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29 de jun. de 2013

As Formas mais comuns de Automutilação + #ProjetoEuMeAmo

As 10 Formas mais comuns de Automutilação:

Há muitas maneiras que podemos nos machucar, geralmente quando alguém fala 'Automutilação' está se referindo ao corte, mas este é apenas um dos muitos métodos.
Neste texto vou explicar sobre este e alguns outros métodos comuns dos quais eu tive/tenho alguma experiência pessoal e eu vou dar uma breve descrição das minhas próprias experiências para ajudar a entender.

Comportamento autodestrutivo é um dos principais critérios para o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline, mas também pode ser uma condição em sua própria personalidade, ou relacionado a outros problemas. Não é generalizado o fato de quem se machuca tenha o TPB.
O ato pode ser viciante e alguns automutiladores (ou que tem vontade de experimentar) “pede” para agir dessa maneira através do *gatilho* pensando na Automutilação.
Não se trata de pessoas em busca de atenção, mas outras pessoas ou causas podem desencadear um indivíduo automutilador, a ação real é inteiramente sobre si próprio.

Curiosidades:

Não é de hoje que existe a automutilação/autoflagelação, a muitas décadas os Muçulmanos Xiitas usam facas e correntes se punindo para "lembrar" a morte do Imã Hussein, neto de Maomé (o profeta sagrado deles). (Não ria Eilan! Sei do que você lembrou! ¬¬)


E não são só os "habibis" que praticam este ato. Entre os religiosos católicos, a prática da autoflagelação era considerada um ato de purificação após ser cometido um (ou vários) pecados, principalmente durante a Idade Média. Atualmente, o Vaticano condena esta prática. Porém, este ato ainda divide opiniões entre clérigos e leigos. A autoflagelação pública ainda é comum entre os Cristãos Católicos durante a celebração da Semana Santa nas Filipinas.



Bem mas vamos ao que interessa!



1. Corte:
O corte (cut) é o que as pessoas tradicionalmente pensam quando alguém diz "Automutilação”. O corte é feito muitas vezes como uma forma de ‘autopunição’ ou como uma ‘libertação’, na maioria dos casos não se trata de uma busca de atenção, como muitas vezes as pessoas assumem.

O Corte pode ser superficial, ou grave, dependendo do nível de necessidade do cortador - pessoalmente, eu só preciso ver o sangue de um corte e estou satisfeita, não preciso que seja profunda e eu nunca precisei de pontos ou tratamento hospitalar para os meus cortes, mas muitas vezes um único corte não é suficiente, eu preciso cortar várias vezes. - Também o corte não é necessariamente uma tentativa de suicídio, na maioria das vezes, os cortes no antebraço, coxas ou outros lugares onde podem ser escondidos são mais comuns do que os cortes de pulso perigosos.

O dano do corte é geralmente mais imediato do que em outras formas de Automutilação, quase nunca deixando danos duradouros além de cicatrizes.



2. Ferimento:
Outras formas de lesão física são muito comuns na automutilação, isso inclui a autoperfuração, bater a cabeça, se queimar, cortar ou arrancar os cabelos/pelos e muitas outras coisas, a partir de comportamentos prejudiciais suaves como beliscar a pele, até coisas mais arriscadas como pular de um lugar alto por exemplo.

Às vezes, esse tipo métodos de automutilação pode resultar em lesões mais graves do que o corte, ossos quebrados, sendo um resultado possível e lutas corporais provocando com os outros.

Dar socos na parede geralmente é a expressão mais externa de raiva que tenho, pois é quando tento evitar direcionar este soco em outros ou provocar brigas. Sentada batendo a cabeça contra parede geralmente para mim está relacionado à frustração e dor interior. Eu não quebrei nenhum osso (felizmente), mas tiveram alguns cortes e hematomas desagradáveis. Queimar a ponta dos dedos, fazer furos com agulhas no meu corpo, cortar-me, colocar a mão no vão da porta e bate-la com força... Eu tive diversos tipos de automutilação em diferentes fases da minha vida, uns ocorreram mais na infância, outros mais na adolescência e alguns ainda ocorrem hoje, no começo da minha vida adulta.

Cortes e queimaduras têm uma maior chance de cicatrizes e para refrescar a sensação de "libertação", basta coçar ou cutucar para que eles sangrem novamente.



3. Alimentos:
A compulsão alimentar, a fome deliberada, vômitos (purgatórios ou laxativos) ou apenas não querendo/precisando comer muito, resultado de se sentir triste ou deprimido. Os alimentos podem ser usados ​​para automutilação e/ou regular as emoções.

Empanturramento e compulsão alimentar podem aliviar a sensação de vazio, enquanto purga pode ser uma libertação de algo ruim que está dentro de si. Métodos mais graves e mais raros envolvem coisas como a ingestão de produtos não alimentares ou produtos químicos.

Para mim, o desejo de comer está totalmente relacionado a ansiedade, tristeza e sensação de vazio. Sofri este tipo de autoflagelação a vida toda, sempre recorri a comida como um estabilizador de humor, e sempre me puni depois disso. Eu mesma gero minha dor.

Os transtornos alimentares são condições co-mórbidas comuns em pessoas com TPB, como já foi esclarecido aqui no blog (Leia Aqui). É um alívio imediato óbvio, de se sentir completo, ou vazio, o uso de alimentos como um método de automutilação é uma forma de criar danos permanentes, como anorexia, obesidade e muitas queixas médicas podem estar relacionadas com essas condições.


(Sim, é a Amy)

4. Álcool:
Mesmo pessoas sem problemas de saúde mental têm uma tendência a usar álcool para ajudá-los a lidar com os sentimentos e emoções que são difíceis de lidar sobriamente.

É certamente um método de autoflagelação, dando uma segunda olhada para tantas pessoas que bebem em excesso para se divertir, apenas um copo de “coragem holandesa”. Hahahaha. Mas o fato é que o excesso de bebida pode levar a danos imediatos como desmaios e perda de memória, ou resultar em danos de longo prazo afetando úlceras ou insuficiência hepática.

Eu não tenho um grande problema com o álcool no meu dia-a-dia, posso passar semanas, meses sem tocar em uma gota, mas quando estou no quadro 'errado' de mente vou logo descontar na bebida, bebo como um Cowboy. Já tive que (em certo carnaval da vida) ser reanimada em plena praia, muitas vezes misturo álcool com uma overdose de drogas não necessariamente como um gesto suicida, mas, ao menos como uma tentativa de um extravasar certos sentimentos e emoções.



5. Drogas:
As drogas legais, drogas ilegais, medicamentos prescritos, medicamentos “sem receita” ou outras substâncias de aerossol ou gás, a cola. Tudo, absolutamente tudo!

Drogas modificam ou geram uma série de sentimentos e emoções que podem ser muito grandes, não é segredo para ninguém que dá prazer, minimiza dores (internas e externas) e podem viciar.

Eu já usei praticamente todos os tipos de drogas durante minha vida, também já misturei substâncias. Na minha adolescência eu cheirei cocaína e cola, tomei chá de cogumelo antes de passar para a maconha. De lá fui para drogas de festa, lança perfume, LSD, êxtase... Eu nunca me viciei realmente (organismo talvez), mas a sensação é única, não há nada para comparar o que você sente na hora, o problema é o depois, depois eu me sentia muito pior do que antes de começar a usar, drogada eu era uma deusa depois do efeito eu me tornava um zumbi. Parei pouco antes de engravidar, embora depois de ganhar eu fumei e cheirei novamente algumas vezes, me sinto envergonhada agora, talvez por ser mãe.

E é claro que os riscos de curto e longo prazo de todas as formas de abuso de substâncias são elevados, levando doenças graves, dependência e até danos cerebrais e a morte.



6. Sexo:
Estranhamente este tema é, provavelmente, o mais ‘tabu’ quando se trata de automutilação. Mas o sexo é SIM uma ferramenta para o mal, tanto quanto qualquer outro citado aqui. A questão é que o comportamento impulsivo associado a pessoas com TPB e outras doenças mentais tende a uma elevação uma muito grande (ou inexistente) do desejo sexual, mas isso não é preenchido facilmente em um relacionamento monogâmico. Muitas vezes precisamos do fator “promiscuidade” que se refere a fazer o ato sexual de uma maneira arriscada. E é ai que está o problema.

