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8 de jun. de 2013

Sonhar com a realidade e viver o sonho (Dissociação)




Desde muito cedo eu sempre sonhei acordada. A dissociação se apresentou para mim por diversas formas e níveis.

Por tantas vezes viajei até as estrelas, bebi águas de fontes europeias, senti o calor desumano do sol árabe, senti o frio dos pólos ou nadei nas mais límpidas águas do pacifico. Tudo isso trancada em meu quarto.

Já tive muitos nomes, já revivi momentos bons milhares de vezes. Já adiantei acontecimentos futuros de qualquer época. Basta que eu me distraia um pouco e o tempo real deixa de existir. Minha vida vira um sonho e o sonho à realidade. O que é o sonho? O que é a realidade? Já não sei mais. Sinto o calor de um abraço ou a dureza de um murro realmente em minha pele. Dentro da minha mente existe um universo inteiro que não é menos digno do que o que vivo apenas diferente. Nele não me sinto sozinha, sou quem desejo ser. Tenho todo o carinho e atenção do mundo. Construo uma atmosfera rapidamente e ali me abrigo sob os beijos apaixonados de quem eu desejar.

Há também vezes que o que vejo não é necessariamente o que desejo. Quando eu era mais jovem acreditava ser “a enviada” e ter poderes mediúnicos. Ouvia vozes, diálogos e seres humanos ou não se materializavam frente a mim. Ter deixado de crer nisso não me fez parar de ver apenas transformou meu nome de “a enviada” para “a louca”.

Até hoje nenhuma das 9 escolas que estudei nunca deixou de exigir ou ao menos recomendar apoio psicológico durante o ano letivo – “apenas uma menina avoada” – pensavam meus pais, mal eles sabiam o tamanho daquilo e que só iria piorar...

Nunca perdi um ano de minha vida para o esquecimento (o que seria ótimo se acontecesse), mas freqüentemente esqueço se comi, tomei banho ou ingeri remédios realmente. De tempos em tempos me afasto completamente do contato social, e a maior alegria da minha vida é quando me vejo sozinha em casa, com fones altos nos ouvidos ou apenas a escuridão de um quarto fechado, entro em transe quase uma auto-hipinose. E lá vou eu...

Cheguei a desejar tomar algo que me fizesse entrar em coma profundo e que eu só acordasse quando esse mundo pudesse me aceitar e tivesse algo a minha altura para oferecer. Sabia que isso jamais aconteceria, não a parte do coma, mas a do mundo.
Por esse motivo desejei tantas vezes morrer. A pós-morte mesmo sendo um mistério para mim, ainda assim me parecia ter mais chances de felicidade plena que minha própria vida.

Realmente não espero que o mundo real deixe de existir, apenas desejo do fundo do coração poder gostar um dia da minha realidade e de mim mesma. Não um pouco, mas completamente.

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