Amigos:

13 de dez. de 2015
Hoje é 13.... 13 de dezembro. Dia da minha tradicional saudação quase natalina.... Cumprindo a tradição da data em anos anteriores, hoje é dia de falar das involuções das relações humanas e daquilo em que ainda me esforço por acreditar...
Da última manifestação quase natalina pra cá, gente chegou, gente saiu e mais do que isso... gente se esforçou pra me provar que nada disso faz sentido. No entanto, anos atrás, uma mulher com quem me relacionei, ao questionar se era mesmo uma escolha razoável quando haviam tantas outras melhores no meu caminho, ouviu de mim a seguinte resposta:
És a senhora do MEU castelo.... e se no MEU universo sou soberana, MINHA companheira só pode ser a MELHOR entre todas afinal, sendo eu o centro do meu mundo (não é egocentrismo.... todos nós temos um mundo particular...) e senhora das verdades que o fazem girar, só podes ser a melhor das escolhas...
E assim é.
Não, não sofro de narcisismo crônico. Apenas sou consciente de que não existe um único mundo que nos acolhe. Cada ser humano é um universo particular e cabe a si a determinação daquilo que pode ou não ser coerente e produtivo em seu mundo particular.
Então, meus caros, mais um natal sem hohoho... sem falsas verdades e sem projeções ilusórias. Só a certeza de que quem entrou talvez queira ficar.... que quem se foi, provavelmente devesse partir... mas que, independente de quem entra ou sai de nossas vidas, com certeza o universo não perde seu eixo nem deixa seu bailado cósmico quando alguém resolve projetar em você suas próprias frustrações e culpá-lo daquilo que não consegue ser ou fazer... as flores continuam florescendo em sua fração de universo, assim como a chuva continua caindo na fração de universo do vizinho.... mas, se o vizinho enxerga a chuva como benção ou como castigo.... bem... aí já é assunto para outro quase natal...

21 de jul. de 2015

Da drogadição emocional

Há muito tempo não escrevo aqui. Os motivos são vários. Mudanças de trabalho, de casa, de família, de tudo, me levaram a um tempo que não foi eatamente ocioso, mas de reflexão e autoanálise e, por hoje, minha passagem aqui é para dizer das coisas que mudaram e do que ainda precisa mudar. Então... Vamos lá!


O tempo inexoravelmente escoa, como foi no princípio e será até o fim.
E com a passagem do tempo, mais perceptíveis se fazem os danos deixados no rastro febril de uma relação tóxica. Sim. Sou uma sobrevivente. Veterana de uma guerra pessoal, silenciosa e oculta.
O que resta após o término é uma mistura estranha de orgulho, coragem, derrota e medo.
Difícil compreender? Eu explico.
Uma relação tóxica mina espaços antes férteis e deixa rastros de desertificação onde a realidade se mescla ao medo e deixa tudo turvo. O cone de silêncio deste furação é habitado unicamente pelo guerreiro solitário que retorna da guerra contra si mesmo e contra o domínio inimigo. Mas, se ao seu redor tudo jaz em silêncio, dentro dele coabitam sentimentos conflitantes que, por mero respeito à matemática, se anulam e mantém o guerreiro em suspensa animação. É importante ressaltar que, se o orgulho de finalmente ter saído dos portais do inferno está lá, também o sentimento de derrota por ter-se deixado abater mantém-se firme no propósito de anulá-lo. Se a coragem para seguir em frente se apresenta de armas em punho e um farnel repleto de sementes de tempos melhores está em sua bagagem, também o medo deixado pela sensação de deja vú que me assombra a cada sorriso de anuência, a cada gesto de carinho... a cada fala validante... a cada projeto sonhado em conjunto...
Se ontem o inimigo era uma presença tóxica externa, hoje o inimigo é algo que reside em mim mesma. O cone do silêncio nada mais é do que a fortificação das minhas defesas que se organizaram de forma a construir a meu redor um verdadeiro campo de força quase intransponível, que transforma cada feito, cada dito, cada olhar em uma arma pronta a disparar contra um alvo certo prestes a ruir... se você acha que este alvo é meu coração... lamento (mais por mim do que por você) mas está enganado. O alvo em questão é minha sanidade mental, posto que, atingida em cheio por uma relação tóxica assim duradoura e prolífica, passou a duvidar do tudo, do todo, do ar e do mar, de cada simples olhar, de cada gesto de pretenso amor... Que já aprendeu a não confiar mais em coisas que antes eram tão arraigadas a minha natureza e tão fortalecidas em minha autoimagem. Os anos ouvindo das desditas de ser quem sou (o que conscientemente sei ser simples forma de manipulação) me fez aprender a duvidar de minha própria capacidade, de coisas simples que sempre dominei sem dificuldade, refletindo-se hoje em minha vida profissional e pessoal de maneira aparentemente irremediável. Digo aparentemente por saber que minha natureza guerreira não se dispõe a depor armas sem luta contra essa sombra que me acompanha a cada momento, e que sei, será minha eterna oponente neste duelo que há de se encerrar no dia em que cerrar meus olhos.
Para aqueles que estão dentro de uma relação tóxica um alento: É possível sobreviver a tudo isso!
Para aqueles que estão em um relacionamento ou buscam por isso, um alerta: estejam sempre alertas. Jamais deixem de discutir ou expressar o que os fere. Jamais se permitam ser manipulados a ponto de não terem muita certeza do que é você e do que é o que se faz o desejo de outro projetado em quem você é. Por que, quanto mais inseguro, manipulador ou perverso for seu parceiro, menor ele desejará que você seja.
Existe vida após a morte? Bem... isso eu não sei. Mas, para quem viveu as dores de uma relação tóxica, o restante do tempo é vivido como se vivencia o fim de qualquer outra dependência tóxica. Em eterna vigília... Então:
SÓ POR HOJE, não vou me permitir ao sofrimento.
SÓ POR HOJE, não vou pemitir que ninguém me reduza a algo menor que eu mesma.
SÓ POR HOJE, não vou pemitir que o mal que me foi feito afaste de mim o amor que mereço receber.

