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29 de jul. de 2013

Gatilhos no Transtorno de Personalidade Borderline e "Música Borderline"


Quando aqueles com o TPB são expostos a um gatilho, eles experimentam um aumento repentino na angústia devido a emoções desreguladas. Se a pessoa com TPB esta em contato ou consciente de seus sentimentos no momento ou não, ela vai sentir um forte aumento de sua angústia e desconforto emocional. como isso se manifesta pode variar para cada border. Porém, no coração desta experiência há o desejo de uma necessidade desesperada de fugir desta aflição e do desconforto usando o que quer que seja necessário ou qualquer atitude que proporcione uma fuga destas emoções desreguladas por este gatilho.

Gatilhos não são só uma experiência borderline. O que é específico para o TPB é que estes gatilhos produzem esta intensa desregulação emocional, são frequentes e tem suas raízes na ferida aberta do abandono e são dissociativas por natureza.

Como borders, temos que focar uma energia considerável para ficarmos seguros. Um gatilho pode fazer isso mais difícil.

Não importa o quanto você já cresceu emocionalmente, você pode temer escorregar e cair em velhos comportamentos. Afinal de contas, você usou as velhas formas de comportamento por tantos anos que elas se tornaram quase automáticas. E, apesar das novas formas que possa ter aprendido para lidar com certas situações, elas exigem esforço, pensamento e concentração. Elas são trabalhosas. Se você está estressado ou se sentindo mal, a tentação natural é lançar mão de velhos comportamentos disfuncionais, porque eles são mais fáceis.

Alguns exemplos de gatilhos que podem levar a uma reação emocional:

- ouvir uma música que lembre uma situação ou desperte um sentimento desconfortável.
- comportamentos de pessoas próximas, como ouvir uma crítica específica ou algo que lembre uma situação dolorosa do passado.
- Uma cena de filme ou uma determinada frase que desperte sentimentos negros
- Histórias de suicídio
- Lugares específicos que lembrem uma situação dolorosa.
- Testemunhar discussões
- Frases que possam, mesmo no campo do imaginário, trazer o sentimento de abandono
- Ambientes que valorizem um comportamento desregrado

Alguns exemplos de consequências:

- auto-mutilação
- depressão
- pensamentos suicidas
- raiva
- aumento  da necessidade de comer demais, beber ou usar drogas.

Quando encarar um gatilho, tente conversar consigo mesmo. Lembre-se de dar um passo de cada vez. Tente relaxar, respirar fundo, e não se culpe por seus sentimentos. Você não escolheu o trauma ou suas reações e só é responsável por ter certeza de que não vai se machucar e nem aos outros.

(Tradução livre de partes destes artigos: "Identifying Your Triggers: What Causes Your BPD Symptoms?" e

* Por que escrever sobre gatilhos junto com a música Borderline? Porque percebi que só postar músicas tristes não ajuda ninguém. Que se eu to fugindo de certas músicas, pra que divulgar um monte de músicas depressivas? Entendam, não vou mudar o jeito do blog, se houver uma que eu ou qualquer uma de minhas colaboradoras acharem bonita e esta for depressiva, não vou deixar de publicar. O que vou parar é de PROCURAR canções que inspirem estas angústias borderlines. A mesma coisa com os textos, eu e minhas "filhas" tem total liberdade de escreverem o que quiserem mas, graças aos Deuses, elas cada vez mais estão focando (e eu também) em tentar buscar algo que seja benéfico e motivador, para nós mesmas e para quem nos lê.

Fico impressionada com a quantidade de gatilhos que vejo no Facebook, por exemplo. Estou deixando de ler certas coisas, pois fico me sentindo mal e tendo idéias. Eu sei que, por exemplo, os grupos são o espaço para que nós possamos falar sem censura e não tiro a importância, porém acaba virando uma apologia à comportamentos que já são sabidos serem prejudiciais a nós borders (como sexo promíscuo, uso de drogas, álcool...), que por si só já não precisamos de ninguém que nos dê idéias, imagina lendo um monte de coisas sobre o assunto? Fora falar mal dos remédios, recusar ajuda, ao invés da troca saudável de experiências que pode nos ajudar a todos Claro que isso não é generalizado, que bom que há os bons exemplos pra gente se espelhar. Temos (incluindo eu) que parar de cultuar o sofrimento. Eu sou border, eu sofro, eu choro, mas eu fiz uma escolha: transformar o que estou passando em algo positivo para os outros e lutar, lutar muito, cair, levantar, fazer cagada, consertar e tentar seguir em frente.

Qual vai ser a sua escolha?

...................................

