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7 de ago. de 2013

O peso da família no tratamento do TPB



Não importa qual seja seu transtorno, distúrbio ou doença. O apoio e envolvimento familiar são de extrema importância. E nem quão grande seja seu problema ter alguém em quem você pode se apoiar e dividir o peso são fatores chave para a confiança em dar continuidade a terapia. Muitas vezes um simples gesto de levar a pessoa ate a terapia, o dialogo, o envolvimento e o suporte dos membros da família auxiliam o trabalho de qualquer profissional.

O papel da família na resolução do tratamento:

Amar alguém com Transtorno da Personalidade Borderline podem ser confuso e, muitas vezes, cansativo.

Imagine que seu familiar dizendo: "Eu sou uma pessoa ruim", ou "Eu quero me matar." Estas declarações, tão carregadas emocionalmente, são difíceis de lidar de uma maneira que não é simplesmente uma reação instintiva.
"Não, você não é uma pessoa ruim", é, naturalmente, a primeira coisa que você quer dizer. Mas a contradição de que você está dizendo e como a pessoa que sofre de Transtorno de Personalidade Borderline sente pode ser confuso e invalidar a essa pessoa.

Há uma necessidade de quase uma hiper-consciência de suas próprias ações e reações quando se trata de lidar com a pessoa com Transtorno de Personalidade Borderline.

Isso soa familiar? Relembre episódios que você experimentou com o membro da sua família com Transtorno da Personalidade Borderline. Você dá a ele mais atenção quando ele ou ela está em crise, e, em seguida, recua quando ele ou ela não está? Isso pode realmente servir para recompensar o comportamento de crise. Especialmente considerando que o medo do abandono ou a falta de seus entes queridos é um dos sintomas de TPB.

Tratamento para você e seu familiar
Os sintomas da TPB podem resultar nesse tipo de círculos viciosos. Incentivar seu familiar a procurar tratamento é uma forma de mostrar ao seu ente querido que você acredita na sua capacidade de recuperar e melhorar a sua vida.

No começo, ao aumentar o tema de tratamento do TPB, você pode sentir no começo como pisando em ovos. Traga-o suavemente, com amor, e definitivamente, não durante o período quando as emoções estão elevadas. Ofereça-se para ajudá-lo a encontrar clinicas. Deixe-os saber que você vai estar lá como uma base sólida através do processo.

Como um membro da família, você está em uma posição única para lembrar ao seu familiar que as mudanças levam tempo, e para lembrá-lo que você estará lá constantemente no processo de cura, que por vezes ficará tumultuosa.

Por este motivo, encontrar um tratamento correto para TPB que envolve a família no processo é vital para ajudar seu familiar se recuperar. Não é só aqueles que sofrem de Transtorno de Personalidade Borderline, que seriam ajudadso por habilidades, como a atenção plena (mindfulness) e uma melhor comunicação da aprendizagem.

Cuidar de si mesmo e da sua própria saúde mental e emocional (e física, na verdade) é de extrema importância. Olhe para o seu próprio eixo: em amigos e familiares de grupos de TPB. Você pode encontrar neles, também, a necessidade de validação e em como ajudar seu familiar em sua jornada para uma vida mais saudável e satisfatória.

Fornecer suporte durante o tratamento de TPB:
Enquanto seu familiar está em tratamento de Transtorno de Personalidade Borderline, há algumas dicas para dar apoio em sua jornada para a recuperação:
1- Vá devagar. Aceite o fato de que a mudança leva tempo, e que há avanços e retrocessos
2- Seja legal e gentil. Mantenha as coisas calmas e em equilíbrio. O elogio é bom, mas mantenha-o em um nível legal. O mesmo vale para o conflito.
3- Não esquecer a vida. Fique em dia com suas rotinas e mantenha contato com a família, amigos e atividades que nada têm a ver com TPB ou seu tratamento. Seu amado não é definido por seus sintomas e seu tratamento.
4- Piadas, sorrisos, risos. Faça um esforço para se concentrar em coisas e eventos fora do tema da TPB. Aproveite a vida e a companhia um do outro como membros da família, e não apenas os membros da família no tratamento. Não se esqueça da causa que estão neste caminho juntos. Amor.
5- Não há como duvidar da importância da família e entes queridos, quando se trata de tratamento de Transtorno de Personalidade Borderline.A família pode fornecer uma base e um alicerce para um ente querido, bem como uma fonte estável de reforço positivo e compaixão.

