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15 de ago. de 2013

Por que as pessoas com o Borderline tem problemas com relacionamentos?




Relacionamentos são um milagre: dois seres se juntam, trazendo todas as suas opiniões, bagagem emocional e traços de personalidade com eles. De algum jeito algo acontece e uma parceria nasce.

Os primeiros meses - muitas vezes chamados de "lua-de-mel" - geralmente são os melhores. Porém, mais cedo ou mais tarde, quando as coisas ficam mais confortáveis e as pessoas vão se mostrando mais, os relacionamentos podem ficar mais difíceis. As barreiras e as fronteiras se quebram, danço espaço para mal - entendidos e sensações de estar sendo desrespeitado ou negligenciado.

Claramente os relacionamentos são difíceis pra todo mundo. Mas não é surpresa saber que as pessoas diagnosticadas com TPB tem um padrão de relacionamentos extremamente tensos.

Os sintomas do TPB que fazem os relacionamentos serem um desafio:

De acordo com o Instituto Nacional da Saúde (National Institutes of Health - NIH), o transtorno de personalidade borderline é caracterizado por sintomas que desafiam relacionamentos, como:

- Problemas em regular as emoções e pensamentos.
- Comportamento impulsivo e imprudente.
- Medo do abandono

Porque os relacionamentos são intrinsecamente baseados em confiança e comunicação, os elementos acima são um peso a mais nos desafios comuns existentes em qualquer relacionamento.

Pra transformar os relacionamentos em algo ainda mais desafiador, aqueles com o TPB tem altas taxas de:

- Abuso de substâncias
- Auto-mutilação
- Tendências suicidas
- Depressão
- Ansiedade
- Transtornos alimentares

Qualquer relacionamento lidando com estes desafios tem um caminho duro pela frente. Some isso aos sintomas do TPB, e as coisas podem ficar fora do controle rapidamente.
Melhorando os relacionamentos
Se há o desejo de ter um relacionamento significativo e completo, é possível tê-lo. Se pode até reparar certos erros cometidos no passado, antes que houvesse uma compreensão melhor do problema.

Com certeza, os relacionamentos mais difíceis de reconstruir são aqueles onde não há mais nenhum contato. Mas até mesmo nestas circunstâncias, existem coisas que você pode fazer.

Aqui vão dez dicas para melhorar/ter de volta/encontrar o relacionamento que você quer: 

1. Aprenda a tolerar as dificuldades um pouco mais. Alguns conflitos e circunstâncias difíceis são parte de um relacionamento normal e saudável. Se você focar neste ponto de vista e não explodir depois, estas ocorrências aparecerão e irão embora. Elas também podem servir como um momento para desenvolver a intimidade, aprender a solucionar os problemas e aprender a confiar e apoiar um ao outro.

2. Trabalhe seu senso de auto-estima. Mais do que tolerar as dificuldades, não há nada que ajude mais do que isso. Por que? Porque quando uma pessoa tem um forte senso de quem é, não se preocupa com outro que possa estar julgando, deixando ou criticando quando oferece sua perspectiva. Ela valoriza (na maioria das vezes) as opiniões dos outros, pode considerar, mas estas opiniões não a definirão ou darão seu valor. 

3. Melhore suas habilidades para validação. Validação é uma habilidade de comunicação onde você escuta alguém sem julgá-lo, e o faz saber que o que ele está experienciando é real e compreensível. Isso não significa que você concorda com sua posição. Esta habilidade é muito útil para diminuir emoções fortes no outro, negar ou afirmar um pedido.

4. Pergunte-se: "e daí?" - Estar certo ou ter as coisas feitas de forma perfeita vale o relacionamento? Mesmo? Se vale, vá em frente e mantenha a posição. Mas se numa próxima vez que uma tarefa não for feita exatamente da maneira certa, pergunte-se: "e daí?" Isso é mesmo importante?

5. Aprenda como pedir habilidosamente para que suas necessidades sejam encontradas. Isso requere uma habilidade em balancear seu pedido com firmeza e gentileza, ser claro e torn-alo a seu respeito, não a respeito das falhas. Ser capaz de articular claramente a recompensa pela concessão de seu pedido também é muito importante. 

6. Pratique dizer "não." Na verdade, ser capaz de dizer "não" sem se desculpar pode ajudar a fortalecer seu relacionamento. Você se sentirá mas forte e mais satisfeito e seu parceiro(a) vai sentir que pode contar com você para fazer a coisa certa, qualquer que seja a pressão. 

7. Experiencie a gratidão e mostre-a. Faça uma lista de coisas que você valoriza e aprecia naqueles que ama e expresse sua gratidão a eles frequentemente. Bem frequentemente.