Muitas pessoas que tem TPB sofreram abuso sexual e como resultado tem distorcidas suas conexões com o sexo. Não necessariamente falando de quem não passou por isso pode também ter associações turvas sobre o assunto.

Para mim, usava o sexo (e uso ainda) como forma de receber o carinho abraços e beijos que não tive na infância. Submeto-me a ficar com um cara mesmo sem ser respeitada somente pela troca de toques, e não necessariamente pelo prazer. Quando impulsiva eu já trai meu namorado, tive relações em lugares públicos, dormi com vários caras na mesma noite, mas o pior de tudo, devido à minha imprudência e impulsividade o uso de camisinha raramente era considerado.

Assim, a promiscuidade sexual como uma forma automutilação traz riscos de gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis. Tenho a sorte de graças a Deus nunca peguei nenhuma doença, mas outros não tiveram tanta sorte ... Mais uma vez, os riscos de curto prazo com relacionamentos prejudiciais e doenças sexualmente transmissíveis através de riscos a longo prazo de risco de vida, doenças sexualmente transmissíveis, infertilidade e gravidez são os ricos.



7. Gastos:
Outro comportamento imprudente. Muitas pessoas sem doenças mentais têm problemas com gastos excessivos, mas porque tantas pessoas têm enormes quantidades de dívidas?

Para mim, quando eu estou pra baixo eu compro roupas e bugigangas em excesso, não tenho tempo para ler, assistir, ouvir ou usar todas as coisas que eu compro porque eu compro muito. Tenho tido muita sorte, de nunca ter entrado em uma dívida grande, pois nunca tive cartão de crédito talvez. Mais uma vez um monte de pessoas lutam contra isso.

O gasto excessivo pode levar a problemas financeiros de curto e longo prazo, tais como jogos de azar, agiotas ou perder bens como casa, carro, etc.



8. Adaptação Corporal:
Incluem coisas simples como vários piercings e tatuagens ou as adaptações do corpo mais drásticas. Body Modification pode ser arte, para mim apenas outra forma de punição ou libertação.

Tenho quatro piercings no corpo, atualmente só uso o da língua. Eu sempre quis fazer tatuagens, e ainda quero. O que sempre me segurou foi o medo de não gostar ou pensar como eu ficaria quando velha.

Os riscos de tatuagens e piercings podem não parecer tão altos em comparação a outros métodos aqui citados, riscos de curto prazo como infecção são mais comuns. Mas indo para o lugar errado pode adicionar em risco de agulhas sujas podem por em risco a infecções e doenças, em longo prazo isso pode afetar sua capacidade de obter um emprego o que terá um efeito de arrastamento sobre outras áreas de sua vida.


9. Exercícios:
Você pode pensar que nunca é demais quando se trata de exercício, mas você certamente já sentiu a presença de endorfinas atuando em seu corpo quando teve um bom dia de treino?

Quando eu estava fazendo RPM na academia (aquelas bicicletas que você fica inclinada) eu faria uma hora o que exige muito fisicamente, em seguida, fazia outra hora de musculação, e por estar tão “alta” eu saia fazendo piruetas até chegar em casa, ainda ansiosa pingando suor, exausta e mesmo sentindo náuseas adorava aquela sensação. Não falhava nenhum dia. Sinto saudades. Como um monte de outras coisas, meu corpo/cérebro não lida com o exercício da maneira que outras pessoas fazem, e eu não estou sozinha nessa. O problema surge quando isto se torna viciante, quando aquilo foge de suas mãos, você não pode comer ou dormir sem fazer sua caminhada, academia ou corrida. Você está assim, pois precisa das suas endorfinas.

Exercício, com moderação, é maravilhoso. Mas, para algumas pessoas, a pressa e os sentimentos de prazer podem ser tão viciantes que levam a extremos perigosos que realmente nos fazem mais mal do que bem. Tudo é uma questão de bom senso (o que eu não tenho).



10. Auto Injuria:
Esta forma de automutilação eu creio que seja unânime entre quem sofre de TPB. Esta é uma das piores pois provoca dores e agressões justamente no emocional.

Quem nunca ficou remoendo acontecimentos negativos, quem nunca se autossabotou, quem nunca se insultou?

Eu sempre faço isso, mesmo quando inconscientemente, odeio a solidão mas ela me traz uma falsa segurança. Eu acho horrível os insultos que ganho, mas volta e meia eu uso os mesmos para me ofender. Amores negativos?.. Minha especialidade, me agarro a coisas que me fazem mal como se não existisse outra saída no universo. Preciso evidentemente de acompanhamento psicológico antes da viajem, mas volta e meia me esquivo, acabo me prejudicando. Como eu amo me odiar. Como é bom me ferir me achar horrível, incapaz, burra, feia, gorda, não merecedora da vida. Tudo isso internamente.

Isto nos traz problemas em todas as áreas da vida. Pois a Auto Injuria afeta a raiz de todos os outros problemas. Trazendo problemas de efeito imediato. E consequentemente de longo prazo se não vetado.

** Conclusão: Esta não é uma lista exaustiva, ainda há muitos tipos de Automutilação. Eu só queria chamar a atenção para o fato de que a Automutilação é muito mais abrangente que você pode imaginar ou acreditar. As pessoas que se automutilam precisam de ajuda e não julgamento para superar e lidar com seus problemas, mas o primeiro passo é reconhecer que você tem um problema. Talvez você seja uma das pessoas acham abomináveis pessoas que se cortam, usam drogas, ou tem seus corpos cheios de tatuagens. Mas você descobriu que você também é um automutilador! Pois você se maltrata por dentro, gasta todo dinheiro em coisas que não usa ou sempre dá graças a Deus quando chega sexta-feira e você pode sair para beber e dar aquela espairecida com seus amigos, pois você precisa disso para não surtar! Reveja seus conceitos, ninguém precisa permanecer ignorante a vida toda! Para os que têm uma ou mais das formas de automutilação, procure ajuda, seja como ou onde for. Seu corpo é um presente da natureza cuide dele!

Conheça alguns exercícios sobre a Automultilação:
(Basta clicar nas imagens para ver ampliado)




A PARTIR DE HOJE COMEÇA O PROJETO EU ME AMO!!! #ProjetoEuMeAmo



> Qual é o seu maior desejo??? SER AMADO! 
> E quem deve ser a primeira e mais importante pessoa para fazer isso??? VOCÊ!

Seguindo esta linha de raciocínio e depois de fazer esta pesquisa para o blog, proponho a TODOS que lerem este post aderirem a esse movimento a favor do amor próprio. Pois eu, você, todos nós borders ou não temos o direito de sermos felizes!

Basta primeiramente postar algo (foto, depoimento, frases, etc) com a "hashtag" #ProjetoEuMeAmo

Já foi feito uma Fan Page no Facebook: http://www.facebook.com/ProjetoEuMeAmo

Lá e aqui será montado um suporte de apoio a pessoas que buscam ajuda. No decorrer dos dias irei explicando melhor do que se trata. Mas não deixem de curtir a page, ok?

* Obrigada a TODOS que doaram seu tempo para ler este post!

27 de jun. de 2013

Terapia Dialética Comportamental e o Transtorno de Personalidade Borderline

* Este é um artigo longo, mas para quem é border acho super importante ler, pois explica as bases da Dialética Comportamental, uma das principais terapias usadas no tratamento do transtorno.





MARSHA M. LINEHAN, Ph.D.é a criadora da Terapia Dialética Comportamental e professora no Departamento de Psicologia na Universidade de Washington..
The Journal, 1º de Março, 1997, Vol. 8/Iss. 1.


