheiro dela quando podia e só hoje em dia ele se refreou nisso. Meu pai diversas vezes também enviava dinheiro a ele, assim como tios e padrinho.

Graças aos Deuses ele está melhor hoje, com 24 anos, mais responsável e estável. Imagino que seja por conta da medicação. Sua mulher também ajudou muito, impondo limites mas sendo compreensiva ao mesmo tempo, o que lhe deu mais estabilidade e segurança.
21 de abr. de 2013

Eilan.



Avalon. Berço da sabedoria da Britannia, envolta em suas névoas de mistério e beleza. É neste lugar mágico que nasce Eilan, sobrinha da poderosa Ganeda, a Senhora do Lago detentora dos segredos e responsável pela condução da Profecia: uma sacerdotisa gerará o herdeiro da terra. Criada pelo pai até os dez anos de idade sob o nome de Helena, Eilan volta a Avalon para ser instruída nos ensinamentos seculares, e, durante o processo de descoberta de sua verdadeira identidade, recebe a dádiva, por meio de uma visão: será a mãe do Prometido. A tia, que tem outros planos, opõe-se a ela ferozmente. Invocando a Deusa, expulsa a sobrinha quando esta se apaixona por Constantius, oficial do exército romano.

Eles fogem e vivem um amor intenso, interrompido quando Constantius se torna imperador – a origem de Helena não seria bem aceita nos círculos do poder. Constantino, filho do casal, desenvolve aptidões para o exército e uma ambição desmedida. Mesmo distante dos antigos cultos e cerimônias nas quais foi instruída, Helena mantém sua ligação com a Deusa e seus talentos de sacerdotisa. Ela viverá de perto toda a conturbação política de seu tempo e o conflito de retomar ou não seu lugar junto à Ganeda e às demais sacerdotisas.

A sacerdotisa de Avalon é uma obra póstuma de Marion Zimmer Bradley, concluída por sua colaboradora, Diana L. Paxson. A partir dos mitos e lendas, as autoras desenvolveram uma saga que acrescenta os mistérios de Avalon à bela figura de Helena. E contam uma parte da história da formação de valores cristãos em substituição aos cultos pagãos na Europa do século III.

À mitológica Helena, figura reverenciada na Alemanha, em Israel e Roma e aclamada como santa nas igrejas que levam o seu nome, são atribuídas a descoberta de relíquias, a responsabilidade de levar as cabeças dos três Reis Magos para Colônia, o Manto que Jesus usava para Trier e a Verdadeira Cruz para Roma. Acredita-se que era uma princesa bretã que se casou com um imperador, que tenha vivido em York e em Londres, e estabelecido estradas no País de Gales.

Helena/Eilan é a testemunha com visão privilegiada do tempo de formação dos valores ocidentais irreversíveis. Valores que não admitem mistérios de vários deuses ou as brumas que acolhem as profecias advindas da luz.

A parte romana que o livro narra é real. É a história de Santa Helena. A que encontrou o Santo Sepulcro. É a história do Imperador Constantino, um dos alicerces da Igreja Católica, hoje.

(Fontes: aqui e aqui)

* Esta é a estória de Eilan, da onde vem meu pseudônimo.

Ia postar sobre outra coisa hoje, mas eu mudei de idéia ao ver um post no blog da H. onde, se eu entendi bem, ela reclama porque alguém deve ter falado algo porque ela postou uma música Gospel anteriormente. Fiquei deveras irritada. Não gosto de comentar sobre minha religião aqui, mas hoje vou falar. Sou pagã. Não, não sou atéia, que não acredita em nada, acredito num Deus e em uma Deusa e reverencio a natureza.

Mas o mais importante: sou adepta à diversidade religiosa. Acho que todos temos que nos respeitar, fazer o bem. Não importa se a pessoa é evangélica, católica, protestante, espírita, umbandista... Cada um, assim como muitas outras coisas na vida, tem direito a fazer suas escolhas. Seria muito sem graça se tivéssemos somente um caminho a seguir.

Quero deixar claro que adoro quando me falam nos comentários sobre Deus e Jesus. Acredito que ele foi um ser iluminado e com certeza as pessoas que me desejam as coisas que ele pregou estão me mandando amor.

Agora, por favor. Respeitemos as escolhas. Chega de Felicianos da vida que se acham superiores porque tem uma crença qualquer. É por isso que temos tantas guerras no mundo. Pois a paz, que é a coisa em comum na maioria dos dogmas de todas estas religiões do mundo, não é bem compreendida por nós, meros mortais.

"Todos os Deuses são um Deus, e todas as Deusas uma Deusa. E a cada homem sua verdade, e Deus com ela."

