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29 de mai. de 2013

É possível viciar-se em auto-mutilação?



Meu terapeuta e eu começamos recentemente a trabalhar no meu vício em álcool. Uma sessão foi particularmente dura e me deixou louca por um drink. Porém eu também queria me auto-mutilar. Era uma forma de lidar com o que estava passando, era minha maneira de lidar com a dor. Eu então me perguntei: "Eu poderia estar viciada em me cortar?"

A personalidade viciante e o TPB

De acordo com o site HealthyPlace.com, um sintoma do transtorno de personalidade borderline (TPB) é "impulsividade em pelo menos duas áreas que são potencialmente auto-destrutivas". Ele frequentemente se manifesta como abuso de substâncias ou vício. Apesar da auto-mutilação não estar incluída neste critério, a personalidade viciante existe se a pessoa atende a esse critério. A auto-mutilação, outro critério para o TPB, pode tomar o lugar de qualquer substância facilmente.

A pessoa viciada em auto-mutilação provavelmente tem seus rituais. Ele ou ela possivelmente tem um método favorito, como se cortar, queimar ou bater a cabeça. Ele ou ela provavelmente tem uma faca ou isqueiro favorito. Pode ser que também tenha um ritual, sempre começando e terminando no mesmo lugar. Essa pessoa pode ficar muito chateada se este padrão for interferido.

Apesar da pessoa ter uma preferência no modo de operação, isso não é  essencial. Alguém que seja viciado em auto-mutilação irá fazê-lo de qualquer forma ou lugar possíveis. O importante é o ato em si e os sentimentos que o cercam, não os meios.


Por que se mutilar?

Já se foi dito que a auto-mutilação faz com que o corpo libere endorfinas, as mesmas substâncias responsáveis pela sensação de bem-estar e prazer sentida por corredores devido à liberação destas substâncias. As endorfinas basicamente fazem com que o corpo se sinta bem. Essa é a razão de muitas pessoas praticarem a auto-mutilação - para se sentir bem. Eu já ouvi algumas vezes ser dito: "Eu queria sentir alguma coisa ao invés de nada.

Eu me mutilo porque estou com medo. Acredito que se não temo a dor física, eu posso ultrapassar a dor emocional de uma situação e agir para me proteger e aqueles que eu amo. Culpo-me por não ser capaz de proteger meus amigos e família, então faço o que eu sinto que tenho que fazer para tornar-me forte e calar as vozes dizendo: "Você falhou em mantê-los a salvo, é sua culpa."

Eu também me machuco porque é uma forma de me manter com os pés no chão, ou trazer meu corpo e minha mente de volta a realidade durante um episódio de dissociação. Novamente, é para que eu aja a fim de me proteger - fico extremamente vulnerável quando dissocio. Se não estou assim, então posso ser forte e me proteger e à minha família e amigos.


Confrontando o vício

Gostaria muito de saber como fazer isso. Até agora estou tratando-o como trato de meu alcoolismo - pedir ajuda quando necessário, tentar usar a força de vontade e conversar sobre o assunto na terapia. É tudo que posso pedir de mim mesma.

Acredito que saber a razão para um vício é uma ferramenta poderosa para derrotá-lo. Se admitir seu problema é o primeiro passo para a recuperação, então entendê-lo é o segundo. Isso não é sempre fácil de fazer - o vicio é ardiloso, poderoso e desonesto. Entretanto, compreender a razão para o vício é uma arma potente porque você sabe qual é a sua fraqueza. Sabe qual necessidade que está tentando preencher e pode encontrar outras formas de ter a sensação que você quer. Por exemplo, no meu caso pode ser estudar artes marciais. Se me sinto vulnerável, talvez eu possa achar força ao estudar defesa pessoal.

Seu caso pode ser diferente. O que funciona para mim pode não funcionar para você e vice-versa. Mas há algumas semelhanças em lutar contra um vício de se mutilar - precisamos reconhecer que temos um problema, aprender a lidar com os sintomas dele e viver em recuperação um dia de cada vez. Não precisamos ser duros com nós mesmos quando temos uma recaída e precisamos querer sempre nos dar uma segunda chance.

(tradução livre do artigo "Is it possible to be addicted to self-injury?", no blog da Becky, no Healthy Place.)