SÓ POR HOJE... Serei tão feliz quanto puder ser.
23 de jun. de 2015

Sobre a insegurança e a solidão...





Faz tempo que não pego o computador para escrever... Hoje senti vontade. 

É engraçado, o tempo passa e eu sinto que estou sabendo lidar com alguns sintomas do TPB, e outros nem tanto. Como a questão da solidão, de não se bastar. É inacreditável se sentir só e ao mesmo tempo não querer fazer parte de lugar algum. Como se eu não pertencesse a ele. É um sentimento ambíguo, esse de sofrer por estar só e ao mesmo tempo querer estar. E quando estou, vem a luta contra todos os artifícios que antes eu usava pra lidar com meus sentimentos: a lâmina, remédios, bebida... As vezes eu caio. Não com relação aos cortes, esses são bem raros hoje em dia, mas principalmente a me auto-sabotar.

E uma coisa leva a outra, não é? Essa coisa da solidão. A gente não quer estar só e quando está, se culpa. Sempre a gente. Eu reajo a qualquer mudança de humor a minha volta, a qualquer resposta seca em Skype (que uso muito pra trabalhar), discussão, tenho que repetir muito pra mim mesma os mantras da terapia: "quais são as evidências que você tem para achar que você é a culpada?". Então a gente se culpa por estar deslocada, apesar de achar que deveria estar deslocada, e o pensamento gira gira, e o dia passou, o fim-de-semana passou e acabamos a passá-lo perdendo tempo sentindo pena de nós mesmos, aquela coisa do "ninguém me ama ninguém me quer porque eu não mereço" e esquece das próprias escolhas que fazemos.

As vezes acho que meu tempo acabou, sabe? Que é tarde demais, que o TPB fez tanto estrago antes, que agora que estou estabilizando não vou me encaixar nunca mais. Talvez me vitimizando ou talvez sem conseguir enxergar as possibilidades que a vida mostra. É mais fácil não lutar e se entregar a este pensamento de vez em quando. "Nunca vou ser reconhecida", "Nunca vou dar certo". Aí a gente não tenta, não mostra, não ousa, se fecha em concha por achar que não vai dar certo de qualquer forma.

Meio doente, em casa, é fácil se entregar a este sentimento de impotência em relação ao destino. Porém cabe a mim mudar esse quadro. Sair do modo "eilan" e voltar pro modo "naty". Fazer algo, nem que seja escrever no blog. Dividir este sentimento com vocês, talvez os únicos que possam realmente compreender. Dividir também que eu não pretendo pegar uma gilete e me retalhar. Eu quero acordar amanhã. Eu quero acreditar. Mesmo sem acreditar as vezes. 

Beijos a todos. Vamos continuar a fazer uma vida que valha a pena ser vivida. Dia após dia.

PS: Difícil escrever hoje em dia, com tanta gente que me conhece sabendo da fanpage, do blog, enfim... Mas vamos lá. 


14 de jan. de 2015

Trocando Experiências - Procurando ajuda


Olá Nath,

Sei que deve receber muitos emails e que talvez nem chegue a ler o meu. 

Mas ao pesquisar sobre a personagem Ray da Débora Falabella, acabei chegando ao seu blog. 

Ao ler a sua saga me identifiquei muito com você, desde a época da infância, pois eu também sofria bullying na escola por ser mais gordinha e até hoje não aceito a minha imagem, mas principalmente quando você trata sobre seu término de namoro.