O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) representa um grande problema mental a partir dos anos 90. É um transtorno predominante que é severo, crônico e persistente. O número de indivíduos que se adequam ao critério para ele é alto, aproximadamente 11% de todos os pacientes psiquiátricos ambulatoriais e 20% dos pacientes psiquiátricos internados. Além de ser predominante, estudos indicam que o diagnóstico do TPB é crônico. Entre 57 e 67% continuam a se adequar ao critério de sintomas por quatro a sete anos após o primeiro diagnóstico e mais de 44% quinze anos depois.

A severidade do TPB talvez seja melhor vista na alta taxa de mortalidade deste transtorno. Aproximadamente 10% dos pacientes eventualmente se matam. A taxa de suicídio é muito maior entre os 36 a 65% dos indivíduos que tentaram suicídio ou se mutilaram pelo menos uma vez em seu passado. Olhando para as taxas de mortalidade de um ângulo reverso, 12 a 33% de todas as pessoas que morrem por suicídio adequam-se ao critério de diagnóstico para o TPB. Os custos emocionais para os borders são enormes. Eles descrevem sentimentos crônicos de raiva, vazio, depressão e ansiedade. Experimentam frustração e raiva extremas, e ocasionalmente breves episódios psicóticos. Eles descrevem relacionamentos caóticos e "identidades confusas". Mesmo entre aqueles que não tentaram se matar, a idéia do suicídio é comum. A classificação para a qualidade de vida de alguns dos problemas que os borders experimentam frequentemente sugerem que sua qualidade de vida está entre as mais baixas.

No presente há poucos tratamentos para indivíduos com o TPB com eficácia comprovada. Em resumo, os achados dos estudos de tratamentos farmacológicos, Paul Soloff, MD., concluem que os efeitos da farmacoterapia, embora clinicamente significativos, são modestos em magnitude. A evidência empírica apoiando tratamentos psicossociais para o TPB é igualmente escassa. Isso mostra um problema especial porque mesmo quando uma farmacoterapia efetiva é dada, a complexidade e severidade do TPB pedem psicoterapia. 

Terapia Dialética Comportamental: Bases

A TDC (terapia dialética comportamental) é baseada em um modelo que sugere que a causa e permanência do TPB tem suas raízes em uma desordem biológica combinada com uma ambiental.  A desordem biológica é na regulação das emoções e pode ser devido a causas genéticas, fatores intrauterinos antes do nascimento, eventos traumáticos no desenvolvimento inicial que afetam permanentemente o cérebro, ou uma combinação destes fatores.  A desordem ambiental é qualquer conjunto de circunstâncias que punem, traumatizam ou negligenciam especificamente esta vulnerabilidade emocional, ou geralmente o self emocional do indivíduo, denominado de ambiente de invalidação. O modelo tem como hipótese que o TPB resulta de uma transação ao longo do tempo que podem seguir diversos caminhos diferentes, com o grau inicial do transtorno mais para o lado biológico em alguns casos e mais para o lado ambiental em outros. O ponto principal é que o resultado final, o TPB, é devido a uma transação onde o indivíduo e o ambiente co-criam um ao outro através do tempo com o indivíduo se tornando progressivamente mais desregulado emocionalmente e o ambiente se tornando mais invalidativo.

Dificuldades emocionais nos borders consistem em dois fatores: vulnerabilidade emocional mais deficits em habilidades necessárias para regular as emoções. Os componentes da vulnerabilidade emocional são sensibilidade ao estímulo emocional, intensidade emocional e retorno lento à base emocional. "Alta sensibilidade" se refere à tendência a pegar sugestões emocionais, especialmente as negativas, reagir rapidamente e ter um baixo limiar para reações emocionais. Em outras palavras, não precisa muito para provocar uma reação emocional. "Intensidade emocional" se refere a reações extremas  à estímulos emocionais, que rompem o processamento cognitivo e a habilidade para se acalmar. "Retorno lento à base emocional" se refere à reações sendo de longa duração, as quais por sua vez levam a um estreitamento de atenção no sentido de um humor relacionado a aspectos do ambiente, memória e interpretações tendenciosas, que contribuem em manter o estado inicial de humor e um  elevado grau de excitação. 

Um traço importante  da TDC é hipótese que o próprio sistema de regulação emocional  está desordenado, não somente emoções específicas de medo, raiva ou vergonha. Portanto, os indivíduos com o TPB podem experimentar emoções positivas intensas e desreguladas, como amor e interesse. Todos os comportamentos problemáticos dos borders são vistos como relacionados a regular novamente as emoções fora do controle ou como resultados naturais de emoções desreguladas.

Terapia Dialética Comportamental: O modelo de tratamento

A TDC assume que os problemas do TPB são duplicados:

Primeiro, eles não tem muitas capacidades importantes, incluindo habilidades interpessoais suficientes, capacidades emocionais e de auto-regulação (incluindo a habilidade de auto-regular sistemas biológicos) e a habilidade de tolerar o estresse.

Segundo, fatores pessoais e ambientais bloqueiam habilidades de lidar com problemas e interferem com as habilidades de auto-regulação que o indivíduo tem, frequentemente reforçam padrões comportamentais mal adaptativos e punem comportamentos adaptativos melhorados.

Porém ajudar os borders a fazer mudanças terapêuticas é extraordinariamente difícil, por pelo menos duas razões. Primeiro, focar na mudança do paciente, seja por motivação ou ensinando novas habilidades comportamentais é frequentemente visto como invalidações por indivíduos traumatizados e pode precipitar,  por um lado, a retirada, não comparecimento e abandono precoce do tratamento, e raiva, agressão e ataque do outro. Segundo, ignorar a necessidade para que o paciente mude (e assim, não promover a mudança necessária) é também percebido com invalidações. Tal postura não leva a sério problemas muito reais e consequências negativas do comportamento do paciente e pode, por sua vez, precipitar pânico, desespero e   suicídio.

Foi a tensão e resolução final deste conflito essencial entre aceitação do paciente como ele ou ela está no momento versus exigir que o paciente mude este momento exato que leva ao uso de dialética como nome do tratamento. Na TDC, o tratamento requer por um lado confrontação, compromisso e responsabilidade do paciente, por outro lado foca em energia terapêutica considerável em aceitar e validar a condição atual do paciente enquanto simultaneamente ensina uma ampla gama de habilidades comportamentais. O confronto é balanceado com apoio. A tarefa terapêutica, ao longo do tempo, é balancear este foco em aceitação com um foco correspondente em mudança. Como uma visão de mundo,  além disso, a dialética ancora o tratamento dentro de outras perspectivas que enfatizam:

1. a natureza holística, sistêmica e inter-relacionada do funcionamento humano e a realidade como um todo (perguntando sempre "o que está sendo deixado de fora de nosso entendimento aqui?);" 
2. a procura por síntese e equilíbrio, (para substituir as respostas rígidas, muitas vezes extremas características de indivíduos severamente disfuncionais);
3. melhorar o conforto com ambiguidade e mudança que são vistas como aspectos inevitáveis da vida..

A TDC foi projetada para atender as seguintes cinco funções de tratamentos bem sucedidos:

- aprimoramento da capacidade,
- aprimoramento motivacional,
- aprimoramento da difusão de ganhos,
- aprimoramento das capacidades e motivação dos terapeutas
- estruturação do ambiente para apoiar o progresso clínico

Aprimoramento das capacidades foca em melhorar a auto-regulação e regulação comportamental. Todos os pacientes na TDC recebem um treinamento de habilidades psico-educacionais em cinco áreas: consciência (para melhorar o controle da atenção e da mente), habilidades interpessoais e gerenciamento de conflitos, regulação emocional, tolerância à dificuldade e auto-gestão. As medicações são usadas também para aprimorar a habilidade individual para auto-regular os sistemas biológicos.

