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20 de abr. de 2013

Personalidade X Transtorno




Hoje escutei uma coisa que me fez pensar: que eu estava deixando esta coisa toda de ser border me pegar. Me pus a devanear e ainda não cheguei a uma conclusão, mas penso que uma das principais lutas de quem tem um transtorno, seja ele qual for, é tentar descobrir aonde começa o indivíduo e termina o transtorno.

Sendo mais específica para o Borderline. Quem me acompanha viu meu desespero ao escutar de meu ex frases que levavam a crer que ser TPB me fazia difícil e que este era meu defeito. Fico pensando... Defeito? Como algo que, sem que eu sequer pedisse, está inerente a mim poderia ser chamado de defeito? Agora, se não é defeito, o que é? Será que a pessoa que avançava em um namorado quando irritada é a Nathalia ou a garota Borderline? Como saber com clareza dividir ou identificar nosso traços de personalidade que foram moldados com o decorrer do tempo e a impulsividade e reações características dos Borders?

O segundo problema é que o indivíduo com TPB precisa do outro para definir quem é. Como eu não sei o que vejo quando olho no espelho, espero que os outros coloquem as cores no que para mim é cinza. Então, se formos parar para analisar, ao escutar de alguém que sou X ou Y, vou acabar acreditando nela. Aí a confusão começa quando várias pessoas te definem cada uma de um modo. Afinal, sou uma boa pessoa ou uma louca ciumenta beirando a violência? Preguiçosa ou lutadora? Forte ou fraca?

Como consequência, acho sim que, desde que me descobri borderline acabei me vestindo um pouco disso. Basta ver o nome deste blog. Porque é uma definição, afinal, apesar dela não ajudar em nada, pois prega que nós não temos consciência de nossa própria identidade. Aí, como num looping infinito (sim, a expressão foi para você) se saber Border quer dizer que temos consciência simplesmente que não sabemos quem somos, portanto temos que aprender a colocar nossas próprias cores na imagem do espelho. Ou seja, talvez a consciência e a definição em si não valha de nada, pois ela por si diz que não temos uma definição própria.


Por exemplo, o fato de que me corto. Já havia feito isso antes, a muito tempo. Lembrei de novo quando estudava sobre o TPB. Sem que eu sequer me desse conta, já estava fazendo. Primeiro com faca, depois li não sei da onde sobre a gilete e pensei... Por que não? Será que se eu ler que alguém faz isso com um bisturi vou querer também? E isso quer dizer o que, que sou sem personalidade ou uma borderline? Mas o border exatamente não tem este problema em se definir? Então minha pergunta foi redundante?

Complicado? Eu sei. Esta é a pior parte. Por isso que me corto e me desespero quando escuto coisas como as que escutei esta semana. Porque é alguém que - na teoria - deve saber como me definir. Se esta definição for que eu sou simplesmente uma insana não confiável, que argumentos posso buscar dentro de mim para refutar esta afirmação, se eles estão perdidos em algum lugar junto com todas as outras definições que já ouvi de mim na vida? Irresponsável, leal, gorda, linda, louca, madura, criança, manipuladora, inteligente, amiga, falsa... Será que no final me descobrirei nada disso, que eram todas características que queriam que eu tivesse?

E este texto, da onde vieram estas idéias? Da Eilan ou da Naty?


...


- Em tempo: Decidi que farei os vídeos sobre minha trajetória com o TPB. Recebi um depoimento em que era citado que o meu blog havia sido indicado a uma Border por uma psicóloga. Primeiro pensamento: Oi? Pra saber o que? O que não fazer para melhorar?
Segundo pensamento: eu devo ter acertado em algum momento. Então vamos dar a cara pra bater um pouco mais.
Vou tirar a pesquisa já que ela teve muitos votos... Poxa, vocês podiam ter dado um cliquezinho lá né?