As Brumas de Avalon

...



Se me ponho a cismar em outras eras

Em que ri e cantei, em que era querida,

Parece-me que foi noutras esferas,

Parece-me que foi numa outra vida...




E a minha triste boca dolorida,

Que dantes tinha o rir das primaveras,

Esbate as linhas graves e severas

E cai num abandono de esquecida!




E fico, pensativa, olhando o vago...

Toma a brandura plácida dum lago

O meu rosto de monja de marfim...




E as lágrimas que choro, branca e calma,

Ninguém as vê brotar dentro da alma!

Ninguém as vê cair dentro de mim!




Florbela Espanca
20 de abr. de 2013

Personalidade X Transtorno




Hoje escutei uma coisa que me fez pensar: que eu estava deixando esta coisa toda de ser border me pegar. Me pus a devanear e ainda não cheguei a uma conclusão, mas penso que uma das principais lutas de quem tem um transtorno, seja ele qual for, é tentar descobrir aonde começa o indivíduo e termina o transtorno.

Sendo mais específica para o Borderline. Quem me acompanha viu meu desespero ao escutar de meu ex frases que levavam a crer que ser TPB me fazia difícil e que este era meu defeito. Fico pensando... Defeito? Como algo que, sem que eu sequer pedisse, está inerente a mim poderia ser chamado de defeito? Agora, se não é defeito, o que é? Será que a pessoa que avançava em um namorado quando irritada é a Nathalia ou a garota Borderline? Como saber com clareza dividir ou identificar nosso traços de personalidade que foram moldados com o decorrer do tempo e a impulsividade e reações características dos Borders?

O segundo problema é que o indivíduo com TPB precisa do outro para definir quem é. Como eu não sei o que vejo quando olho no espelho, espero que os outros coloquem as cores no que para mim é cinza. Então, se formos parar para analisar, ao escutar de alguém que sou X ou Y, vou acabar acreditando nela. Aí a confusão começa quando várias pessoas te definem cada uma de um modo. Afinal, sou uma boa pessoa ou uma louca ciumenta beirando a violência? Preguiçosa ou lutadora? Forte ou fraca?

Como consequência, acho sim que, desde que me descobri borderline acabei me vestindo um pouco disso. Basta ver o nome deste blog. Porque é uma definição, afinal, apesar dela não ajudar em nada, pois prega que nós não temos consciência de nossa própria identidade. Aí, como num looping infinito (sim, a expressão foi para você) se saber Border quer dizer que temos consciência simplesmente que não sabemos quem somos, portanto temos que aprender a colocar nossas próprias cores na imagem do espelho. Ou seja, talvez a consciência e a definição em si não valha de nada, pois ela por si diz que não temos uma definição própria.


Por exemplo, o fato de que me corto. Já havia feito isso antes, a muito tempo. Lembrei de novo quando estudava sobre o TPB. Sem que eu sequer me desse conta, já estava fazendo. Primeiro com faca, depois li não sei da onde sobre a gilete e pensei... Por que não? Será que se eu ler que alguém faz isso com um bisturi vou querer também? E isso quer dizer o que, que sou sem personalidade ou uma borderline? Mas o border exatamente não tem este problema em se definir? Então minha pergunta foi redundante?

Complicado? Eu sei. Esta é a pior parte. Por isso que me corto e me desespero quando escuto coisas como as que escutei esta semana. Porque é alguém que - na teoria - deve saber como me definir. Se esta definição for que eu sou simplesmente uma insana não confiável, que argumentos posso buscar dentro de mim para refutar esta afirmação, se eles estão perdidos em algum lugar junto com todas as outras definições que já ouvi de mim na vida? Irresponsável, leal, gorda, linda, louca, madura, criança, manipuladora, inteligente, amiga, falsa... Será que no final me descobrirei nada disso, que eram todas características que queriam que eu tivesse?

E este texto, da onde vieram estas idéias? Da Eilan ou da Naty?


...


- Em tempo: Decidi que farei os vídeos sobre minha trajetória com o TPB. Recebi um depoimento em que era citado que o meu blog havia sido indicado a uma Border por uma psicóloga. Primeiro pensamento: Oi? Pra saber o que? O que não fazer para melhorar?
Segundo pensamento: eu devo ter acertado em algum momento. Então vamos dar a cara pra bater um pouco mais.
Vou tirar a pesquisa já que ela teve muitos votos... Poxa, vocês podiam ter dado um cliquezinho lá né?
19 de abr. de 2013

TRANSTORNO DO COMER COMPULSIVO

O que é?