Aprimoramento motivacional foca em ter certeza que o processo clínico é reforçado (em vez de punido), que o comportamento mal-adaptado não seja reforçado e em reduzir outros fatores (como emoções ou crenças) que inibem ou interferem no processo clínico. Geralmente, isso requer terapia individual intensiva (pelo menos sessões semanais de uma a uma hora e meia). A gama completa de terapias comportamentais e cognitivas eficazes são integradas dentro do tratamento em ordem de importância: reduzir o suicídio e outros comportamentos que ameaçam a vida; reduzir comportamentos de interferência na terapia (incluindo o não comparecimento ou largar o tratamento); reduzir comportamentos interferentes que reduzem a qualidade de vida (incluindo transtornos como depressão, compulsão alimentar e abuso de substâncias); aumento de comportamentos hábeis para se lidar com problemas, incluindo tolerância às dificuldades, regulação emocional, eficácia interpessoal e consciência; reduzindo experiências emocionais traumáticas, incluindo respostas a estresse pós-traumático (por exemplo: reações continuas a um trauma de infância); melhorar o respeito próprio, reduzir e dominar problemas com mentiras; resolver um senso de incompletude.

Aprimoramento de difusão de ganhos: aprender a ser eficaz  no consultório do terapeuta, ou para um paciente internado ou com definições residenciais é inútil se os novos comportamentos não se difundem para o dia-a-dia  do paciente. Portanto a terceira tarefa da terapia é assegurar a difusão de novos comportamentos no ambiente natural. Na TDC  isso é feito geralmente por consultas telefônicas entre o paciente e o terapeuta individual. 

Aprimoramento das capacidades e motivação dos terapeutas: Um tratamento eficaz é inútil se o terapeuta está incapacitado ou desmotivado para tratar de uma forma eficaz, mas é uma parte não reconhecida porém essencial ao programa de tratamento. Na TDC, esta função do tratamento é encontrada em reuniões de consultas de todos os terapeutas da TDC. O objetivo destas reuniões é prover consultas e apoio para estes profissionais que se esforçam em aplicar a TDC.

As estratégias de tratamento são divididas em quatro grupos principais: Estratégias dialéticas consistem em balancear aceitação e mudança em todas as interações, sempre buscando por uma síntese e visando mudar a estrutura dos problemas que resistem a uma solução. As estratégias centrais da TDC requerem o equilíbrio da validação com a resolução de problemas. Validação é um grupo de estratégias enfatizando aceitação e validação do paciente escutando com empatia, refletindo com precisão,  articulando o que é experenciado mas não necessariamente dito, clarificando aqueles comportamentos desordenados que acontecem devido a uma biologia desordenada ou histórico de aprendizagem no passado, e destacando os comportamentos que são válidos porque eles se encaixam a fatos atuais ou são eficazes para os objetivos do paciente a longo prazo. A essência da validação é ver e responder ao paciente como uma pessoa de status e valor iguais. A estratégia de resolução de problemas é designada para avaliar os problemas específicos do indivíduo, descobrir quais fatores estão controlando ou mantendo os problemas comportamentais, e então aplicando sistematicamente intervenções de terapia comportamental.  

Estruturando o ambiente: Se o ambiente continua a reforçar comportamentos problemáticos e borderline e pune o progresso clínico, então é inútil esperar que os ganhos do tratamento serão mantidos, uma vez que o tratamento termine. Portanto, se o tratamento está para acabar, a terapia precisa assistir ao paciente em desenvolver um ambiente que apóia bastante os ganhos clínicos. É igualmente importante que o terapeuta foque em prover uma atmosfera de tratamento que encoraje o progresso, não a recaída. Sessões familiares reuniões de consulta de caso com outros terapeutas (sempre com o paciente presente) servem a esta função na TDC. 

O sofrimento intenso que acompanha o transtorno de personalidade borderline, para o paciente e para aqueles ao seu redor, sugerem que a maior prioridade tem que ser em desenvolver novos tratamentos eficazes e disseminar aqueles que estão disponíveis.

(tradução e edição deste artigo)

* To morrendo de dor de dente, vou passar por vários canais, por isso o post atrasou... Tentei fazer a tradução e edição da melhor forma possível, mas posso ter perdido alguma coisa...

25 de jun. de 2013

Será que tudo que fazemos é por causa do TPB?



"Às vezes um charuto é apenas um charuto." 
(Sigmund Freud)

Depois que fui diagnosticada com o Transtorno de Personalidade Borderline, tenho lido tudo a respeito: sites, entrevistas com especialistas, reportagens, literalmente mergulhei neste mundo de transtornos de personalidade. Como consequência, comecei a analisar tudo muito detalhadamente e me veio logo a primeira pergunta: o que sou eu e o que é o transtorno? Existe uma fronteira?

Eu inclusive já escrevi algo parecido uma vez aqui, porém resolvi voltar ao assunto porque vejo que isso é uma tendência que não é só minha, mas da maioria dos borders que conversam ou que comentam aqui. É como se não tivéssemos vontade própria e que o transtorno nos puxasse pro abismo sem que possamos  nos defender.

Desculpem--me os que discordam, mas isso não é verdade. As emoções são nossas e as escolhas também. É claro que precisamos de uma rede de apoio sim, principalmente no início, mas temos que nos dar conta que a vontade de melhorar tem de vir da gente. Quando eu mando uma mensagem pra C., meu ex, e ele responde com sua grosseria peculiar, não posso culpá-lo. Eu sabia das consequências. Eu sabia que ele é um cavalo. Eu mandei a $%#@ da mensagem porque eu quis. Ah, o TPB nos faz impulsivos? Faz. Todavia cabe a nós internalizarmos certas atitudes e opiniões para nos protegermos. Eu já não mando mais tantas SMS pra C. Eu já não vou atrás dos meus pseudo-amigos. Eu vasculho a internet a procura de formas para me ajudar na minha ansiedade, pânico, tristeza... Tento ajudar pessoas e fazer da minha experiência ruim algo que me faça bem.

Eu já tive pior nesta crise e sei o quanto é difícil. Muito mais fácil de deixar levar pela onde de emoções que sentimos, pela gilete (nosso amor-bandido), e achar que cada passo que damos é por culpa do TPB  e que somos meras marionetes do nosso cérebro.

"Ah, ela gosta de mudar o cabelo por causa do transtorno, é impulsiva..." NÃO. Eu mudo meu cabelo porque gosto de mudar ele e ponto final. Eu gosto de abraçar as pessoas e chamar elas de baby não porque sou carente, mas porque adoro a troca de energias. Gosto de dizer "eu te amo" porque é uma das frases mais poderosas do mundo.

Logicamente nossa intensidade emocional ganha as vezes. Fazemos coisas sem sentir, magoamos por medo de sermos magoados. Porém temos que nos conhecer primeiro, saber que muitas de nossas emoções e reações não são "privilégio borderline" (eu mesma postei a reportagem da Marie Claire sobre saudade que citava pessoas sofrendo muito de amor que não eram borders) e parar de se esconder atrás do TPB.

Só somos seres-humanos um pouco especiais, porém com capacidade de melhorar como qualquer outro por aí, e com o direito de errar também como qualquer mortal. Tentem prestar atenção nas próprias atitudes para descobrir quando estão tendendo a colocar o transtorno como vilão eterno.

Então você, que acabou de escolher comer aquela lata de cobertura de chocolate da Nestlé (eu!!!) e ainda por cima comeu goiabada com creme de leite de almoço (eu!!!), pára de culpar a impulsividade border. Se está arrependida, fecha a boca porque o borderline não tem nada a ver de você ter escolhido ser gulosa hoje.

P.S.: quem ainda não ouviu o último podcast tá aí na coluna da direita! --->
24 de jun. de 2013

Música Borderline: Ovelha Negra - Rita Lee

Meu hino. A princesinha que achava que o mundo era o mundo perfeito até que se depara com a realidade.

Ela tem umas frases realmente pra borders, mas tem uma parte especial pra mim "meu pai me disse filha, você é a a ovelha negra da família"... Na verdade meu pai me chamou de puta (risos) porque estava inconformado que a filhinha dele estava de namorado e perdido a virgindade (ohhhhhhhhhh), inclusive eu respondi que era puta de um homem só... ;)

Esta é uma estória boa que um dia eu conto. Deixo-os com a rainha do rock'n'roll Rita Lee.


Dispensa comentários.