* Eu me corto para fugir da dor, da angústia. É quase como fumar um cigarro, tem aquele efeito relaxante. Aí vocês podiam me perguntar: E porque você não fuma ao invés de se cortar? Porque a sensação é diferente. Ver o sangue aparecendo na minha pele, o ardor, me faz sentir estranhamente viva. Não sei se substituo uma dor pela outra, não sei se existe alguma outra razão. Minha psicóloga já me disse que tenho várias rotas de fuga: beber, fumar, me cortar, que eu precisava saber enfrentar o que eu estava passando. Porém quando fico muito mal eu não encontro forças, fico procurando um alívio imediato, que certamente passar a gilete na minha pele me dá. Estou um pouco receosa pois o ato já está se tornando meio... automático. É como se fizesse parte de minha rotina, as vezes.

Não tenho um "modus operandi". Corto-me no lugar onde eu já sei que vai sair mais sangue, o que infelizmente para mim é no antebraço. Consequentemente acabo com cicatrizes mais visíveis, o que está me fazendo dar aulas com casacos, o que é meio duro de se explicar visto que moro em Recife.

Não pensem que não luto contra. Geralmente fico tentando adiar, tipo, "vou fumar este cigarro e aí me corto", "vou ler este texto e aí me corto", "vou tratar da minha gata e aí me corto", isso muitas vezes funciona. Agora mesmo, por estar escrevendo sobre o assunto, está me dando vontade de me cortar, mas tô tentando adiar. Já ouvi falar que colocar um gelo na mão ajuda, mas nunca tentei. Também me falaram sobre tomar um banho frio, penso em tentar esse. a lindinha da Fabi do Blog da Fabi tem umas informações sobre o tema também, inclusive sobre o Projeto Borboleta, onde você desenha borboletas nos lugares onde costuma se cortar e caso se corte em cima delas, tem que meditar que "matou" aquela borboleta. Achei super legal. Se quiserem saber com detalhes vão lá no blog dela!

Enfim, enfrentar o cutting é difícil mas temos que ter fé. Afinal de contas, sem isso, para que estarmos vivos, não é?

25 comentários:

  1. É realmente muito prazeroso, costumo dizer que a auto mutilação (seja ela qual for) é um ato de sobrevivência pessoal. E altamente viciante, pois é melhor sentir dor do que não sentir nada (vazio).
    Boa sorte com o passo do alccool amiga! É difícil mas você sabe que eu estou aqui! BJS

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  2. Eu tento induzir as pessoas a pensarem: temos somente uma chance de viver nesse mundo. Esse mundo tem coisas boas e ruins porém é a nossa única chance de viver então..porque vamos ficar nos auto-destruindo por qualquer motivo? Fugindo de que? Tem muitas pessoas que sofrem horrores e dificuldades na sua vida e estão aí, firmes, com um sorriso no rosto, vendo mais os pontos positivos de se viver do que os negativos.
    Talvez um passo importante seria não se relacionar tanto com pessoas que possuem o mesmo problema pois assim corre o risco de se juntarem e se auto isolarem pois estão entre pessoas "que pensam igual" e logo passam a ignorar aqueles que pensam diferente. Mas essas pessoas que não tem esse problema e que pensam diferente podem mostrar a REALIDADE e ajudar a se libertar da auto-mutilação e demais problemas.
    A fuga em vícios e degradação do próprio corpo na verdade não ajuda em nada. Só tende a piorar.

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  3. Olá querida, como vão as coisas? Um dia por vez, lembra? É assim que tem que ser... seguindo em frente sempre. É um ótimo texto sobre o tema, adoro essas traduções que você coloca aqui no blog. Ah e você citou o meu blog rs, legal! Obrigada flor.
    É sim possível viciar-se em auto-mutilação, sabemos bem como é isso. A sensação de alivio,os objetos cortantes preferidos, o ritual, as blusas de frio em dias de calor... É um vicio e para supera-lo é preciso muito esforço e muita fé. Fé em Deus, no divino ou num ser superior, mas principalmente fé na gente. E quando isso falta a lâmina fica cada vez mais perto.

    Bjs
    fique forte.