Música Borderline: Put your Records on - Corinne Bailey Rae


TRADUÇÃO:

Coloque Seu Som Para Tocar

Três passarinhos pousaram na minha janela
E me disseram que não preciso me preocupar
O verão chegou feito canela, tão doce
Garotinhas pulam corda no concreto

Talvez algumas vezes
Cometemos erros, mas tudo bem
Quanto mais as coisas parecem mudar
Mais elas continuam as mesmas
Oh, não hesite

Garota, coloque seu som para tocar
Me diga sua musica favorita
Vá em frente, relaxe
Safira e jeans desbotado
Espero que alcance seus sonhos
Apenas vá em frente, relaxe
Você se encontrará em algum lugar, de alguma maneira

Azul como o céu,
queimada de sol e sozinha
Bebendo chá, no bar da estrada
(apenas relaxe, apenas relaxe)
Não deixe aqueles outros garotos te enganarem
Tem que amar aquele penteado afro

Talvez algumas vezes
Nós sentimos medo, mas tudo bem
Quanto mais você continua a mesma
Mais eles parecem mudar
Você não acha isso estranho?

Garota, coloque seu som para tocar
Me diga sua canção preferida
Vá em frente, relaxe
Safira e jeans desbotado
Espero que alcance seus sonhos
Apenas vá em frente, relaxe
Você se encontrará em algum lugar, de alguma maneira

Apenas mais do que eu poderia aguentar
Compaixão pelo bem da compaixão
Algumas noites não consegui dormir
Achei que eu fosse mais forte
Quando você vai perceber
Que você não precisa mais tentar
Faça o que você quiser

Garota, coloque seu som para tocar
Me diga sua canção preferida
Vá em frente, relaxe
Safira e jeans desbotado
Espero que alcance seus sonhos
Apenas vá em frente, relaxe

Oh, você se encontrará em algum lugar, de alguma maneira

(link)

Boa semana a todos!


5 comentários:

  1. Ótimo texto. Eu parei de acessar os grupos no Facebook pq acabava entrando na vibe. Qdo vejo algum gatilho, como uma foto com uma frase triste sobre amor ou sobre colocar alguem em primeiro plano na propria vida, eu ao mesmo tempo em que fico triste penso: 'pessoas que nao sao borders pensam assim, nao sou a unica, se todos passam bem por isso e sobrevivem eu tb vou passar'. Sempre funciona! Tenho estado muito bem!

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    1. Obrigada Ellen! Temos que ficar ligadas sempre para não desregularmos nossas emoções e poder uma vida mais saudável!
      Que bom que você gostou!

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  2. Muito esclarecedor seu texto. Meu diagnóstico é de TBH mas sou vítima constante dos gatilhos.Todos que você citou.É complicado não cair nas armadilhas de adotar antigas posturas já conhecidas.Atualmente estou muito fraca. O transtorno está vencendo a batalha. Mas é realmente como uma luta. De repente reagimos e nos reerguemos.
    Gostei do blog.Parabéns!

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  3. Concordo com você, Eilan. E é difícil deixar de cultuar o sofrimento, depois que você passa grande parte da sua vida fazendo isso. Mas é benéfico tentar. E superar isso, só vai aumentar nossa lista de conquistas.
    Ultimamente tô mais nesse clima de positividade, ás vezes a deprê vem, acontece. Mas tô mais disposta a lutar contra ela e não me entregar facilmente. E toda vez que penso algo negativo a meu respeito, trato logo de me corrigir e de dizer alguma afirmação positiva e verdadeira a meu respeito, porque afinal não somos feitos só de imperfeições né... Estou ouvindo um Cd que é ótimo, que tinha já há algum tempo desde o inicio da terapia: "aprendendo a gostar de si mesmo" da Louise Hay, que você deve até conhecer. Tem me ajudado bastante.

    Adorei a música, não conhecia a tradução dela :)

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  4. Parar de cultuar a tristeza, um desafio tão grande quanto o de encarar, reconhecer e aprender a lidar com todos os gatilhos que existem somente para puxar tantos outros gatilhos e gerar aquilo que todos nós sabemos e que você citou.Eu estou aprendendo a cortar o ciclo que entro toda vez que vejo/ouço algo que desencadeia todas aquelas reações que não consigo controlar e tem sido bastante benéfico no entanto não consigo fugir do vazio e da estranheza de não estar triste. Incomoda porque não me sinto mais eu, não me reconheço sem a dor e ao primeiro sinal de melhora penso em largar tudo pq " estou bem " e não tem mais pq continuar o tratamento. Outro desafio. Adoro seu blog, ele realmente me faz sentir compreendida.

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