PODCAST: AUTOMUTILAÇÃO

Oi gente! Saiu um pouco atrasado, mas este é o terceiro podcast do blog, que fala sobre o tema automutilação. Espero que vocês gostem, mais uma vez o fiz com muito carinho, não deu para ficar com a mesma qualidade de som que os outros porque tive uns probleminhas, mas acho que está dando para entender bem. Apertem o play e me digam se gostaram, tá?

Qualquer dúvida, sugestões, falem comigo, ok?

Beijos e boa semana a todos!


AUTOMUTILAÇÃO

22 de jun. de 2013

Você tem saudade do quê?




REPORTAGEM DA REVISTA MARIE CLAIRE - JUNHO/2013

"Saudade é um pouco como fome. só passa quando se come a presença." A frase da escritora Clarice Lispector expressa o vazio deixado pelo fim de um grande amor. Não importa o tempo que passou ou se o presente já tem uma nova companhia. Às vezes, um perfume no ar, um olhar, evoca alguém que parecia tão distante e ainda nos toca. É um vazio que, como diz Lispector, faz que nos sintamos privados de um alimento essencial. E com ele vem uma série de perguntas inevitáveis: será que o amor ainda não acabou? Vale a pena procurá-lo ou é melhor deixar quieto? Nesse caldeirão de sentimentos, segundo a psicoterapeuta Lúcia Rosenberg, cabe tanto a satisfação de saber que se viveu uma relação importante quanto a raiva por ela ter acabado. "Mesmo quem tomou a iniciativa da separação pode sofrer com a falta do ex",diz a especialista. "E não sentimos saudade só do outro, mas também de nós mesmos e dos pontos que o outro iluminava na gente", afirma Lúcia.

Para ela, é importante ter bons momentos para lembrar. Isso ajuda a curar a ferida da ruptura. "O que está dentro do seu peito ninguém rouba. O problema é quando a pessoa não se conforma, troca o parceiro pela ferida, casa com ela e chama de saudade o que na verdade é tortura", opina a especialista. Então, nada de ficar ouvindo a música predileta do casal ou vasculhando a vida do ex na web. Uma dose de recolhimento e amor-próprio ajudam, e a presença de amigos é um bálsamo na temporada de luto do amor, que dura, em média, dois anos.

O desejo de reatar, às vezes, bate forte, mas será que vale a pena? "A lealdade interna precisa estar em primeiro lugar", adverte Lúcia. "Pode passar por cima do orgulho, mas não por cima daquilo que é fundamental pra você. Senão estará indo atrás do outro por carência, vício, como quem vai atrás de uma droga, e não é essa a natureza do amor." Se a ruptura é definitiva, não há como evitar a dor: "A gente tem de sofrer o que cabe. Nem mais, nem menos", diz Lúcia. Para ela, reconhecer a importância de um amor é fazer jus à sua história, mas apegar-se a esta memória é um equívoco. "Deixar a saudade passar é um pedido do amor querendo renascer." A seguir, três depoimentos de pessoas que viveram uma grande paixão, sofreram de saudades e aprenderam coisas diferentes com isso.

(nesta transcrição colocarei somente um. - Eilan)

"Deixei de ouvir rock, porque isso me lembrava o Gustavo. Estamos separados há quatro anos, mas durante dois, parei de ir a determinados shoppings e restaurantes que íamos juntos. Fui eu que quis terminar o namoro, não podia voltar atrás. Mas a saudade me deixou fora do eixo. Uma vez, senti o cheiro dele na rua e parei o homem para perguntar que perfume ele estava usando. O cheiro era a lembrança mais forte de quando a gente se abraçava.

Nossa  relação durou seis anos e eu era apaixonada. Nunca tivemos vida social. Gustavo morava com o pai que, nos finais de semana, costumava viajar. eu me mudava para lá e ficávamos assistindo TV, passeando com o cachorro dele, cozinhando e transando.

O sexo não era a chave da relação, mas meu primeiro orgasmo foi com ele. Nossa relação foi se desgastando porque ele era possessivo. Quando entrei na faculdade, ele se matriculou para outro curso no mesmo campus. Batia o sinal, já estava na porta me esperando. No começo, eu achava lindo, via o ciúme como uma prova de amor. Só que acabei ficando isolada, longe do mundo e dos amigos.

Apesar de tudo eu acreditava que as coisas podiam mudar, porque gostava dele, mas esperava um sinal de que ele queria investir em nós dois. Eu queria morar junto, mas ele não se manisfestava. Começamos a brigar por coisas bobas. Até que, no dia do meu aniversário, saímos para jantar e ele colocou uma caixinha de jóias na minha mão. Foram cinco minutos de expectativa. Quando abri a caixa, era uma correntinha. Não escondi minha decepção por não ser um anel de compromisso, e o clima ficou péssimo. Eu me recolhi e acabei rompendo o namoro por SMS. Sabia que era a coisa certa a se fazer, só que ainda o amava, tinha medo de encontrá-lo e fraquejar. Ele já estava com outra pessoa, descobri depois. Mas eu caí num buraco negro. Achei que não iria amar de novo, que tinha perdido a chance de ser feliz. Sentia falta de coisas muito simples, como ele me ligar pela manhã para dar bom dia. Adoeci, comecei a ter ataques de pânico. Por ordem médica, tomei antidepressivos durante quatro meses.

Nós nos encontramos três vezes por acaso e apenas nos cumprimentamos. Nas duas primeiras, minha vontade era de pedir para voltar. Na terceira, com oito meses de separação, não senti mais nada, estava em paz. Felizmente, reatei o vínculo com meus amigos, voltar a sair com eles me fez reviver. Depois de alguns meses, comecei a ir sozinha ao cinema, ao teatro e descobri que gostava da minha companhia! Até eu me sentir curada, levou uns dois anos. Cheguei a ficar com outros homens antes disso, mas nada sério. Melhorei aos poucos, e passei a me sentir cada vez mais autônoma. Adorei viajar sozinha! fui primeiro para a Bahia depois para Buenos Aires e para a Europa. O ressentimento acabou. Sou grata a tudo que vivi, porque sei que amei e fui amada enquanto durou.

Há alguns meses, conheci o Rafael. Estamos gostando um do outro, nos descobrindo. Tudo é diferente porque eu mudei. Amadureci. Hoje sei o que eu quero e o que não quero de um romance."

Thais Turlão, 29, publicitária. Após quatro anos separada, apaixonou-se de novo.

* Eu resolvi escrever sobre este tópico, porque é algo que sofro até hoje. Mas lendo este artigo, percebo que não é simplesmente por causa do transtorno que estou assim. Neste relato esta menina não tem nenhum e mesmo assim ficou mal. Claro que a intensidade deve ser diferente, mas dá pra se sentir menos ET, pelo menos. Afinal de contas, quem nunca sofreu de saudades?

Ainda sofro, até hoje, lembrando exatamente das pequenas coisas, os detalhes que fazem a diferença quando estamos com alguém: a voz, o cheiro, o abraço. Também deixei de ouvir certas músicas, ir a certos shoppings e restaurantes. Tenho fobia de lugares muito cheios. Qualquer coisinha a toa ainda me leva a ele. Eu tenho consciência sim que ele não merece tamanha devoção, e cada vez mais consigo me libertar. A semana do meu aniversário foi bem pesada. Recebi uma mensagem desaforada de C. um dia antes, respondendo a que eu eu havia mandado (bêbada). Fora todo o resto. Tive uma crise violenta, me cortei como nunca havia feito, tive que chamar a minha mãe para ajudar e se ela não tivesse vindo eu não teria parado.

Mas estou melhor. Como eu falei, mudei o cabelo. Vou publicar os vídeos. E ontem eu dei um passo importante, fui ao shopping com uma amiga. Tudo bem, era de tarde, as chances de encontrar meu ex eram quase nulas porém ainda assim foi um passo, pois eu não estava entrando de jeito nenhum.

A vida vai seguindo. E eu vou tentando. Será que consigo?

(amanhã podcast!)




21 de jun. de 2013

Eu sou o baby, você tem que me amar!