8. Aprenda como ser uma pessoa que se doa. Isso é bem diferente do que ser um capacho ressentido. É ser capaz de observar as necessidades do outro e as conceder sem que isso tenha lhe sido pedido e sem esperar nada específio em troca. E também ser um vaso para receber amor.

9. Aprecie as diferenças. Somos feitos para sermos inter-dependentes com os outros. Aqueles de nós que tem o TPB realmente amam estar em relacionamentos e geralmente não são feitos para ser uma ilha. Celebre isso, celebre o que realmente fazemos para completar um ao outro. Mostre isso liberalmente permitindo que os outros façam suas próprias escolhas e serem eles mesmos, e colha os frutos das maravilhosas coisas novas que isso vai trazer a sua vida.

10. Pratique a compaixão e toma uma postura de não julgamento para com os outros. Se você conseguir fazer estas duas coisas, a recuperação é sua.


* Quisera eu ter podido pensar e refletir sobre estas coisas há muito tempo. Ter podido ser capaz de treinar isso, aplicar isso e quem sabe melhorar meus relacionamentos. Hoje eu tenho 34 anos. Não estou dizendo que está tarde demais, porém digo que eu poderia ter tido a chance mais cedo. Tenho total consciência que perdi meu primeiro namorado e ex-noivo pro borderline. Por isso que eu falo e repito como um mantra aos mais novos: vocês tem uma chance que eu não tive. Vejo MUITA gente com 17,18,20 anos que não se trata, muitas vezes porque não quer ou não acha que pode melhorar. Bem, eu, com 6 meses de terapia e remédios, estou me preparando para recomeçar a trabalhar. Tá difícil? Simmmm!!! Claro que sim! Eu tenho crises de ansiedade, vontade de me cortar, mudanças de humor o dia inteiro, vontade de chorar por nada, medo de ir para certos lugares por causa do C., pressão da minha mãe... Mas tô me agarrando a este lampejo de forças, de oportunidade. 

Cubro-me de apoio. Semana que vem começo a Yoga. Vou começar a fazer terapia cognitivo comportamental. Acabei de comprar incenso (que me acalma) e baixei megas e megas de músicas de meditação e celta para relaxar e prevenir/acalmar crises. Não me corto a 18 dias e só deus sabe o quanto isso é complicado. Se não fosse meu novo emprego eu ia começar logo logo o hospital-dia.

Não estou estabilizada. Nem curada. Porém estou tentando. Gente, não adianta ter uma crise e recusar ajuda. Querer jogar os remédios no mar, querer parar terapia, se drogar e achar bonito (afffe), trepar com meio mundo. A gente é border, mas não é burro. A gente não consegue parar, mas dizer que não tem consciência do que faz depois do diagnóstico é forçar a barra. 

Não tem dinheiro pra fazer yoga, mais terapia? Vá pro sol e aproveite por uns minutos. Assista coisas alegres, escute músicas que não sejam deprimentes/depressivas. Se não tem ânimo pra sair, tente fazer algo, assistir uma série legal, um filme de comédia. Coma chocolate, frutas, verduras (essa parte eu peco, como só o chocolate mesmo hehehe). Informe-se sobre seu transtorno, troque experiências com quem está melhor do que você. Tenha um bicho de estimação (ADOTANDO), uma plantinha pra cuidar, aprenda a tricotar ou a fazer ponto cruz. Se estiver numa crise, bem, deixa passar. Porque só com os remédios e a terapia acaba passando. Eu entendo a dor, e não acho que a gente não tenha nossas razões pra sofrer. Cada um, afinal, sabe a dor que sente. Nós só não podemos ser desistentes.

Força. Luz. Eu acredito em vocês. Como espero que a recíproca seja verdadeira.


4 comentários:

  1. Adorei o seu blog! Sou terapeuta cognitivo-comportamental e atendo algumas meninas/mulheres borders. Me surpreendeu a forma séria e informativa que você escreve e, no fim, como relaciona a sua vida ao que escreveu. Tenho certeza que seus posts ajudam muitas pessoas. Seu blog será indicado para minhas pacientes! Bjs

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    1. Jessye, muito obrigada pelos elogios! Ficarei muito feliz com suas indicações, pois a idéia é mesmo ajudar a muitas pessoas!

      Volte sempre!

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  2. oi, finalmente abri uma brecha pra ler direitinho teu blog. adorei o texto e a tua abordagem, foi perfeita, não querendo minimizar a doença mas mostrando que existem formas de conviver com ela. parabéns, :) bjs

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