Anteriormente conhecido como binge, o transtorno do comer compulsivo vem sendo reconhecido, como uma síndrome caracterizada por episódios de ingestão exagerada e compulsiva de alimentos, porém, diferentemente da bulimia nervosa, essas pessoas não tentam evitar ganho de peso com os métodos compensatórios. Os episódios vêm acompanhados de uma sensação de falta de controle sobre o ato de comer, sentimentos de culpa e de vergonha.

Muitas pessoas com essa síndrome são obesas, apresentando uma história de variação de peso, pois a comida é usada para lidar com problemas psicológicos. O transtorno do comer compulsivo é encontrado em cerca de 2% da população em geral, mais freqüentemente acometendo mulheres entre 20 e 30 anos de idade. Pesquisas demonstram que 30% das pessoas que procuram tratamento para obesidade ou para perda de peso são portadoras de transtorno do comer compulsivo.

O que se sente? 

Episódios de ingestão exagerada de alimentos.
Comer mesmo sem ter fome.
Dietas freqüentes.
Flutuação do peso.
Humor deprimido.
Comer em segredo por sentimento de vergonha e culpa.
Obesidade.

As complicações médicas estão relacionadas diretamente com o aumento da ingesta calórica e suas repercussões. As principais são: 

Obesidade
Infarto
Pressão alta.
Aumento do colesterol.
Diabete.
Complicações cardíacas.
Problemas osteomusculares e articulares

Causas

As causas desse transtorno são desconhecidas. Em torno de 50% das pessoas têm uma história de depressão. Se a depressão é causa ou efeito do transtorno, ainda não está bem claro. Muitas pessoas relatam que a raiva, a tristeza, o tédio, a ansiedade e outros sentimentos negativos podem desencadear os episódios de comilança. Embora não esteja claro o papel das dietas nesses quadros, sabe-se que, em muitos casos, os regimes excessivamente restritivos podem piorar o transtorno.

Como se trata?

O transtorno do comer compulsivo desenvolve-se a partir da interação de diversos fatores predisponentes biológicos, familiares, socioculturais e individuais. O seu tratamento exige uma abordagem multidisciplinar que inclui um psiquiatra, um endocrinologista, uma nutricionista e um psicólogo. O objetivo do tratamento é o controle dos episódios de comer compulsivo através de técnicas cognitivo-comportamentais e de um acompanhamento nutricional para restabelecer um hábito alimentar mais saudável. A psicoterapia dinâmica ou a interpessoal podem ajudar o paciente a lidar com questões emocionais subjacentes. O acompanhamento clínico faz-se necessário pelos riscos clínicos da obesidade. As medicações antidepressivas têm se mostrado eficazes para diminuir os episódios de compulsão alimentar e os sintomas depressivos.




* Veja bem, não tenho esse transtorno não. É que eu comi tanto hoje que acabei me deixando levar pela gula a noite, exagerando e, agora, tô numa situação de passar mal. Na verdade nem comi tanto assim, mas é que tô desacostumada... Me acabei tanto de sushi que acabei vomitando algas quando cheguei em casa  que estou enjoada.
Estou tentando estar mais leve hoje porque quando li os comentários de vocês no meu post de ontem... Acho que foi a Milena que falou que se sentia meio impotente e não deixa de ser verdade. Como a gente acaba se apegando aqui na blogosfera, eu imagino que também ia ficar me sentindo de mãos atadas se lesse um blog como o meu.

"Não bebe!" - e eu bebo
"Tome os remédios!" - e eu a dois dias sem.
"Não se corte!" - e eu praticamente BFF da lâmina.

Desculpem. Eu sei que é frustrante. Eu desabafo aqui, peço para vocês lerem e acabo fazendo vocês de testemunhas de meu ciclo sem fim. Cheguei a pensar em acabar com o blog, mas sem isso aqui, bem, aí esqueçam de Eilan na existência.

Eu tento. Mas tá difícil. Principalmente depois do episódio do e-mail.
A gente faz assim: eu passo o e-mail dele pra que vocês me defendam virtualmente, que tal?
Mandar um recado assim: "E a mãe, vai bem?"
Brincadeira. Tô com salmão demais na cabeça.

Enfim. A gente coloca aquele sorriso fake no rosto e chora no banheiro.

17 de abr. de 2013

Garota Borderline. E só.

 
 
Estou mal. Estou muito mal. Ontem meu ex me mandou um e-mail de resposta a um que eu havia mandado a ele e foi horrível. Ele praticamente me reduziu a simplesmente uma Border. Disse que eu havia sido diagnosticada muito tarde e que ele tinha medo de mim. Que tinha dado as coisas dele que haviam ficado em minha casa como perdidas porque tinha medo de chegar lá e eu não deixar ele sair. Disse que meu transtorno poderia ser um problema de convívio com outras pessoas, que pelo menos era para ele.