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  4. nunca fiz isto, mas o vazio é tão grande que a pessoa faz pra se sentir viva. estes dias falei pra psicóloga que já estava com saudades da depressão para ter algum sentimento. mas deves lutar e lutar sempre, pois a luta não tem fim. bjs

    http://eubipolarbuscandoapaz.blogspot.com.br/

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  5. ola, bom eu vi esse post e resolvi comentar. minha vida de uns tempos pra cá ta um pouco dura comigo então eu pensei em "tentar" curar essa dor com outra mas a dor que eu tenho na alma e muito pior do a dor de uma lamina eu sei que eu tenho que para mas e quase impossivel... (agente precisa de ajuda naode julgamentos) :/

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  6. Olá! Sou A Fernanda! Tenho 13 anos e automutilo-me... É algo viciante...! Algo que é a pior droga para qualquer um! Alivia... Tira um pouco do peso dentro de você e alivia um pouco o vazio no peito...! É algo muito bom e por enquanto estou sendo medicada com estabilizadores de humor, pois apresento sinais de bipolaridade acho, para aquietar-me um pouco, mas em minha opinião não está funcionando nada! Se os estabilizadores não funcionam o que acontecem?

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    1. Fernanda é provável que ao invés de bipolaridade vc seja portadora do transtorno boderline de personalidade ou personalidade limítrofe, se não relatou a seu psiquiatra o fato de se cortar talvez esteja sendo tratada pela coisa errada, também tive o diagnostio de depressão nas minhas primeiras crises até que agora aos 36 anos recebi o diagnostico de transtorno boderline de personalidade...se ainda não tem o diagnostico do que tem é melhor buscar ajuda.

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  7. Oii, eu gostei muito do seu blog, e eu gostaria muito de conversar com você, o meu blog é esse aqui http://paraisoinexistente.blogspot.com.br/ eu gostaria muito de conversar com você.

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  8. Não sei oque fazer... estou perdida e viciada

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  9. Olá meu nome é Larissa e hj tenho 21 anos minha adolescência dos 13 aos 18 tive essa síndrome boderline, realmente semente a dor e sangue poderia sanar a dor emocional. Hoje não ainda nao tive crises, mas nao estou bem me casei w engordei 30 kg eu era magrinha, e agora estou novamente sentindo a dor constante.

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  10. olá, tenho uma filha de 16 anos, que está se mutilando,e também come e vai para o banheiro toma banho e vomitar, a levei ao psiquiatra, tudo começou quando o pai saiu de casa a 6 anos atrás,ela não aceita até hoje,não sei qual é a doença. Estou desesperada, pois era normal, inteligente, estudiosa, feliz e agora só chora, vive em depressão, acho que estou sem fé, preciso acreditar em Deus. Me ajude!

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    1. Oi querida, para eu tentar ajudar preciso saber quem vc é... Mas leve-a a terapia, faz bem.

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  11. Olá , sou uma garota de apenas 12 anos mas com muitos traumas...
    Vi seu vidio no youtube e fiquei super interessada..Tenho todos os sintomas que vc sitou e acho que sou uma border,me automutilo a 5 meses e isso se tornou parte da minha rotina.Minha mae não sabe mas quero procurar ajuda ,quero mt ir a um psicologo
    Mas nao quero que ela saiba,nao sei oque fazer.Pfvr me ajude

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  12. minha namorada foi diagnosticada com tpb.....tem muitos dos relatos aqui q sao iguais a atitudes dl n sei com quem conversa sobre a piscicologa n ajudo muito n me add no face n sei bem como agir....https://www.facebook.com/profile.php?id=100005403390423

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  13. Oi,me automutilo faz um mês eu não consegui me segura precissa gritar de alguma forma minha mãe não sabe a dois dias atrás eu me Automutilei não consigo mais parar e um vício enorme.

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  14. Oi, tenho 15 anos e sofro de depressão. Comecei a me auto mutilar. Preciso muito de ajuda, tenho psicólogos, tomo medicamentos mas nada adianta. A dor é muito grande, não me reconheço mais :( . . .

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  15. Só peço que preservem meu nome e postem apenas como Pai dedicado.