Perdi as contas de quantas vezes que me descontrolei e/ou me humilhei para não ficar só. Isso acontece nas amizades, mas muito mais potencializado nos romances.
Cá estou eu, em um período de quatro meses com duas decepções amorosas. Um italiano e um turco, que eu nunca conheci. Parece loucura, mas não é.

Começo de fevereiro, Marco, um italiano abobado de 23 anos, sem nada de especial, exceto minha imensa carência que acabou transformando esse “esporco” em um anjo iluminado. Pelo qual dediquei diversas cartas e poemas apaixonados (dos quais ele sequer deu algum valor). E eu jurava (mais uma vez) que ele era meu grande amor. Depois de muito me humilhar e ser rejeitada, comecei aos poucos “clarear” minhas idéias e ver o que realmente estava acontecendo. Não demorou muito para eu levantar no meio da noite meio louca, cheia de raiva e razão, apagar todas as fotos dele e músicas melosas italianas do meu PC, rasgar as que eu tinha revelado (sim eu fiz isso). No outro dia lá estava eu livre, leve e solta. Satisfeita por ter expulsado o italiano fanfarrão da minha vida.

Quatro dias depois, dia dos namorados (este último), sempre tive uma identificação maluca com os povos mediterrâneos, suas danças e músicas tão lindas. Quando criança eu dizia ser a Princesa Jasmine e sonhava em um dia voar com meu Aladim em cima de um tapete mágico. Isso tudo somado ao dia dos namorados me fez pensar, e se eu adicionasse um turco, tipo assim, só pra conversar saber mais da cultura, que mal poderia ter nisso... Não sei como nem onde, me deparei com um turco gato, 25 anos, meu número (ai ai) fiz o quê?! Adicionei, na hora! E ele me aceitou. Assim começou minha segunda decepção do ano.

O que foi mais assustador é que ele foi a exata descrição minha de como eu agia com o italiano, cheia de amor, poemas, declarações. Chegou inclusive me marcar em publicações do Facebook dele com clipes românticos e o escambau, respondia meus comentários sempre com muito mel. Nós sempre conversávamos em inglês, um belo dia para agradar resolvi deixar um comentário em uma foto em turco “Kalbim” (“amor”), não demorou muito para outras pessoas comentarem a foto (inclusive o irmão dele), ele curtiu todos os comentários que já não eram pela foto e sim pela “shilique estrangeira” que vos fala. Hahahahahaha. Lá ficaram os comentários por dois dias, quando ontem, de repente, eles sumiram como por encanto de um gênio da lâmpada. E eu OBVIO fui confrontá-lo, ele disse que não sabia o que tinha acontecido (sei, sei). Entre uma conversa e outra ele disse: “eu te amo” e eu respondi: “prove”. Então ele me enviou uma solicitação de relacionamento sério, e eu toda boba na hora aceitei publicamente dando a cara pra bater assumindo um romance com um turco que ninguém sabia de onde saio. Quando eu fui boba deixar um recado apaixonado no perfil do Facebook dele descobri que o bonito não tinha deixado o status publico, e sim só para eu visualizar.

FÚRIA! Eu fiquei com tanta raiva, exclui tudo na hora. Fui até ele pedir uma explicação, depois de eu muito discutir ele me pediu desculpas, inclusive perante os amigos dele na webcam. Então ele me contou o porque ele fez isso: “Você não tem noção de como as coisas funcionam aqui, eu não estava preparado para assumir publicamente um relacionamento e suportar a pressão e perguntas da minha família, fiquei com medo de te magoar, por isso não falei. Desculpe mas as coisas aqui são diferentes, você acha que eu posso fazer uma tatuagem ou um piercing e tudo bem, não eu não posso. Tente entender”.

Ok, ok ele não foi de todo cafajeste, apenas covarde como diria minha amiga Eilan. Mas para um homem que ia me pagar uma passagem para turkia e me receber na casa da família dele, conhecer tudo e todos, o mínimo que eu esperava era ser alertada sobre a possibilidade de eu não ser tão bem recebida ou melhor dizendo ser enxotada porta a fora em uma língua que eu nem ia entender do que estavam me chamando. E que ao invés de ter um homem que iria ficar ao meu lado e me defender eu ia ter apenas um cara que ia fazer uma carinha de “chatiado” e me dizer um “foi mal, adeus”. Ninguém merece!


Bem gente, contei essas duas histórias que me ocorreram este ano, das diversas que tenho, para ilustrar o quanto nos metemos em frias e nos envolvemos sempre nos típicos amores impossíveis, pois precisamos acreditar que há uma história de amor nos esperando. E mesmo para quem está em um relacionamento acabado, sempre tentamos por medo de ficar sozinhos. 

É a solidão me assusta e muito. Não aceito ela e conseqüentemente nem a mim mesma. Enquanto tantas pessoas seguras de si acordam todas as manhãs e se olham no espelho dizendo: ”Eu me basto!”. Nós por outro lado, fechamos os olhos e pensamos: “Quando eu tiver um amor ao meu lado ele me bastará!”.
20 de jun. de 2013

Perséfone



Olá, aqui vocês me conhecerão como Perséfone. Mas não tenho nada de deusa, minha identificação com ela é que quando ela menos esperava andando num campo, feliz, ela foi tirada da vida que conhecia e passou a literalmente viver no inferno com um um deus-demônio como companhia, Hades. A beleza dela o atraiu, o ponto forte virou ponto fraco. Ela conseguiu ser resgatada, mas não totalmente, pois ela comeu seis sementes de romã e a regra era que quem comesse no mundo dos mortos não poderia sair, outras versões dizem que era porque a romã era o fruto do casamento. Mas a mãe dela Deméter não se conforma e como deusa da agricultura ela passou a negligenciar a terra, que passou a ficar fria e nada mais se podia cultivar.

É aí Que Zeus intervêm ele faz um acordo com Hades: seis meses ela ficaria com Hades no Tártaro – mundo dos mortos- e seis com Deméter no Olimpo. Assim ela passa seis meses – primavera e verão - , feliz com suas flores; e seis meses – inverno e outono- no Tártaro como rainha dos mortos e consorte de Hades.

Eu costumava ter um ponto forte, eu era a inteligente. Passei toda minha infância e boa parte da adolescência tentando chamar a atenção, sendo a garota perfeita. Não adiantou muito, na faculdade me destaquei, até ter meu surto. Fui diagnosticada como bipolar, na época ninguém falava do TPB – treze anos atrás-. Fui medicada e sofri, eu não era mais a garota inteligente eu passei a ser a louca. Há cinco anos minha psicóloga questionou o diagnóstico e o tratamento, eu havia me tornado um robô. Mudei de psiquiatra e disseram que eu era borderline, foi pior. Tenho uma tia psiquiatra e ela disse que isso queria dizer que eu era uma chantagista emocional, manipuladora, mentirosa e que as duas tentativas de suicídio foram só pra chamar atenção.

Eu tento viver, mas eu sou antes do surto, depois do surto. 

Há muitos mitos em torno do TPB, como Eilan diz se tornou modinha, ela me ajudou a ver que não estou sozinha e que se houvessem vozes desmentindo os mitos, talvez outras pessoas não sofressem o que eu sofri. 

Meu primeiro post aqui, começa quando eu encontrei uma colega de antes do surto.

Eu falei com uma colega antiga, e tive um ataque de pânico, por quê? Ela tentou ser solidária falando que todos tem problemas, mas que eu deveria.ser mais forte que estes. Essa frase me matou, era melhor uma punhalada. Quem não está sentindo uma dor que te impede de respirar, não pode ser solidária comigo, não é maldade da pessoa, ou deveria dizer pessoas? As pessoas, principalmente mulheres, não são solidárias conosco. Nós sentimos diferente, tudo em nós é muito intenso: se gostamos; amamos, se odiamos; queremos que deixe de existir. E não há meio termo. Exemplo; para mim amizade com ex é impossível. Acabou, eu sofro e ajo como se aquela pessoa nunca tivesse existido. Se eu vejo um ex, eu perco a respiração, fica impossível pensar, só quero correr dali. E as outras mulheres quando vêem minha reação dizem maldosamente, que eu ainda devo gostar do ex. Seja lá qual for, tenho a mesma reação para todos.