Insinuou que quando ele estiver com outra garota como seria explicar uma mensagem minha pra ele (ele que sempre encheu a boca pra dizer que ficava amigo das ex dele), que não queria contato nenhum comigo. Como se tudo que sou fosse reduzido aos momentos borderline. A pessoa que o ajudou, que esteve do seu lado sempre que ele precisou, aquela que o amou, que arranjou empregos, que segurou a barra... Não existe. Ela é só uma garota borderline, uma louca que não é merecedora sequer de uma palavra dele.
 
Me desesperei a um ponto que nunca mais havia acontecido desde a minha última crise. Me cortei horrores, escrevi com a gilete na minha perna I LOVE U (quem teve o desprazer de ver o post que coloquei completamente bêbada ontem e já apaguei, deve ter visto...), bebi mais de meia garrafa de vodka, não tomei os remédios, não fui à terapia, não fiz nada. Choro por nada agora. Meu pai está aqui e tenho que colocar um sorriso falso no rosto para que ele não se preocupe.

Pra que tudo isso se no final resta a garota borderline, se toda e qualquer qualidade que tenho é nublada pela minha inconstância, como ele mesmo disse, "beirando a violência"? Nunca me senti tão pequena na minha vida. Nunca me senti tão desmerecedora de qualquer coisa, como se tudo que eu tocasse eu machucasse, eu destruísse... Não sei se tenho forças de me aproximar de ninguém depois de tudo isso. Mesmo que ele depois, nas trocas de email posteriores, tenha suavizado o que disse, o que vale tava lá... Eu sou a dramática, a manipuladora, a que faz joguinhos, a louca...

Será que essa louca vale a pena? Acho que não. Pelo visto não. Se um cara que passou 5 anos comigo só vê o borderline em mim, deve ser porque eu não tenho muita coisa além disso.
15 de abr. de 2013

Transtorno de Personalidade Borderline e o Suicídio.

 
 
Quando você conta a alguém sobre sua vontade de terminar com tudo, muitas pessoas perguntam: "Como você pode...?". Nestas horas eu imagino que você pensa pra si mesmo: "Por que eu não deveria?"

O Transtorno de Personalidade Borderline é uma condição solitária e isoladora, junto com um vazio crônico e frequentemente traumas não resolvidos. A vida para alguém com TPB é cheia de caos e impulsividade, é difícil saber onde começar com a pouca motivação e esperança que você ainda tem. Se alguém realmente entendesse como é passar por longos dias e noites solitárias, ela faria uma pausa antes de perguntar: "Como você pode querer fazer isso consigo mesmo?"

Pode ser que você tenha começado a se machucar num esforço de mostrar as pessoas a sua volta o que não consegue falar. Você não faz idéia do que ele possam fazer, mas você também não faz idéia de como se ajudar. Você fica frustrado consigo mesmo e com as pessoas que deveriam estar tomando conta de você. Então vai a seu psicólogo que sabe muito pouco sobre sua condição e ele te indica a um psiquiatra. O círculo começa - você pensa para si mesmo. Quando vai ao psiquiatra, as coisas já estão bem ruins, você espera por um conserto rápido, algumas respostas. Principalmente, espera que eles te dêem algum otimismo que tudo não será assim sempre.

Você explica ao psiquiatra como está se sentindo tão pra baixo, tão desesperado, frustrado consigo mesmo e com outros a sua volta por não serem capazes de ajudar. Você tenta se ocupar durante o dia, ou dorme ele todo, mas aí chega a noite. Esse é o desafio real. cada minuto que passa parecem horas. Tudo está fechado: as lojas, a biblioteca e até mesmo serviços do consumidor que você liga só para ter alguém pra falar e passar por outro momento. Você continua dizendo que tomou alguns remédios na noite passada, que sabe que tomou mais do que deveria mas é que tudo que queria é que tudo parasse por um momento. Você sabe que podia ter morrido, mas isso teria sido ok. De uma forma estranha isso oferece a esperança que você procura desesperadamente, a possibilidade de se libertar do sofrimento.