[Tradução livre do artigo: "The Importance of Family in BPD Treatment"]


***Na minha experiência pessoal na falta do apoio familiar foi sem dúvidas não só um dos precursores do meu transtorno, mas também o motivo do qual ainda não consegui lidar nem minimamente com ele. Desde muito cedo senti na pele esse déficit no meu desenvolvimento e na criação da minha autoconfiança. O preço pago foi caro, e foi jogado nos braços de quem sofreu a falta. Nunca fez muito sentido e nunca me sentirei vingada, pois nada apaga o estrago. Eu nunca sonhei realmente com uma família utópica, dessas de propaganda de margarina, mas queria uma mãe zelosa um pai exigente que realmente quisesse algo de bom pra mim, talvez irmãos que eu brigasse muito, mas no final sempre terminássemos unidos lutando juntos. Eu sei que a vida não é como queremos e que sempre dá pra ser pior, mas mesmo assim qualquer gota de amor, qualquer grão de proteção teriam evitado muita coisa em mim. No atual momento dependo do meu pai para pagar a terapia e os remédios do meu longo tratamento para TPB (que de certa forma ele foi o grande causador) e estou aventando a possibilidade de ter que interromper novamente por falta de dinheiro, pois ele assim como topou pagar, agora ele está “destopando”, pois não me dá o dinheiro pra pagar. Juro que do fundo do meu coração desejo poder conseguir trabalhar e ser a responsável pelo meu tratamento, mas no momento preciso me humilhar pro cara mais besta da face da terra: meu pai. Minha mãe??! Minha mãe finge que nem é com ela, ta maravilhosa morando numa bela casa na Costa Rica casada com um cara bem de vida e dorme tranquila no travesseiro todas as noites, sabendo que a única filha dela ta aqui com um problemão e sem ter como viver. Sinceramente ser pais e ter filhos são duas palavras muito diferentes.



6 comentários:

  1. Danielle,eu sinto muito por essa sua situação familiar. Aqui onde moro, em Cajamar, na grande SP, consegui para o meu filho tratamento psicológico no posto de saúde sem nenhum tipo de burocracia e com boa profissional. Digo isso porque há uns 4 anos quando levamos ele para tratamento em uma renomada psicologa de São Paulo, ele não teve avanço nenhum e foi muito caro. Quando levei ele nessa profissional do posto de saúde ele teve avanços significativos. Achamos que ele tinha melhorado e não o levamos mais, pois ele não queria ir. Foi um erro, mas agora ele retomou seu tratamento. Ele foi diagnosticado com ansiedade de separação, eu sei que o TPB é bem mais severo, mas estou contando isso, pois sei que o que vc escreveu a respeito da família é verdadeiro. Desejo de coração que vc consiga prosseguir com o seu tratamento. Bjs

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    1. Obrigada Christiane :)
      Sim, infelizmente onde moro não é assim, todos da minha família tem plano de saúde, menos eu. Burrice pois somente eu tenho algum problema que necessita de acompanhamento, e para conseguir medicação tenho que estar no programa do SUS e fazendo tratamento com um profissional da rede pública, o que não é meu caso também. Mas pretendo ajeitar tudo, mas por hora é assim. :/

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  2. Olá,
    Não é fácil viver com o seu problema, no entanto, quando existe o apoio familiar, aproximação, compreensão, tudo pode ser mais fácil ouvindo o que pode fazer mais para solucionar o problema.
    Não tenho duvida que Eilan vai conseguir ultrapassar tudo para ser feliz.