A solidariedade só pode existir entre pessoas que entendem as reações do outro. Mas vamos viver em guetos? Impossível. Temos que aprender a lidar com nossas reações tão intensas, para isso precisamos: de auto crítica; precisamos de pessoas que possamos contar; e precisamos de um profissional. Por isso é necessário procurar ajuda. Somos intensas, oito ou oitenta.. Precisamos descobrir como viver em um mundo que não nos entende. Sabendo nossa dinâmica e gatilhos a vida se torna menos difícil. Procurar o profissional as vezes é mais difícil que qualquer coisa, primeiro porque se você está procurando um psicólogo, você sabe que tem um problema e admitir isso é muito difícil e segundo porque nem todos são realmente profissionais, nem todos são bem informados. Tentem. Ter ajuda sempre é bom.

Ass. Perséfone


* Perséfone é minha mais nova amiga e colaboradora! Seja bem-vinda!!
* Gente, pintei mesmo o cabelo e cortei, tem foto lá no "Quem sou eu". Ah sim, este domingo tem podcast, o último antes de eu começar a fazer os vídeos!
(Eilan)
19 de jun. de 2013

#VEMPRARUA





Eu sei, este é um blog sobre o transtorno de personalidade borderline. Você que entrou agora, não, não está no blog errado. Porém tem certas coisas que vão além de transtornos. 

Eu tinha 14 anos e morava em Brasília no FORA COLLOR. Fugi do colégio e fui pra rua até o congresso, com a cara pintada. Qual não é minha surpresa a ver que finalmente as pessoas estão acordando. Acordando contra esta roubalheira generalizada que acontece por debaixo dos nossos narizes. Acordou contra estes políticos ladrões que nos fazem de palhaços e sorrimos, satisfeitos com uma vida patética de pão e circo.

Então gastam milhões em estádios que virarão elefantes brancos em pouquíssimo tempo. Cobram uma fortuna de ingressos e pedem voluntários pra trabalhar. Em um mar de obras super-faturadas roubam nosso dinheiro sem vergonha nenhuma. Aumentam a tarifa de ônibus e oferecem um sistema de transporte precário e humilhante para qualquer estudante ou trabalhador.

Pra mim é muito lindo ver a galera acordando e indo pra rua protestar, pois, sim, nossa voz é maior do que qualquer politicagem ridícula! A força de uma população insatisfeita pode quebrar barreira e conseguir vitórias pertinentes e o povo está se dando conta disso, finalmente! É um novo tempo, a alienação deu lugar a luta, o povo está dando sinais que não aguenta mais tanta roubalheira, tanto desrespeito. somos nós quem fazemos este país, não eles!

Não são 20, 30 centavos. É o descontentamento com um país em frangalhos em que quem está no poder ri da nossa cara a cada dia, votando para se auto-proteger, aumentos de salários, leis absurdas. Gente, o que é o ATO MÉDICO? E a CURA GAY? Absurdo retrocesso.

Então eu estou aqui fazendo 0,00000001% do que as pessoas lá fora estão fazendo. Amanhã é a vez de Recife acordar. Teremos um protesto onde são esperadas pelo menos 30.000 pessoas, no mínimo. Se não fosse esta minha fobia de lugares com muita gente que estou agora eu estaria lá, gritando, fazendo história. Estamos reescrevendo os livros, gente. Você, que está lendo isso, borderline, bipolar, TDAH, sem transtorno, não importa, vá pra rua! Vá fazer parte da mudança! Vá provar aos que estão no poder que sua voz não se cala! 

Vocês estão vendo tudo isso vindo de uma pessoa que sempre se disse não patriota. Porém, ao ver o hino nacional sendo cantado nas ruas por pessoas que realmente querem a mudança e não por um bando de hipócritas vestidos de amarelo correndo atrás de uma bola, não pude deixar de me emocionar. Ser patriota não é ir por bar ver a seleção. É ir pra rua tentar mudar a porra dessa nação.

#OGIGANTEACORDOU


18 de jun. de 2013

Feliz Aniversário



Hoje é meu aniversário. Não falarei hoje sobre dicas e fatos sobre o TPB. Não falarei sobre dados e curiosidades sobre o transtorno.

Hoje vou falar de mim. Praticamente 4 meses em casa. Diagnostica a quase este tempo. Estudei, construí o blog, as coisas aumentaram, projetos. Mas ainda estou em casa. Estigmatizada pela maioria das pessoas que acham que eu estou assim por causa de fossa. Ontem escutei que eu teria motivos para comemorar porque tinha duas pernas e dois braços e tinha muita gente pior que eu, sofrendo e passando fome. Como esse tipo de argumento de merda pudesse ter algum valor. Se fosse assim, ninguém derramaria uma lágrima no mundo.

Só sabe da dor quem a sente. Só sabe o que é ter uma crise tão violenta de se cortar repetidamente, ver o sangue escorrendo e querer ainda mais, tendo que chamar a mãe pra ajudar a não se retalhar inteira é quem faz isso. Vocês acham que eu gosto disso? Que eu acho divertido?Que eu não luto? Eu estou lutando todos os dias, desde que acordo, lendo, estudando, tentando comer, tentando sobreviver. Será que pensam que acho bem legal não conseguir sair na rua? Suar frio por entrar num shopping? Ter uma crise de choro porque cortei a droga do cabelo?

Não estou me fazendo de vítima. Estou desenhando que não há botão de liga e desliga para a dor, infelizmente. Não posso desligar o transtorno. Meus passos são frustradamente de bebê.

Então, não, não tenho muitos motivos de comemorar. Não tenho como sorrir porque estou fazendo 34 anos hoje. Tive vitórias? Tive. Estou evoluindo? Estou. Infelizmente não o suficiente pra compreender e conseguir ficar contente porque hoje é o dia que eu nasci. Estou contente por ter minha mãe e os MUITO POUCOS amigos que lembraram desta data hoje. Contente por ter esta ferramenta que é meu blog. Contente por conseguir transformar esta merda que me acontece a tanto tempo em algo positivo.

Eu sei que meu ex é um filho da puta. eu sei que ele não merece que eu sequer perca 30 segundos de minha vida pensando nele. Porém, não tá dando pra superar ainda. Aos poucos consigo ver a luz, alguns dias mais uns menos. Hoje é um dia de menos.

E principalmente tô muito puta com a completa falta de informação sobre o TPB que existe por aí. Ando escutando tanta porcaria que dá vontade de chorar. Fui chamada de chantagista emocional a um tempo atrás. Desculpa que é meu MECANISMO DE DEFESA. Eu NÃO GOSTO de ser assim e eu estou dando o sangue LITERALMENTE pra superar.

Por isso também tomei a decisão de fazer os vídeos sobre o transtorno e jogar no youtube. Vou dar a cara pra bater. Mas a informação precisa ser passada. Não é possível que essa ignorância ainda aconteça por tanto tempo.

Enfim, meu aniversário me trouxe pelo menos esta resolução. Não estou infeliz, também não estou feliz. Estou anestesiada, lidando com tudo a minha volta e digerindo os acontecimento, exatamente para não surtar mais e acabar caindo.

Enfim. É isso. Desculpem as palavras duras, não são direcionadas a vocês.

Aos meus comentaristas lindos o meu MUITO OBRIGADA. Vocês, junto com o blog, conseguiram dar uma direção a minha vida.

E bem... Parabéns pra mim.
16 de jun. de 2013

Impulsividade: Quando as mídias sociais são um perigo.



Recentemente fiz três coisas que não devia: mandei 2 e-mail para C., meu ex, mandei uma mensagem para um amigo que eu não estou falando mais e outro e-mail dizendo o que eu não devia para meu melhor amigo. Sim, eu estava alcoolizada. Mas fiquei pensando em quantas vezes, quando a crise estava maior, eu não conseguia me controlar e acabava bombardeando C. com e-mails/mensagens de texto me humilhando, mesmo sabendo como seriam as respostas.