Você pode ter tido sorte e achou um psiquiatra que realmente te escutava e queria te ajudar de verdade, até mesmo prescrevendo algo pra te ajudar a dormir ou a seu humor em baixa. O que quer que eles façam, não será o suficiente. Uma vez mais você queria algo que fizesse tudo passar agora, um conserto rápido. Além de tudo que você está sentindo, agora está preocupado que o psiquiatra pense que você é mal-agradecido e uma perda de tempo. O pior é que você provavelmente está certo. Eles são treinados por muitos anos para ajudar pessoas e geralmente a medicação que eles receitam funtiona, porém eles sabem que você voltará de tempos em tempos pois os remédios não resolverão seu problema por completo.

Todos a sua volta se distanciam como se dividissem o mesmo desespero e não soubessem como te ajudar. As vezes você tenta o seu melhor para aliviar a pressão e não falar dos seus problemas com eles, pode ser que os elogie mais, compre presentes ou os leve para sair, você fará tudo isso para ter eles de volta a seu lado e te apoiando como antes. Isso funciona bem por um tempo, mas então as pessoas começam a te rotualr de manipuladora ou de sedenta por atenção.

Agora quando você tenta contatar as pessoas que um dia foram sua rede de apoio, telefones estão desligados, pessoas estão ocupadas, em reuniões ou fora.. Quando eventualmente você consegue falar com elas, sugerem, quando confrontadas, que você está sendo paranóico e mostrando sinais de raiva intensa e inapropriada. Isso pode ser uma possibilidade, mas a outra é que suas preucupações são bem fundamentadas.

Então agora você leu isso e pensa: Ai! E agora?

Eu sugeriria que você conseguisse um bom terapeuta mas, antes disso, resolva exatamente com o que você tem problemas. Pode ser que queira ajuda por beber muito, relacionamentos pessoais ou ganhar o senso de quem é, mas vai ajudar muito seu trabalho com o terapeuta se você for capaz de identificar o que você deseja resolver.

Nesse meio tempo, eu selecionei algumas técnicas que podem te ajudar a viver os dias...

- A idéia por trás desta técnica é que você espere alguns segundos toda vez que sentir vontade de se auto-mutilar antes de fazê-lo. A cada vez subsequente você aumenta o tempo. Quando você conseguir chegar a 30 segundos vai descobrir que a probabilidade de você ainda querer a auto-mutilação será reduzida. Esta é uma grande técnica também para quem sofre de bulimia.

- Tente e pense em uma época e um lugar onde você se sentia completamente seguro. Imagine-a dentro de sua mente, imagine exatamente sua experiência de se sentir neste momento... O que você pode cheirar? O que pode ver?

- Respire profundamente, segure por 5 segundos e então lentamente expire. Faça isso repetidamente por um período de 10 minutos. Depois deste tempo você deverá se sentir significantemente mais calma. Também ajuda fazer este exercício com os olhos fechados.
* A taxa de mortalidade por suicídio em pacientes com o TPB é de 10%, cinquenta vezes maior do que a da população geral.
 
(Fonte: tradução livre de texto no BPD World e dados retirados dessa fonte

Desejos e selos.

Não foi um bom fim de semana. Só para vocês terem uma idéia comprei uma lâmina de barbear e estou com pelo menos uns 7 cortes a mais. Então os deixo com um pequeno texto que fiz a muito tempo, quando eu era outra pessoa, quando as coisas eram diferentes, a mais ou menos uma vida atrás...

Se eu pudesse ter um desejo realizado, o que eu pediria? Fiquei pensando sobre isso, sobre uma coisa, uma chance que pudesse em si englobar a essência de tudo que quero. Não encontrei. Acho que porque o ser humano é um pra sempre descontente, almeja sempre mais, nunca satisfeito, e digo, o que estão satisfeitos, 100%, talvez não tem aprofundidade pra perceber que a vida É sempre mais, tem que ser.

Segundo porque nenhuma escolha é indolor. Ao me vir qualquer desejo à cabeça, sempre é acompanhada o preço do mesmo. Uma viagem me faz longe de muitos que amo, uma permanência me faz louca de saudade, um retorno me faz frustrada, enfim...

Poderia pedir então pra ser feliz, entenda, completamente feliz, sem problemas... Mas existe possibilidade disso? E para ser assim, pararia eu de questionar o mundo e a mim mesma?

Não... prefiro ser este ser insensato e louco, vagando, buscando, e que sequer tem a resposta para uma pergunta tão simples.

Um desejo? Continuar almejando, buscando a plenitude, mesmo sabendo que a plenitude é inatingível.

Não quero um fim do caminho. Pois pra mim, a felicidade é o caminho.


E você? O que pediria se pudesse ter um desejo realizado?
 
