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25 de jun. de 2013

Será que tudo que fazemos é por causa do TPB?



"Às vezes um charuto é apenas um charuto." 
(Sigmund Freud)

Depois que fui diagnosticada com o Transtorno de Personalidade Borderline, tenho lido tudo a respeito: sites, entrevistas com especialistas, reportagens, literalmente mergulhei neste mundo de transtornos de personalidade. Como consequência, comecei a analisar tudo muito detalhadamente e me veio logo a primeira pergunta: o que sou eu e o que é o transtorno? Existe uma fronteira?

Eu inclusive já escrevi algo parecido uma vez aqui, porém resolvi voltar ao assunto porque vejo que isso é uma tendência que não é só minha, mas da maioria dos borders que conversam ou que comentam aqui. É como se não tivéssemos vontade própria e que o transtorno nos puxasse pro abismo sem que possamos  nos defender.

Desculpem--me os que discordam, mas isso não é verdade. As emoções são nossas e as escolhas também. É claro que precisamos de uma rede de apoio sim, principalmente no início, mas temos que nos dar conta que a vontade de melhorar tem de vir da gente. Quando eu mando uma mensagem pra C., meu ex, e ele responde com sua grosseria peculiar, não posso culpá-lo. Eu sabia das consequências. Eu sabia que ele é um cavalo. Eu mandei a $%#@ da mensagem porque eu quis. Ah, o TPB nos faz impulsivos? Faz. Todavia cabe a nós internalizarmos certas atitudes e opiniões para nos protegermos. Eu já não mando mais tantas SMS pra C. Eu já não vou atrás dos meus pseudo-amigos. Eu vasculho a internet a procura de formas para me ajudar na minha ansiedade, pânico, tristeza... Tento ajudar pessoas e fazer da minha experiência ruim algo que me faça bem.

Eu já tive pior nesta crise e sei o quanto é difícil. Muito mais fácil de deixar levar pela onde de emoções que sentimos, pela gilete (nosso amor-bandido), e achar que cada passo que damos é por culpa do TPB  e que somos meras marionetes do nosso cérebro.

"Ah, ela gosta de mudar o cabelo por causa do transtorno, é impulsiva..." NÃO. Eu mudo meu cabelo porque gosto de mudar ele e ponto final. Eu gosto de abraçar as pessoas e chamar elas de baby não porque sou carente, mas porque adoro a troca de energias. Gosto de dizer "eu te amo" porque é uma das frases mais poderosas do mundo.

Logicamente nossa intensidade emocional ganha as vezes. Fazemos coisas sem sentir, magoamos por medo de sermos magoados. Porém temos que nos conhecer primeiro, saber que muitas de nossas emoções e reações não são "privilégio borderline" (eu mesma postei a reportagem da Marie Claire sobre saudade que citava pessoas sofrendo muito de amor que não eram borders) e parar de se esconder atrás do TPB.

Só somos seres-humanos um pouco especiais, porém com capacidade de melhorar como qualquer outro por aí, e com o direito de errar também como qualquer mortal. Tentem prestar atenção nas próprias atitudes para descobrir quando estão tendendo a colocar o transtorno como vilão eterno.

Então você, que acabou de escolher comer aquela lata de cobertura de chocolate da Nestlé (eu!!!) e ainda por cima comeu goiabada com creme de leite de almoço (eu!!!), pára de culpar a impulsividade border. Se está arrependida, fecha a boca porque o borderline não tem nada a ver de você ter escolhido ser gulosa hoje.

P.S.: quem ainda não ouviu o último podcast tá aí na coluna da direita! --->

10 comentários:

  1. Porque será que eu amo tanto essa pessoa???
    Obrigada amiga por estar sempre nos mostrando novos horizontes, novos ângulos do TPB!
    Parabéns, mais um post digníssimo!

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  2. Esse post está muito bom. Estar no papel de doente traz ganhos e muitos se escondem sob o rótulo. Mas como minha psicóloga diz, TPB não eh doença e sim uma forma diferente de sentir e lidar com as coisas, mas não incapacita. Eu as vezes estou com raiva pois qualquer um estaria, mas vêem como "Eh aquele problema dela". Ótimo post!

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  3. Pois é! Um bocado dessa impulsividade eu compartilho e nem border sou. Tem a ver com não controlar as próprias emoções, como você falou. Tem a ver com se encarar no espelho, num ajuste de contas com as próprias limitações... ou falta delas.

    Oh, céus!

    Diga eu te amo, diga muito e sempre. Eu não concordo com quem diz que hoje se diz eu te amo sem tanta necessidade. É toda vida necessário.

    E compartilha a cobertura de chocolate, né?

    Beijo!

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  4. Eilan, mandou muito bem! Parabéns!
    Reconhecer as emoções e suas motivações é um desafio para todos nós. Vc é uma pessoa muito corajosa, nos coloca para pensar!
    Um grande bj

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  5. Um forma diferente de estar na vida, de reagir aos problemas diferentemente das outras pessoas ou ter perspetivas diferentes, é ser tão capacitado como outra pessoa, estou errado?

    ag

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  6. Belo texto Eilan, e como já até disseram aqui o controle das nossas emoções é um desafio e tanto. Mas com as experiências aprendemos cada vez mais maneiras de lidar melhor com todo esse turbilhão de emoções.

    Bjs

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  7. Tenho ouvido seus podcasts, achei bem legal, eu detesto ouvir minha voz por isso tudo q já gravei, apaguei rs. Tbm tenho psicóloga, desconfiei de distimia, mostrei a ela um livro médico que tenho sobre tal assunto e ela disse que isso limita a gente, ou seja, ficar achando que tem isso ou aquilo meio que pode ser mesmo desculpa para certas atitudes e vice-versa, mesmo os já diagnosticados. deixei isso de lado por causa do meu estado gravídico atual, mas quem sabe um dia volto a questionar e pedir um diagnóstico de fato. Bjus! :)

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  8. è extremamente ruim ser um CID e tudo ser resumido a "mas ela é border". Só que eu também tenho que querer não ser mais um CID. Muito bom. Para reler todos os dias, até que fique bem arraigado em mim. Obrigada! De coração!

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  9. Um post para ser lido diariamente, até ficar bem arraigado dentro de mim. Sim, magoamos com medo de ser magoadas, mas é uma coisa primária, vem de infância. Não digo que é certo, mas não é fácil. Mas também não é impossível. Muito obrigada!!! O estigma de tudo ser culpa do TPB é muito pesado, é ruim demais não "ter" vontade própria. Há, sim, impulsividade, que pode e deve ser controlada.

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    Respostas
    1. Estou passando por um processo de separaçao. Preciso de ajuda urgente. Sao quase 12 anos que estu numa luta contra esses sentimentos negativos, que se iniciou com a morte da minha mae. Esse ano faço 21 anos, meu pai me abandonou a quase 10, por um casamento com uma mulher que me odeia, srm motvs, e meu ex era meu ponto de paz, que agora so me humilha, e me abandonou..nao tenho vontade de me socializar, estou gastando o dinheiro qe nao tenho, e tomo muito remedio pra dormir, tentando fugir dos problemas. Nao tenho fome, na consigo sair da cama. Moro numa republica, larguei meu emprego e minha faculdade. Eu so queria ser feliz ao lado dr alguem que cuidasse de mim..

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