Tenho que tentar dar um tempo, antes de apertar "send", pois nesta pausa é que refletimos as consequências dos nossos atos. É interessante perceber como involuntariamente buscamos os gatilhos para os nossos sintomas. No meu caso específico, parece que eu as vezes corro atrás da rejeição. Procuro motivos para que depois eu possa me sentir péssima e engatilhar uma corrente de outras atitudes. Mandar uma mensagem e receber uma resposta ríspida e/ou nenhuma é mais um motivo para ficar pensando ainda mais nele, ficar culpada e consequentemente ter mais atitudes de auto-sabotagem.

Primeiramente, é, eu sei, deveria parar de beber ou pelo menos beber menos. Tenho que escolher ficar melhor e enfrentar as dificuldades que ainda virão. Eu estou tentando. Neste meio tempo vou praticando habilidades para que eu consiga contornar um ou outro traço do sintoma. Por exemplo, para me cortar menos eu faço o seguinte: não digo EU NÃO POSSO ME CORTAR. Eu digo "vou olhar o blog e depois me corto", então depois de olhar o blog eu coloco outra coisa - "vou fumar um cigarro/assistir TV/comer/beber água e depois eu me corto". Muitas vezes o que acontece é que dá o momento de tomar o remédio e eu vou dormir, não me cortando. Vem funcionado, fico dias sem fazê-lo, este final de semana foi um pouco pior mas amanhã recomeço.


Então fui vasculhar a internet atrás de dicas para controlarmos nossos impulsos um pouco (pelo menos no que diz respeito a fazer besteiras no Facebook/Twitter/E-mail)  e achei um blog bem interessante, o healingfrombpd.org e a dona, a Debbie, dá dicas baseadas na Terapia Dialética Comportamental. A idéia é parar para pensar antes de fazer algo que possa trazer consequências desastrosas para nós. Tente parar por tempo suficiente para enumerar tudo que pode acontecer caso você envie aquela mensagem ou poste algo no Facebook. Se conseguir, escreva.
Para mim isso funciona toda vez que eu penso em retornar para o Facebook (para os que não sabem, fechei meu perfil assim que C. terminou comigo.), pra dar uma olhadinha só. Aí começo a enumerar as coisas do meu ex que posso ver e me magoar, como fotos ou mensagens e também coisas sobre meus amigos (ausentes). Respiro fundo e, por mais que eu fique muito tentada, não entro. Também deletei meu aplicativo do Foursquare e recentemente deletei uma amiga (!) do Twitter pois fui obrigada a ver um tweet dela que era compartilhado com o Facebook onde ela marcava meu ex. Por enquanto, com tantas emoções para lidar, não posso lidar com tudo de uma vez.


Tente colocar atividades entre o VOU FAZER e o FAZER. Limpe a casa, leia, estude, assista um filme, ligue para alguém, vá caminhar até a vontade passar. Ou se ocupe fazendo uma lista das coisas que você pode fazer para ocupar a mente na próxima vez que quiser fazer algo impulsivo!

Eu sei, nada disso é muito fácil. Eu estou tentando aprender, dei alguns passos, porém sei que ainda faço muita coisa impensada (principalmente no que diz respeito a tweets e mensagens de texto - recebi uma bronca um dia desses do meu melhor amigo porque eu estava postando o blog no meu twitter pessoal). O principal é: não se culpar se escorregar. Fez, tudo bem. Assuma a responsabilidade e trabalhe mais duro na próxima vez para não fazê-lo. Há uma causa para a escolha que você fez, nós somos muito sensíveis e acabamos nos culpando por ter errado. Mas lembre que você é humano. Eu, por exemplo, sei porque ando querendo beber mais e consequentemente fazendo as coisas que contei no início deste post: terça-feira é meu aniversário e vai ser bem difícil para mim - sem C., sem a grande maioria daqueles que eu achava que eram meus amigos, sem emprego, enfim. Então estou mais sensível a tudo mesmo.

É isso. Passos de bebê. Vamos ver no que isso vai dar.

* Gente, vocês devem ter notado um banner na coluna lateral, quem quiser mandar seu depoimento para eu postar aqui no blog clica nele que será direcionado a uma página com um formulário. Não precisam se identificar, se não quiserem. Tem também o link FALE COMIGO ou diretamente meu email - borderlineggirl@gmail.com. 
Entra tanta gente aqui! Eu gostaria muito de fazer do blog uma ferramenta mais dinâmica e que ajudasse ainda mais pessoas.
Ah sim, vou tirar meu twitter pessoal e peço que quem quiser adicione o perfil do blog, ali do lado! --->
:)
15 de jun. de 2013

Por que tantas pessoas se identificam com o Transtorno de Personalidade Borderline?


Bem primeiramente vale salientar que todas as pessoas têm algum “traço” de algum transtorno ou patologia, não existe individuo perfeito. Mas somente quando é preenchido o mínimo de requisitos pode ser feito o diagnostico.
NÃO EXISTE AUTO-DIAGNÓSTICO!
Você somente pode se dizer Borderline quando um profissional te dá o diagnóstico. O que na maioria das vezes demora por não ser um transtorno comum e um dos mais difíceis de diagnosticar, por ter traços de vários outros problemas.

Pegue mulheres que vivem em um país onde nascem sete mulheres para cada homem (aproximadamente). Mulheres essas que desde o nascimento vão formando uma ideologia irreal para um relacionamento, onde só é bom se ela for a princesa e ele o príncipe apaixonado. Mais a carga genética de milhares de anos onde há reações involuntárias a querer formar uma família e nunca ser abandonada aos “lobos” sozinha.

Pegue mais um punhado de pessoas que vivem em um mundo injusto e cada dia mais se sabe disso através de redes sociais e mídias. Como sabemos que inteligência é quase o oposto de alegria não é preciso analisar muito para ver que as pessoas estão cada vez mais vazias e depressivas a cada dia.
Impulsividade, bem quem nunca...
Junte tudo isso com o stress da sociedade pós-moderna. Onde tudo acontece muito rápido e as pessoas como formigas operárias, correm o dia todo ganham pouco e nunca relaxam. Isso nos torna irritados e amargos.

Bem, essa receita daria um ótimo exemplo de borderline, se olharmos rapidamente:
- Dificuldade de abandono
- Vazio;
- Depressão;
- Impulsividade;
- Irritabilidade;

E muitas vezes problemas familiares, pois a mínima porcentagem de pessoas faz algum tipo de terapia, o que gera progenitores problemáticos e obviamente filhos com problemas “anyway”.
A diferença está toda na INTENSIDADE e no TEMPO DE OCORRÊNCIA. Todo mundo um dia já se sentiu feliz e de repente ficou triste ou fez alguma coisa sem pensar ou se irritou com algo e fez alguma coisa louca, ou se pensou que sua vida não tem sentido ou sofreu bastante por um rompimento. Mas quando um Borderline fica triste ele sente uma dor tão grande que a própria morte parece menos dolorosa. Quando um Borderline está bravo ele quebra coisas, bate nas pessoas, grita e fala coisas que machucam. Quando um Borderline perde um amor para ele é a mesma sensação se Deus o tivesse abandonado é como se ele perdesse tudo que tem, é uma sensação de fracasso muito grande. E a gente se sente assim praticamente todo o tempo.

Como hoje o Borderline é o novo "hit" do momento (como já foi a bipolaridade) existem muitas farsas por aí. Muitos pseudo-borderlines e muita gente que se identifica com o transtorno. Talvez uma pequena quantia de pessoas que estão em duvida realmente seja. Mas só há um jeito de saber: 
PROCURE UM PSIQUIATRA!

* Gente eu só tenho um conselho a mais: ser borderline não é legal! Eu sou atormentada diariamente pelo fato de que é bem provável que eu nunca terei uma vida real, completa e feliz. Que eu nunca seja a mãe que meu filho precisa ou a mulher ideal para o cara que um dia tenha o azar de tentar ter um relacionamento comigo. Chega de farsas! Isto é um desrespeito com quem realmente sofre de TPB. Vão viver suas vidas, vocês não precisam ser carentes e tristes. Eu não tenho essa escolha!