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12 de abr. de 2013

Não me deixe! Transtorno de Personalidade Borderline e o abandono. (parte 2)

 
 
Como eu disse no post anterior, eu tenho muito a falar sobre este tema de abandono. quando eu li que este era um dos sintomas do transtorno, muita coisa fez sentido pra mim, pois estar sozinha foi sempre meu maior medo.

Fiz coisas que na época eu não entendia, ou não pensava muito no assunto, achando que era minha reação, ou as vezes me culpando por minhas atitudes, por não ter a força necessária para lutar contra aquilo.
 
Eu tive mais problemas com isso durante meu primeiro relacionamento e este último. quando me mudei para Curitiba para ficar com meu ex-noivo, aguentei toda sorte de coisas para não deixá-lo. Ele, por exemplo, estava envolvido com outra menina que ele conheceu na internet e eu sabia. Toda noite, depois que eu me deitava no quarto dele, ele ia para o computador para falar com ela, e eu escutava tudo. Quando brigávamos, eu perdia totalmente o controle. Partia pra cima dele, esmurrava, batia e dizia que ia me jogar pela janela, enquanto ele me segurava. Eu digo que se ele não me segurasse eu me jogaria mesmo, na adrenalina da discussão. Depois comecei a fazer chantagem, após minha tentativa de suicídio, dizendo que se ele terminasse comigo eu me mataria. Isso segurou ele por um tempo, mas para mim era a morte, pois eu me sentia pior sabendo que ele estava comigo porque eu havia dito que ia me suicidar. Pouco tempo depois retirei a chantagem e continuamos juntos mesmo assim, mas terminaríamos pouco tempo depois, também porque ele havia arranjado outra pessoa. Lembro-me que ele estava trabalhando em Campinas e quando me disse ao telefone que iríamos terminar, peguei um ônibus no outro dia e fui bater no hotel dele. Tivemos uma discussão grande dentro do seu carro, e foi a primeira vez que ele devolveu os tapas que eu lhe dava (não, não o culpo, ele nem bateu forte e eu merecia depois de tantos que eu havia dado nele.). A coisa ficou tão evidente que um carro de polícia nos parou perguntando se havia algo errado. Acabou que não importou o quanto eu chantageasse, lutasse, me humilhasse... Ele terminou comigo.
 
Com meu ex a situação não era muito diferente, era até pior. Tenho que explicar que desde o início nosso relacionamento foi conturbado, estávamos ficando por 10 meses antes dele finalmente oficializar o namoro, e como mesmo assim vivíamos juntos todos os dias, isso bagunçava com minha cabeça e me deixava insegura. todos os dias eu pensava que ele podia encontrar uma garota melhor que eu e me largar. Mesmo quando oficializamos eu ainda tiinha isso na cabeça. Ao contrário do meu ex-noivo, meu ex-namorado não tinha a menor paciência, tato e consideração. Durante a maioria das brigas ele me dizia coisas horríveis, que não me aguentava, que estava melhor solteiro, que eu era uma "crazy bitch" e eu, o que fazia? Me descontrolava, ao invés de ir embora. Empurrava ele, quebrava coisas, tinha crises de choro que muitas vezes terminavam em desmaios. Ele também tinha o péssimo hábito de querer ir embora durante qualquer discussão, ou se eu estava na casa dele, ele me expulsava de lá. Quando isso acontecia, para mim era a morte. Na minha cabeça, ele não voltaria mais, me ligaria no outro dia dizendo que tudo estava acabado. Então eu me ajoelhava, segurava a chave o meu apartamento, a mochila dele, tomava o celular de sua mão enquanto ele chamava o taxi, ia atrás quando o táxi chegava e me jogava dentro dizendo que iria com ele, isso entre escândalos em que os porteiros eram as testemunhas, ou qualquer outro que estivesse passando.

Como ele era muito grosso durante as brigas, não passava pela minha cabeça que ele voltaria. Para mim, alguém que falava as coisas que ele me falava não podia nutrir sentimentos por mim. Quando ele ia embora durante as brigas eu ligava milhões de vezes, mandava mensagens dizendo que ele não me amava, isso sem contar que eu ficava tão mal que no outro dia muitas vezes não iria trabalhar.
Todos me perguntavam do porquê de eu estar com ele, devido a todas as brigas e muitas vezes grosserias comigo na frente de outras pessoas. eu respondia: "não tenho forças de deixá-lo". Hoje eu entendo que eu sabia já o que se passava, sabia que eu não era forte, mas eu achava que eu era simplesmente fraca.