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  16. oi quem precisa conversa eu to aqui principalmente para da apoio aqueles que precisa esse é meu cell 953555840

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  17. Eu estou a três anos sem um episodio de automutilação. Eu era muito viciada e algumas coisa me ajudaram. Quando eu parei foi porque o meu psiquiatra disse que eu não estava estável para trocar a medicação (eu queria muito por causa do peso, já ganhei 30 quilos desde que tive a primeira crise) por causa da automutilação. Acho que me deu um propósito para começar a parar. Depois de algumas semanas sem, a foma de ver isso muda, antes eu me cortava todo dia, por qualquer motivo. olhando agora parece que não era eu. Eu ainda tenho meu kit corte com gilete e algodão numa caixa no meu guarda roupa e saber que ta ali me da controle o que diminui a vontade (fiz o mesmo com o cigarro), e por fim eu tatuei os dois braços, não querer estragar a taoo ajuda tbm. Acho que achar mecanismos de escape de substituição é o importante. agora quando tenho aqueles momentos que antes eu me cortava, eu espremo o travesseiro, grito, extravaso de outra forma.

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  18. nunca me cortei mas eu sempre me olho no espelho e bato na minha cara pra ver se sinto que sou eu ali, quando estou nervosa eu me arranho na barriga e nas pernas ( quando esta frio nos braços pq tem como esconder) ja me arranhei pra conseguir cortar a pele, doi mas eu me sinto mais livre, o unico medo q eu tenho é de isso piorar...

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  19. Oi, eu tenho 17 anos e tenho TPB, atualmente eu não me corto mais, parei a uns dois anos e desde então ta sendo muito dificil, acabei de ser ''abandonada'' por uma pessoa e o pesadelo começou outra vez, eu tento o máximo não me cortar mas é muito dificil, não sei o que faço, é a única maneira de me aliviar, eu simplesmente estou perdida e ultimamente ando fazendo tudo errado e sempre me culpado de tudo, vivo o tempo todo no limite das minhas emoções e tenho ataques de fúria, eu não sei oque fazer, sinceramente eu nem sei oque falar...

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  20. Comecei a me mutilar com 15 anos os primeiros cortes foram pequenos por motivos talvez bobos pra alguns , mas então os corte começaram a ficar mais profundos , e já não eram o bastante então comecei a socar paredes, a me arranhar, a tomar medicamentos para tentar morrer , e mais recentemente agora aos 18 anos comecei a puxar fios de cabelos vários , e qualquer razão é motivo para me machucar , tento até evitar mas meus pais me machucam muito pois constantemente eles me chamam de gorda, de feia , de retardada e algo pior , isso acaba com minhas forças , sei que tenho problemas mas preciso de ajuda não se julgamento.

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  21. Comecei a me mutilar com 15 anos os primeiros cortes foram pequenos por motivos talvez bobos pra alguns , mas então os corte começaram a ficar mais profundos , e já não eram o bastante então comecei a socar paredes, a me arranhar, a tomar medicamentos para tentar morrer , e mais recentemente agora aos 18 anos comecei a puxar fios de cabelos vários , e qualquer razão é motivo para me machucar , tento até evitar mas meus pais me machucam muito pois constantemente eles me chamam de gorda, de feia , de retardada e algo pior , isso acaba com minhas forças , sei que tenho problemas mas preciso de ajuda não se julgamento.

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  22. Ola.Comecei a me auto-mutilar há 6 meses e penso que a solidão em que eu estou, por vezes (sem familiares presentes) é um fator potenciador desse comportamento.
    Tenho 46 anos e só nesta idade comecei com isso. Sou bipolar há bastantes anos. Faz 15 dias que não me auto-mutilo. Agradeco o seu ótimo blog. Sou grande consumidor de pornografia, que junto com umas fantasias, me levou, acho, a infelizmente começar com este comportamento.

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  23. Boa Madrugada
    . Tenho Apenas 14 Anos .. E Comecei a Me Corta Ano Passado .. Pois Me Sentia Excluida ,Feia,E Queria Mais Atenção .. Uma Vez Minha Tia Descobriu Disse q Ia Me Internar .. E Isso só Piorou .. Essa Noite Estava Deitada e Briguei Com Meu Namorado E Eu só Muito Sentimental .. Me Cortei Muito .. PARECE Q Alivia Minha Mente .. Não gosto De Pessoas Que Julgam Não Pois Cada Um Tem Um Motivo .. Eu Mesmo Só Queria Mais Atenção e Ser Mais Feliz .. Mais Eu Digo .. Quem Nunca Se Cortou Não Se Corte .. Pois Cortei Uma Vez e Não Consigo Mais Parar .. É Um Vicio Já .. 💕✌❤

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