Sempre fui problemática, com sentimentos de inferioridade, nunca fui de namorar, sair com garotos, pois sempre acreditava que ninguém nunca iria querer sair comigo.

Meu último relacionamento foi doloroso, marcado por indas e vindas, discussões e ciúmes. Onde eu fazia o impossível por ele, com um medo terrível de ser abandonada (aliás, a ideia de ficar sozinha me causa pavor). Quando ele terminou comigo, foi como se minha vida estivesse indo embora, não tinha mais ânimo pra sair, até porque ficava com medo de vê-lo ele e reviver todos os sentimentos, não comia e nem conseguia dormir. 

Mesmo não estando mais junto, ficava esperando ele mandar uma mensagem, ligar só para dizer que estava com saudades, ou pedindo desculpas e dizendo que eu fui especial pra ele, mas como isso não acontecia ficava sempre me culpando, repassando cada palavra dita, cada atitude, cada momento tentando ver no que eu tinha errado. E eu sempre me culpava.

Isso dói muito...um sentimento de vazio, parece que todo mundo ao seu redor está feliz e você não, se você vê alguém sorrindo sente raiva por não conseguir sorrir, e logo dá aquela vontade de chorar.

E quando precisa de um amigo, pra chorar, para ouvir suas loucuras..ninguém nunca está disponível, mando mensagens e ninguém responde, fico me culpando..achando que me acham chata, e ninguém quer ficar ao meu lado me sinto mais lixo ainda. Porque temos que ser assim? As vezes choro de raiva..por eu ser assim, por ter as emoções a flor da pele e isso dói.

Ao ler seu blog...foi apertando minha garganta e as lágrimas foram caindo, pois sei exatamente como é que você se sente. 

Nunca procurei ajuda, mas esses dias tomei coragem e mesmo com vergonha, vencendo preconceitos irei a um psiquiatra. A consulta já está marcada, espero que me ajude.

Parabéns por ser batalhadora e ser um exemplo para tantas pessoas que passam por isso também.


Querida,

Eu leio todos os e-mails que me mandam... Infelizmente eu tenho uma vida muito corrida e não tenho tempo de responder a todos, por isso de vez em quando publico alguns e escrevo as respostas, até porque sua angústia pode ser a de várias outras pessoas.

A idéia do blog foi exatamente para as pessoas verem que não estão sozinhas... Que não somos ETs e que existe esperança. Para todos.

Fico muito feliz de você ter tomado coragem e procurado ajuda. Sua vida vai começar a melhorar e tenho certeza que vai começar a valer a pena ser vivida.

E obrigada pelas palavras de carinho!!

Beijos!

Nathy
10 de jan. de 2015

Apaixonado por uma border - trocando experiências



Oi. Eu não tenho TPB, mas estou apaixonado por uma menina border. Eu a conheci na faculdade, mas ela trancou a matrícula. Por sorte ela faz um curso junto comigo, assim eu pude manter contato.
Depois de muito tempo conversando, principalmente por facebook, já que às vezes ela se ausenta do curso, eu a convidei pra sair. Ela aceitou e até se mostrou bastante entusiasmada. Fomos a um sarau onde ela expôs seus desenhos(ela é uma ótima artista). Nos divertimos, conversamos, tava tudo bem até que ela disse que estava se sentindo mal e pediu pra ir embora. Na verdade ela ficou frustrada porque os desenhos dela não tiveram muito reconhecimento. Não fiquei surpreendido, porque já sabia que ela é borderline, e como faço Psicologia sei que a frustração afeta muito o border. Fomos embora e no dia seguinte eu tentei animá-la, elogiei a arte dela e perguntei se a gente podia sair de novo, mas ela simplesmente não responde mais minhas mensagens. 

Agora não sei o que fazer, devo insistir ou devo deixá-la quieta? Não entendo porque ela passou a me desprezar literalmente de um dia para o outro. Por favor, será que você pode me ajudar a entender o que está acontecendo? É normal mulheres com TPB agirem assim?
Ficarei muito grato se você puder me ajudar.

Obrigado pela atenção.


Oi!

Primeiramente, mulheres são sempre mulheres, com ou sem TPB. E temos razões que a própria razão desconfia... Ela pode não ter respondido por mil razões diferentes: pode ter medo da sua aproximação, pode ter querido te afastar pra ver se você voltava, pode ter "enjoado" - já aconteceu comigo - enfim... Mas cuidado ao vê-la como border simplesmente. Antes de tudo ela é uma pessoa, que pode ter suas próprias razões, que talvez não tenham nada a ver com o TPB. 

Como você me mandou este e-mail já faz um tempo, imagino que esta situação já tenha tido um desfecho. Espero que tenha sido bom!

Beijos,

Nathy


6 de jan. de 2015

Trocando experiências - idéias de suicídio.