6 comentários:

  1. Olá!
    Elian
    ah...eu tô tranks em relação à votação do Vídeo.Eu votei!Parabéns pelo blog ser indicado.
    ...quando apresentam sintomas na área do pensamento, percepção e emoções, causando prejuízos nas relações consigo mesma, interpessoais e familiares tenho certeza que é a border Naty.
    Afinal ,pelos seus relatos, perde se o sentido de realidade ficando incapaz de distinguir a experiência real da imaginária.
    Bom dia
    Bom final de semana
    Beijos



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  2. Primeiramente Parabéns pelo blog ser indicado!! Segundo, fico feliz que minhas colocações as vezes por aqui não são vistas como ofensivas, nem diretas demais ao ponto de te magoar, tenho medo as vezes de ser sincera demais com as pessoas a ponto de ferir, porque as vezes pareço um pouco meio agressiva no falar, talvez escrever seja menos...Mas, se vc precisa de um outro pra te ajudar, porque não procura alguém mais positivo para sua vida sem ser esse bocó do seu ex? rsss
    Eu acho que ele não sabe de NADA sobre pessoas que sentem dor e que não tem nada a ver com defeito. Ninguém que tem esses sintomas são defeitos, isso não procede. Ele pra mim está na defensiva com vc por simplesmente ter medo das suas atitudes, e não sabe lidar. Aprendi que as pessoas nos ofendem as vezes por medo. Medo de ter vc por perto e não saber lidar...porque simplesmente não sabe como fazer. Mas, hoje li uma frase interessante, "não vale correr atrás de ninguém, porque se estamos correndo, é porque o outro está fugindo." É uma realidade, continue buscando pessoas melhores pra sua vida..para te ajudar e que te aceitem..suas características te fazem melhor que muitas pessoas, por ser mais sensível e perceber o que ninguém as vezes é capaz. Fica tranquila..beijos!

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  3. ainda que o bipolar seja um transtorno diferente, ontem vendo um vídeo, descobri que o bipolar não se conhece (?)
    enfim, padeço das mesmas angústias e já não tento separar meu eu da doença, é inútil e não vou conseguir mesmo. sou assim e pronto. procuro melhorar, conviver com minhas limitações e principalmente não usar a doença como desculpa pros meus erros e tentar identificar quando errei feio e pedir desculpas, enfim, um árduo caminho. Deus reservou para os fortes amiga. bjs

    http://eubipolarbuscandoapaz.blogspot.com.br/

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  4. Gostei de ler "onde começa o indivíduo e termina o transtorno" pode ser uma solução.

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  5. Olá querida,
    ler seu post me fez pensar nas minhas crises de personalidade, tinha uma época em que eu detestava ouvir o que as pessoas diziam de mim. Eu andava muito pra baixo e as pessoas ficavam dizendo o quanto eu era isso e aquilo antes da depressão me atingir, aquelas palavras me arrasavam por dentro. E detestava ouvir a frase "você tem muito potencial", eu achava que havia enganado todo mundo, que todo mundo tinha uma visão a meu respeito que não era real, que eu tinha um lado negro mas que só eu conhecia e foi deixando isso sair pra fora (nas crises de choro, na terapia, nos textos que escrevia) que obtive melhora porque aquilo estava me corroendo por dentro como um câncer.

    A minha psicologa me orientou uma vez a não me aprofundar no assunto cutting, não ficar procurando histórias parecidas, nem ver vídeos, nem imagens porque isso poderia estar me influenciando a praticar também. Não vou dizer pra você fazer isso mas... sei lá, acho que cada um sabe dos seus motivos e não acho que sejamos influenciáveis a tal ponto.

    Bom fim de semana querida e lembre-se:
    A respeito do que dizem sobre você fique só com o que for bom.

    bjs
    http://bloggdafabi.blogspot.com.br/

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  6. Eu sou border e descobrir a pouco tempo. Tenho ido ao psicólogo. Mas lá me torno fria e super mega astral.
    Tenho vários personalidades. Não aguento mais!!
    Agora nessa momento. Não paro de chorar. Vontade de sair gritando por aí. E não tenho motivos!!
    Preciso de ajuda.
    Meu noivo já sabe q sou border e tem me ajudado bastante. Só q quando ele me deixa pra ir Trab ou faZer algo. Tenho crises de choro..

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