 
 
 
Ah, então hoje eu ganhei um selo e fiquei contente. eu sempre via os selos em outros blogs e pensava que queria um pra mim. Eu sei, meio adolescente, mas o que fazer?
Quem me mandou foi a fofíssima da Nancie Flor. Obrigada baby, seu mimo foi a melhor coisa do meu dia de hoje!
 
Aí tem as tarefinhas:

1. Colocar o link do blog que te indicou.
OK, Flor já está linkada.

2. Indicar 15 blogs para participar.
Então, a Flor já citou um monte de gente que eu indicaria... vou ter de repetir alguns.

1. Blog Espelhando Espalhando Amigos
14. A Bipolar
 
3. Escrever sete coisas que eu mais gosto.
Bem, vou escrever as do momento, ok?
- Meus gatos.
- Meu pai e minha mãe
- Ajudar os gatos na rua.
- Meu blog
- Dormir
- Beber
- Fumar
 
 
 
 
13 de abr. de 2013

Música Borderline: Eleanor Rigby - The Beatles




ELEANOR RIGBY

tradução

Ah, olha para todas as pessoas solitárias!
Ah, olhe para todas as pessoas solitárias!

Eleanor Rigby, apanha o arroz na igreja
Onde um casamento aconteceu
Vive em um sonho
Espera na janela
Vestindo um rosto que ela guarda num jarro perto da porta
Para quem é?

Todas as pessoas solitárias
De onde todas elas vêm?
Todas as pessoas solitárias
A que lugar todas elas pertencem?

Padre McKenzie, escrevendo as palavras de um sermão
Que ninguém vai ouvir
Ninguém chega perto
Olhe para ele trabalhando, remendando sua meias à noite
Quando não há ninguém lá
O que é importante para ele?

Todas as pessoas solitárias
De onde todas elas vêm?
Todas as pessoas solitárias
A que lugar todas elas pertencem?

Ah, olhe para todas as pessoas solitárias!
Ah, olhe para todas as pessoas solitárias!

Eleanor Rigby morreu na igreja
E foi enterrada junto com seu nome
Ninguém veio
Padre McKenzie limpando a sujeira de suas mãos
Enquanto caminha do sepulcro
Ninguém foi salvo

Todas as pessoas solitárias
De onde todas elas vêm?
Todas as pessoas solitárias
A que lugar todas elas pertencem?


12 de abr. de 2013

Não me deixe! Transtorno de Personalidade Borderline e o abandono. (parte 2)

 
 
Como eu disse no post anterior, eu tenho muito a falar sobre este tema de abandono. quando eu li que este era um dos sintomas do transtorno, muita coisa fez sentido pra mim, pois estar sozinha foi sempre meu maior medo.

Fiz coisas que na época eu não entendia, ou não pensava muito no assunto, achando que era minha reação, ou as vezes me culpando por minhas atitudes, por não ter a força necessária para lutar contra aquilo.
 
Eu tive mais problemas com isso durante meu primeiro relacionamento e este último. quando me mudei para Curitiba para ficar com meu ex-noivo, aguentei toda sorte de coisas para não deixá-lo. Ele, por exemplo, estava envolvido com outra menina que ele conheceu na internet e eu sabia. Toda noite, depois que eu me deitava no quarto dele, ele ia para o computador para falar com ela, e eu escutava tudo. Quando brigávamos, eu perdia totalmente o controle. Partia pra cima dele, esmurrava, batia e dizia que ia me jogar pela janela, enquanto ele me segurava. Eu digo que se ele não me segurasse eu me jogaria mesmo, na adrenalina da discussão. Depois comecei a fazer chantagem, após minha tentativa de suicídio, dizendo que se ele terminasse comigo eu me mataria. Isso segurou ele por um tempo, mas para mim era a morte, pois eu me sentia pior sabendo que ele estava comigo porque eu havia dito que ia me suicidar. Pouco tempo depois retirei a chantagem e continuamos juntos mesmo assim, mas terminaríamos pouco tempo depois, também porque ele havia arranjado outra pessoa. Lembro-me que ele estava trabalhando em Campinas e quando me disse ao telefone que iríamos terminar, peguei um ônibus no outro dia e fui bater no hotel dele. Tivemos uma discussão grande dentro do seu carro, e foi a primeira vez que ele devolveu os tapas que eu lhe dava (não, não o culpo, ele nem bateu forte e eu merecia depois de tantos que eu havia dado nele.). A coisa ficou tão evidente que um carro de polícia nos parou perguntando se havia algo errado. Acabou que não importou o quanto eu chantageasse, lutasse, me humilhasse... Ele terminou comigo.
 