Oi Natália, tenho 19 anos e descobri q tenho borderline há 1 ano quando depois de muitas tentativas de suicídio fui internada. Eu não fazia a mínima idéia do que era essa doença, foi aí que depois de pesquisas na net encontrei o seu blog, que desde então tem me ajudado muitíssimo. 

Minha vida nunca foi fácil, mas ela tem sido horrível de uns meses pra cá porque agora estou completamente só, só mesmo! Minha mãe tem o maior preconceito com transtorno mental, definitivamente eu não sou a filha que ela esperava eu me tornar, me cobra muito e eu me sinto muito mal, e pra piorar meu irmão mais velho tem piorado nas piadinhas de mal gosto desde que eu tive alta, me coloca no chão o tempo todo, e meu pai é um canalha, eu o odeio. 

Não tenho apoio da família, muito menos dos amigos que por medo de perder acabei perdendo de verdade. Estou tentando tomar coragem pra me jogar de uma ponte aqui perto de casa (a unica coisa que ainda não tentei) os meus últimos  cortes nos pulsos já estão cicatrizando e a minha vontade de morrer não passa.

Querida,

Tem certas coisas que é díficil até dizer algo... Eu me lembro quando estava em crise, bem mal, toda vez que me diziam "vai passar" eu ficava com raiva... Porque não parece que vai passar. O que posso te dizer é que se a gente focar na terapia, na medicação, deixar o tempo passar, essa vontade de morrer vai ficando menos frequente... A lâmina fica menos atraente. É um dia atrás do outro, uma vitória atrás da outra. 

Na sua idade os sintomas são intensos e é complicado lidar mesmo... Tente ler o blog, livros, tente fazer coisas que te tirem a atenção das idéias suicidas, ver filmes... Manter a mente ocupada. Eu assistia seriados o dia inteiro para não pensar muito... E assim fui sobrevivendo a um dia após o outro, até reunir forças.

Espero que você esteja melhor...

Beijos, 

Nathy


2 de jan. de 2015

A vida começa todos os dias.




(texto da colaboradora mascotinha Isabella. O blog dela é Borderline.Excessos)

Hoje, me questionei muito sobre o que eu iria falar para vocês, e depois de tantas perguntas e dúvidas, resolvi falar sobre o que tenho aprendido depois de ser diagnosticada Borderline. Vejo o quanto as pessoas sofrem por não saberem o que é esse transtorno de personalidade. E o que não acaba ajudando em nada é quem não nos entende. Perdi as contas de quantas vezes fiquei chateada e me sentindo frustrada pelo fato de que não somos todos iguais. Enfrentei muitas dificuldades na escola, não sou uma pessoa nem um pouco fácil de lidar, e com os confrontos que encontramos no nosso cotidiano muitas vezes não sabemos como lidar com eles! 

Reparo muito na falta de informação e preconceitos que sofremos por algo que não sabemos ao certo o que está acontecendo com a gente. Não estamos tentando chamar atenção não é? Temos um transtorno e precisamos lidar com eles da mesma forma em que somos fortes para levantar e encarar a vida todos ou dias. Eu carrego um pequeno lembrete no corpo que diz "Love Yourself", e eu olho todos os dias e lembro que acima de tudo devo me amar, antes de amar alguém. Não vejo como um defeito ou problema a nossa forma de amar demais e sentir demais, a única coisa que precisamos é entender a si próprio. Precisamos ser lembradas pelas nossas vitórias, conquistas e pelo o que somos! Não vamos deixar que isso nos abale, e sabe por quê? Porque somos únicos, e não há nada no mundo que possa nos fazer mal se você também não se machucar. Vejo o quanto eu cresci e amadureci depois desses dois anos de diagnóstico. Quantas batalhas vencidas e quantas vezes eu tive que pedir ajuda, porque ser orgulhosa nesse momento não vai ajudar. 

O tratamento deve ser levado a sério, assim, podemos ter controle e levar a vida e não ela nos levar. Tente pensar em como você quer se ver, pensou? Eu quero ver todos(as) vocês cada vez melhor, vamos pensar mais antes de tomar atitudes que não vão nos trazer benefícios. Não é algo fácil, mas a gente consegue, e uma única certeza que eu tenho, é que tudo vai passar, hoje não vai ser como amanhã e assim em diante. Então levante da cama com a mesma certeza que eu tenho, existem frustrações, dias ruins, nos decepcionamos mas também temos nossos dias bons, sorrimos, e temos a chance de começar tudo novamente no dia seguinte. Quando eu ganhei alta do internamento uma pessoa muito importante me disse uma frase que eu coloco no meu despertador para ver sempre que acordo, "A vida começa todos os dias" (Érico Verissimo)

E ai, como vai começar seu dia amanhã?
Quero ver todos(as) bem, Beijão.