Hoje, olhando pra trás, penso em como tudo teria sido diferente se eu tivesse entrado na terapia mais cedo, ou se tivesse começado a me tratar mais cedo. Pois o estopim de minha crise foi exatamente quando terminamos, em nossa derradeira discussão, os dois bêbados, eu saí da casa dele, entrei no mar de roupa e tudo desesperada, depois voltei e ele me expulsou aos gritos na frente de toda sua família. O motivo da discussão? Facebook. Uma coisa banal que explodiu em mágoa e raiva.
 
Quero deixar claro que não era de todo ruim, ele tinha suas fases boas, e é nisso que eu me agarro hoje em dia quando sofro de saudade. eu sei que deveria entender que no fundo estou melhor sem ele, que é uma pessoa que muitas vezes me desrespeitava, esmagava minha auto-estima e me deixava mal. Mas não consigo. Tudo que me lembro são os bons momentos e, como disse a minha psicóloga, "ruim com ele, pior sem". Não vou mentir que se hoje ele me ligasse e me quisesse de volta eu iria, sem pestanejar. Não sei explicar porque, só que me sinto muito sozinha e tenho pavor disso. é como o mundo funciona pra mim, estar sem ninguém dói demais, ainda mais com meus amigos também afastados.
 
Eu sei que ele não vai me ligar. Na verdade ele deve estar muito feliz sem mim, como algumas vezes fez questão de deixar claro, apesar de tudo que fiz por ele. Enquanto me apego nas coisas boas ele se apega nas ruins pra me categorizar como louca. Então me pego pensando se algum dia conseguirei alguém que me ame do jeito que sou. Não me orgulho das coisas ruins que fiz e se pudesse faria diferente. Mas não posso. Eram as cores do meu mundo e, sem elas, ficou tudo cinza. Não sei se tenho esperança em encontrar uma pessoa em que possa confiar. Ou uma pessoa que me queira de verdade. Tudo que eu acreditava que era fraqueza é simplesmente meu cérebro funcionando neste ritmo, então não deveria me culpar. Porém me culpo. E sei que é muito difícil encontrar alguém que não o faça.
PS: Receita de hoje: A stiff drink and a sharp blade.

5 comentários:

  1. Eu já abandonei pessoas por medo de ser rejeitada...isso é ruim, mas as vezes é bom, porque tem pessoas na nossa vida que não merece nosso convívio. Únicos que sempre estão comigo, me aturam na cara feia, no dia do bom humor em qualquer momentos são meus gatos...
    E como eu tenho fé em Deus, sei que ELE também não me abandona, mas o ser humano sempre te abandonará quando vc não for mais suficiente pra ele, ou quando ele não tiver mais nenhuma afinidade contigo, ou mesmo por nada. Eu prefiro não esperar nada de ninguém...mais..busco novas pessoas, e os antigos que querem estar do meu lado vão ficar até quando não sabemos...mas importante é não se isolar, e buscar novas atitudes e encontrar pessoas importantes. Muitos que se diziam meus amigos sumiram da minha vida, por isso, prefiro não esperar nada de ninguém mesmo!! beijooos se cuida!

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  2. Ahhh...eu mudei, tirei minha foto e meu nome..porque acabei relatando coisas que não quero que saibam que sou eu no blog. ta? Beijos Helen

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  3. Ahhhhhhhhhhh..estou te seguindo no Twitter. Falei com vc por lá tbm..sou Look_helen. Tentei te adicionar também pelo facebook, mas vc colocou o link errado do facebook...não vai pro seu =(
    beijooooos

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  4. Oi querida
    Eu digo tantas coisas para vc que as vezes sou repetitiva me desculpe kkkk, mas vc ainda vai encontrar a tampa da sua panela. Acredite, alguém que te ame como vc é, vc é jovem, tem a vida toda pela frente! Eu encontrei, não pense que por eu não relatar no blog, eu não tenho meus momentos, eu sou bipolar tipo I, já entrei em mania mais de uma vez, já surtei, já fiz um monte de coisas.... Mas o Marcos sempre teve do meu lado, e vc vai encontrar um Marcos da vida.
    PS. Por favor não beba querida, isso só faz mal a vc mesma, sabota o tratamento, e não vai resolver o seu problema, digo isso porque te gosto!
    Bjos.
    http://ashistoriasdeumabipolar.blogspot.com.br/

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  5. Relacionamentos são complexos, depende tanto de harmonia e respeito, mas quando uma das partes precisa de apoio terapeutico, isso é prioritario para nao por fim a uma historia de amor.

    Bjs

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