Com meu ex a situação não era muito diferente, era até pior. Tenho que explicar que desde o início nosso relacionamento foi conturbado, estávamos ficando por 10 meses antes dele finalmente oficializar o namoro, e como mesmo assim vivíamos juntos todos os dias, isso bagunçava com minha cabeça e me deixava insegura. todos os dias eu pensava que ele podia encontrar uma garota melhor que eu e me largar. Mesmo quando oficializamos eu ainda tiinha isso na cabeça. Ao contrário do meu ex-noivo, meu ex-namorado não tinha a menor paciência, tato e consideração. Durante a maioria das brigas ele me dizia coisas horríveis, que não me aguentava, que estava melhor solteiro, que eu era uma "crazy bitch" e eu, o que fazia? Me descontrolava, ao invés de ir embora. Empurrava ele, quebrava coisas, tinha crises de choro que muitas vezes terminavam em desmaios. Ele também tinha o péssimo hábito de querer ir embora durante qualquer discussão, ou se eu estava na casa dele, ele me expulsava de lá. Quando isso acontecia, para mim era a morte. Na minha cabeça, ele não voltaria mais, me ligaria no outro dia dizendo que tudo estava acabado. Então eu me ajoelhava, segurava a chave o meu apartamento, a mochila dele, tomava o celular de sua mão enquanto ele chamava o taxi, ia atrás quando o táxi chegava e me jogava dentro dizendo que iria com ele, isso entre escândalos em que os porteiros eram as testemunhas, ou qualquer outro que estivesse passando.

Como ele era muito grosso durante as brigas, não passava pela minha cabeça que ele voltaria. Para mim, alguém que falava as coisas que ele me falava não podia nutrir sentimentos por mim. Quando ele ia embora durante as brigas eu ligava milhões de vezes, mandava mensagens dizendo que ele não me amava, isso sem contar que eu ficava tão mal que no outro dia muitas vezes não iria trabalhar.
Todos me perguntavam do porquê de eu estar com ele, devido a todas as brigas e muitas vezes grosserias comigo na frente de outras pessoas. eu respondia: "não tenho forças de deixá-lo". Hoje eu entendo que eu sabia já o que se passava, sabia que eu não era forte, mas eu achava que eu era simplesmente fraca.

Hoje, olhando pra trás, penso em como tudo teria sido diferente se eu tivesse entrado na terapia mais cedo, ou se tivesse começado a me tratar mais cedo. Pois o estopim de minha crise foi exatamente quando terminamos, em nossa derradeira discussão, os dois bêbados, eu saí da casa dele, entrei no mar de roupa e tudo desesperada, depois voltei e ele me expulsou aos gritos na frente de toda sua família. O motivo da discussão? Facebook. Uma coisa banal que explodiu em mágoa e raiva.
 
Quero deixar claro que não era de todo ruim, ele tinha suas fases boas, e é nisso que eu me agarro hoje em dia quando sofro de saudade. eu sei que deveria entender que no fundo estou melhor sem ele, que é uma pessoa que muitas vezes me desrespeitava, esmagava minha auto-estima e me deixava mal. Mas não consigo. Tudo que me lembro são os bons momentos e, como disse a minha psicóloga, "ruim com ele, pior sem". Não vou mentir que se hoje ele me ligasse e me quisesse de volta eu iria, sem pestanejar. Não sei explicar porque, só que me sinto muito sozinha e tenho pavor disso. é como o mundo funciona pra mim, estar sem ninguém dói demais, ainda mais com meus amigos também afastados.
 
Eu sei que ele não vai me ligar. Na verdade ele deve estar muito feliz sem mim, como algumas vezes fez questão de deixar claro, apesar de tudo que fiz por ele. Enquanto me apego nas coisas boas ele se apega nas ruins pra me categorizar como louca. Então me pego pensando se algum dia conseguirei alguém que me ame do jeito que sou. Não me orgulho das coisas ruins que fiz e se pudesse faria diferente. Mas não posso. Eram as cores do meu mundo e, sem elas, ficou tudo cinza. Não sei se tenho esperança em encontrar uma pessoa em que possa confiar. Ou uma pessoa que me queira de verdade. Tudo que eu acreditava que era fraqueza é simplesmente meu cérebro funcionando neste ritmo, então não deveria me culpar. Porém me culpo. E sei que é muito difícil encontrar alguém que não o faça.
PS: Receita de hoje: A stiff drink and a sharp blade.

Não me deixe! Transtorno de Personalidade Borderline e o abandono. (parte 1)



No ano 2000, eu passei pelo que as pessoas com TPB tem pavor: um abandono quase total. Um resumo da estória: minha igreja acreditava que meu problema mental era uma possessão demoníaca, e eu saí dela. Como resultado, quase todos os meus "velhos amigos" da igreja deixaram de falar comigo.
A memória é tão dolorosa que eu não sei direito como sobrevivi. Ainda assim eu o fiz e você pode sobreviver a um abandono real ou imaginário também.