    ag

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  3. Oi! Queria aproveitar para dizer que adoro o blog e sempre venho aqui em busca de informação ou mesmo conforto.
    No meu caso não tenho também apoio da família e a própria é a maior causa do meu distúrbio. Na minha infância tinha uma convivência boa com a família e muito amor de meus pais, e mtus irmãos para brincar e brigar. Mas perdi meu pai quando tinha 11 anos e foi quando tudo começou. Eu sou a mais nova e aparentemente era mais madura que meus irmãos. Como eles davam muito trabalho e eu não queria ver minha mãe sofrer sempre guardei tudo pra mim. Levaram 3 anos para ela perceber que algo se passava comigo. Não a culpo, entendo mtu bem oq ela estava passando.
    Com 13 comecei a me cortar.
    Meu escape sempre foi escrever, escrevia todos os dias. A sete anos não me corto embora ultimamente esteja bem tentada a faze-lo.
    Enfim, agora 13 anos depois não consegui lidar com tda essa carga e busquei ajuda. Estou no início, mas já me sinto bem.
    Enfim, resolvi comentar pois a presença da família é muito importante e sinto mtu por não tê-la. Meus irmãos estão cada um focado em sua própria vida, não se importam cmg. E minha mãe me afastei por conta de um irmão que mora com ela e também por não saber lidar com o que sinto. Porém essa falta da família me corrói todos os dias.

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  4. Olá, pessoal,
    tenho uma filha adotiva, atualmente com 14 anos de idade. Foi recentemente diagnosticada Borderline, apesar do próprio psiquiatra dizer que não se fecha diagnóstico antes dos 18.
    Sentimo-nos (meu marido, eu e os irmãos) perdidos. Nenhuma psicóloga da cidade quer pegar o caso, por acharem que correm riscos, dizendo que minha filha também. E olha que temos convênio, situação financeira, que nos permite pagar tratamento particular, apertando um pouco o orçamento da casa. Mesmo assim, perdemos o chão, não existe grupo de apoio, os profissionais muito pouco falam sobre o transtorno em minha cidade. Os grupos de pais são para adolescentes drogados, o que, por enquanto, pelo menos, não é o caso de minha filha.
    O que temos pela internet é, procure ajuda...
    Mas com quem????? Muitos indicaram a internação! Tá, interna e depois? Não tem que seguir com tratamento?
    Olha, vou contar, confeso que fiquei foi é decepcionada. Não que eu quizesse a chave do problema, nem tão pouco a cura, mas acompanhamento ao paciente para se fortalecer, para entender melhor o mecanismo do que está passando, para lidar com as situações, para ajudá-lo a achar seu lugar no mundo e integrá-lo à sociedade. Também no meu "achismo", acho que deveria ter orientação aos familiares.
    Porém até agora, contamos com nosso bom senso, intuição, amor e algumas informações vindas de sites e blogs como este, que esclarece muito e pelo qual agradeço. Obrigada.

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  5. OI
    Posso me definir como TPB estabilizada, com quase meio século de vida. Passei anos sem diagnóstico, depois erroneamente diagnosticada com depressão e transtorno alimentar. Na juventude, com muita dificuldade, estudei e trabalhei, apesar de ficar "pulando de galho em galho', sem seguir um rumo ou carreira, o que me trouxe grandes prejuízos profissionais. O mesmo ocorreu com relacionamentos, pois rompi com familiares, amigos e diversos, inúmeros romances... Cheguei a casar e tive uma filha linda.
    Mas, por infelicidade, azar ou sei lá o que, minha filha tem essa herança maldita do TPB e de uma forma aparentemente mais grave e incapacitante que a minha.Não consegue mais estudar, nem trabalhar. Só fica em casa, não tem nenhum amigo (eu tinha alguns, mudava, mais arrumava outros, pelo menos). Ela não sabe o que quer da vida e não busca, eu ao menos tentava, começava, experimentava curoso, trabalhos em diferentes áreas, mesmo que nada nunca fosse satisfatório...
    E hoje minha maior infelicidade é vê-la sofrer e, pior, sem nenhuma perspectiva de futuro!
    Isso dói em mim. dói muito...
    Entendo a dor dela, mas ela não acredita e me vê como inimiga...
    Busquei ajuda, tratamento, ela não quer, desiste de tudo... Por isso digo que o quadro dela é mais grave...
    Bom, só queria aproveitar esse espaço para um desabafo!

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