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30 de set. de 2013
Sobre recaídas e o medo da estabilidade. / Música Borderline
Postado por
Nathalia Musa
Ontem (28/09) eu me cortei. Após meses me controlando, após minha vida entrar em um túnel de uma razoável "normalidade", trabalhando, começando a tomar as rédeas da situação, praticando ioga, fazendo terapia cognitivo-comportamental além da análise, eu não aguentei a pressão e novamente recorri a gilete.
É assustador ter que lidar com os mesmos problemas que eu lidava a seis meses atrás, só que com uma perspectiva diferente. Antes eu chorava por não estar com meu ex mas estava presa em casa, agora choro porque não estou presa em casa mas continuo sozinha. Na realidade, se eu for parar para analisar, os problemas aumentaram um pouco, porém graças aos Deuses aumentou minha rede de ajuda. Agora eu tenho que parecer estável num mundo de "estáveis", esconder os cortes debaixo de blusas de manga longa embaixo de um sol do nordeste, controlar a boca para não falar demais e mais do que tudo, reaprender a conviver com pessoas que não tem transtornos de personalidade. Isso quer dizer separar a Eilan do meu eu.
Mas quando eu acabo e começa a Eilan? Minha psicóloga da cognitivo-comportamental me pediu para me definir e definir a Eilan e não consegui. Sei da Eilan: segura, sincera, com vontade de vencer, adorável. Eu? Só poderia falar uma coisa agora: covarde.
Aí entra a parte do medo da estabilidade. Porque é bem mais difícil se dizer pronta pra enfrentar a vida de frente. Isso quer dizer, no meu caso, parar de depender da minha mãe pra tudo, assumir o risco de encontrar meu ex em qualquer esquina, pagar todas as contas, tomar as próprias decisões sem o "borderline" na frente. Dá medo. As vezes eu só queria voltar mais no tempo, onde eu não sabia que era border e vivia iludida com uma vida que era baseada numa firmeza de teia de aranha. Eu sei, não condiz com meu discurso de Mindfulness, ioga e tal, mas também tenho meus momentos. Momentos de balançar, de me questionar, de cair, pra ter forças pra levantar.
Pois isso eu não posso abdicar: da crença que eu vou levantar. Passei pelo inferno. Sobrevivi. Não vai ser qualquer coisa que vai me nocautear tão feio novamente.
.........................
Música Borderline: Ironic - Alanis Morissette
Escolhi essa porque é realmente irônica essa vida...
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Gostei muito do seu blog! Suas postagens são viscerais, como tudo no nosso mundo.
ResponderExcluirEu estou bem melhor que três anos atrás.
ResponderExcluirVivia bebendo, me cortando, tentando suicídio ou algo do tipo.
E tinha uma filha pequena que era "obrigada" a perceber tudo isso.
Resolvi mudar. Larguei a bebida. Larguei o cigarro. Larguei os cortes. Parei de querer me matar.
Mas não é fácil. Essas coisas simplesmente não desaparecem. Quando eu menos espero, "do nada", surge um vazio inexplicável e uma dor por não sei o quê.
Não é fácil mesmo.
Domingo eu chorei. Como uma criança pequena, com medo do bicho papão. Acho que o meu bicho é como do Harry Potter, ele sempre se transforma no que eu mais temo no momento.
E é horrível ser refém disso.
Mas, eu não desisto. Já passei por coisas horríveis, que só eu sei. Não será qualquer coisa que me jogará pra "lá" de novo.
Dessa vez não.
Todo dia me é uma batalha. E todo dia eu me permito dizer "Por hoje eu vou lutar contra isso. Por hoje eu vou me permitir ficar bem. Só por hoje.".
Quando eu melhoro costumo ter a sensação de uma epifania, como se eu tivesse encontrado em mim mesma uma razão pra viver. Nessas horas acredito que estou livre do sofrimento e que tenho coragem para vencer na vida, sinto que eu poderia ser até uma pessoa brilhante com um futuro próspero. O que acontece é que uma hora o desespero volta e tudo aquilo que acredito ter conquistado vai por agua abaixo XP É que nem aquela música: " roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda peão, o tempo rodou num instante as voltas do meu coração". Parabéns pelo blog! Estou gostando muito :3
ResponderExcluirOla Eilan, bem... estamos aqui. Ás vezes a gente despenca, mas a gente tem que acreditar e se permitir tentar e se reerguer quantas vezes for preciso.
ResponderExcluirBjs
esta coisa de estabilidade também me assusta, odeio cotidiano, odeio rotina e tenho medo de não parar num emprego, por exemplo, por perder a graça com o tempo por falta de novidade... Tenho pânico de assumir responsabilidades, acho muito pesado e fico dependendo da minha mãe, uma dependência que assumo ser doentia, que não me deixa crescer e é sufocante. Comparo a relação de dependência com meus pais a mesma de uma mulher que apanha do marido mas não consegue larga, todo mundo ver que é errado, ver que só faz mal para ela mas ela não consegue se libertar e as vezes acredita que merece tudo o que passa, acreditando até que o ciúmes exacerbado mostrado na forma de agressão física é amor...
ResponderExcluirenfim, sobre a rotina tenho um texto no meu blog, se quiser ler fique a vontade: http://normalidadequestionavel.blogspot.com.br/2012/11/caindo-na-rotina.html
Eilan, eu não tenho dúvidas que vc vai se levantar. Penso que faz parte do processo, ás vezes retroceder, sentir medo. Mas eu vejo tanto potencial em vc, que tenho certeza que vc vai ficar melhor logo. Torço por vc e penso que vc não precisa pensar em resolver tudo de uma vez, vá aos poucos e sempre. Um super bj
ResponderExcluirpra sempre estaremos em tratamentos e enfrentaremos pernilongos sociais como se fossem dragões de nossa alma, mas é sempre a mesma história: um passo após o outro! gostei do blog!
ResponderExcluirah, visite o meu que tah no começo: "Coveiro bipolar"
http://coveirobipolarmoribundo.blogspot.com.br
Abraço!
Brilhante a forma como vc descreve.
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