A relação valia a pena?

Nos casos onde você se sente abandonado, esta deveria ser a primeira pergunta que devias fazer. O relacionamento valia a pena o sofrimento que você passou ou está passando? Era um relacionamento saudável? Você está melhor sem ele? Se a resposta for não, por que você está vivendo esta tristeza?

Isso não é para rebaixar a dor de perder um relacionamento. Mesmo em casos em que você está claramente melhor sem ele, ainda dói. Por exemplo, eu estava chateada quando terminei meu noivado com um homem abusive e promíscuo. Porém eu olhei para o relacionamento e percebi que eu estava melhor sem ele. eu realmente queria ser baleada com uma pistola de chumbinho quando ele se sentia meio sádico? Eu realmente queria ser traída com duas mulheres diferentes na mesma semana? A resposta era um enfático "não", e este insight me permitiu sobreviver o que eu sentia ser um abandono real.

O que estou perdendo e a que custo?

Esta também deve ser uma pergunta importante. O que no relaciomento que você está sentindo falta e está te deixando mal? Qual o preço dessa necessidade?

Na minha experiência com a igreja, eu sentia falta do senso de pertencer a algo. Eu estava com saudades de ser amada. Mas o preço era comprometer quem eu era. Eu tinha que negar o fato de que eu tinha uma doença, o que significava que eu não poderia ter um tratamento. Contando com o fato que eu estava frequentemente com pensamentos suicidas, psicótica ou ambos sem minha medicação, esta não era uma situação saudável. O custo de um relacionamento abusivo era simplesmente alto demais.

Você pode estar na mesma situação. Você pode sentir que tem que comprometer suas crenças mais profundas a fim de ser aceita. É importante lembrar que se você não é aceita como é, não é aceita de verdade.Se não podes ser você mesma, não és amada verdadeiramente. Esse preço vale a pena? Vale a pena sacrificar sua identidade por pessoas que querem que sejas diferente?

Posso encontrar esta minha necessidade em outro lugar?

Responder esta pergunta requere muita saúde mental e uma auto-imagem positiva, então tenha cuidado se você decide perguntar isso. A letra da música “Lookin’ for love in all the wrong places”  (música de Johnny Lee - traduzindo: Procurando o amor em todos os lugares errados) existe por uma razão.

No começo, eu encontrei este senso de aceitação no álcool. Ele deixava minha dor dormente e fazia ser mais fácil falar com as pessoas - ou eu pensava que era assim. Meus amigos de bar eram minha rede de apoio. Porém, eu percebi logo que beber piorava meus problemas. além de ter uma doença mental e sentir como que ninguém se importava, estava ficando alcoólatra. Estava me auto-medicando e isso fez meus sintomas psiquiátricos ficarem piores. Não sabia mais o que era o álcool e o que era a doença.

Eu eventualmente resolvi minha necessida de amor em outra igreja. Eles me aceitaram não importando meus problemas - apesar do alcoolisomo e do transtorno. Me encorajaram a procurar ajuda e me seguraram infinitas vezes por minhas ações. Ninguém ajuda ninguém tantas vezes se não se importar.
Embora você pode não querer encontrar o que procura com religião, há um grupo em algum lugar que vai te amar pelo que você é. Só tens que continuar procurando.

(tradução livre do artigo: Don’t Leave Me! BPD and Abandonment)

NOTA: A maioria dos textos informativos que coloco aqui são do blog sobre TPB no site Healthy Place - America's Mental Health Channel. Quem escreve este blog é Becky Oberg, uma border com tratamento. Escolhi-os porque acho a linguagem mais acessível e com exemplos reais, ao invés de muita linguagem científica, apesar de poder usá-la eventualmente. Aos que falam inglês e querem ler o texto na íntegra, basta acessar o link. Me esforço para que minha traduções sejam fidedignas.

Resolvi dividir este assunto em duas partes pois tenho MUITO  a falar sobre isso. Este medo de abandono, tão característico aos borders, foi a primeira coisa que me fez ter absoluta certeza de meu diagnóstico, além do fato de que minha crise se deu pelo término de meu namoro de 5 anos.
Então deixei para falar sobre minhas experiências num próximo post, pois ainda não respondi e consegui seguir nenhum destes conselhos citados no texto e, além disso, tenho que me preparar, já que este é um assunto deveras doloroso pra mim.