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9 de out. de 2013
Sou Borderline. (uma nova história)
Postado por
Nathalia Musa
Olá, sou a Eilan para alguns e para outros não. Fui diagnosticada com o transtorno de personalidade borderline há mais ou menos 7 meses, devido a uma crise violenta que tive após o término de um relacionamento de 5 anos. Este era difícil, tanto pelas minhas crises de insegurança e brigas constantes, como pela falta de respeito de meu ex-namorado, que muitas vezes me tratava mal, me xingava de escrota e burra, entre outras coisas e me deixava sem saber se nosso namoro duraria um dia ou um ano.
Durante a crise fiquei 14 dias sem comer, bebendo e tomando remédios. Depois me mudei para a casa de minha mãe e gradualmente fui perdendo tudo, apartamento, amigos, possibilidades de emprego e a fé na vida. Não saia de casa e ficava o dia todo assistindo seriados no computador. Mandava mensagens para meu ex-namorado, que quando respondia era para me reafirmar que não queria uma louca perto dele.
Depois resolvi começar a estudar sobre o transtorno, e foi daí que nasceu o blog Borderline-Girl. Graças a ele conheci amigos, pessoas que me ajudaram e ajudam até hoje, que me davam conselhos e me diziam que tudo ia acabar bem, apesar de eu não acreditar. Comecei a me cortar e em pouco tempo já estava com cicatrizes por todos os lados.
Aos poucos, entre uma recaída e outra, fui me reerguendo. Comecei a sair de casa, a dar aulas particulares de inglês, a me interessar mais pela vida, apesar de sempre muito sozinha. Me cortava ainda, praticamente todos os dias, porém conheci a terapia dialética-comportamental e comecei a praticar as suas técnicas, me dando mais força para continuar seguindo.
O blog foi crescendo a medida que eu fui melhorando. Voltei ao Facebook, que eu tinha fechado desde que meu namoro. Conheci mais pessoas, comecei a cuidar da fanpage do blog, e a aventar a possibilidade de recomeçar a viver. Por volta de agosto consegui meu emprego de professora de inglês e recomecei a dar aulas e a recomeçar a coordenar a escola. Comecei a fazer ioga e a fazer um segundo tipo de terapia, a TCC, ou terapia Cognitivo Comportamental, que é a base da Dialética Comportamental.
Tenho medo de recaídas todos os dias. Fiquei uns dois meses sem me cortar mas acabei cedendo há mais ou menos 2 semanas, apesar de todo o tratamento. Choro as vezes, tenho vontade de ficar na cama muitos dias, mas em outros parece que minha vida retornou aos eixos. Vivo me policiando e analisando minhas reações, para não voltar ao fundo do poço de onde eu saí. Eu vou cair, mas vou levantar. Como qualquer um.
Sim, existe sim como sair dessa. Existe luz no fim do túnel, existe esperança. Não é porque sou borderline que sou obrigada a ficar a mercê disso o tempo inteiro. Não estou "curada", nem "estabilizada". Ainda não entro em shoppings depois das 18:00 por medo de encontrar meu ex. Ainda tenho vontade de me cortar, ainda me sinto sozinha e muitas vezes o vazio me corrói, porém eu penso em outra coisa e vou seguindo. Eu quero fazer a minha vida valer a pena ser vivida, eu quero crescer internamente. A ioga me ajuda muito, me fez reencontrar a mim mesma. Tenho medo de tudo, sou insegura e sem auto-estima, mas quero descobrir quem eu sou de verdade. Depois de 7 meses consegui colocar um All Star no pé (que eu não usava porque lembrava meu ex). Ainda bebo para esquecer, só que menos. De vez em quando penso em morrer, mas nem tanto.
E sorrio. Sorrio quando combino com as minhas alunas teens de comer milk-shake de Nutella no shopping ou fazer brownies de microondas. Sorrio quando consigo convencer uma aluna de 15 anos que tentou suicídio há 1 semana por causa do namorado a aceitar ajuda de um psicólogo, quando ela confia em mim porque temos as mesmas cicatrizes na pele. Sorrio quando recebo um elogio de um aluno ou quando recebi meu primeiro salário depois de tanto tempo e pude, finalmente, pagar pelos meus cigarros.
Felicidade? Não sei. Nem sei se realmente compreendo o que é isso de verdade, pois sempre tenho a idéia de que esta teria que ser tão intensa quanto minhas dores. Acho que vou usar a analogia que escutei hoje de uma aluna. Ela havia me perguntado se eu tinha voltado a ser coordenadora da escola de inglês que trabalho e eu disse que sim, porém não oficialmente, e que ela poderia contar comigo mesmo assim. Então escuto um:
- Você "está" coordenadora, ainda não é. (e riu)
Achei legal. "Estou" feliz de vez em quando. Mas não sou. Ainda. O que quer que seja isso.
(me desculpem a sumida. Estou tentando me organizar para aparecer mais...)
Marcadores:comportamento borderline,TPB
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Assim te digo tb, você está Border e não é. Vc é a Eila. Parabéns pelas tuas conquistas, elas são todas suas e de mais ninguém e só vc sabe como foi difícil se levantar.
ResponderExcluirUm abraço ^^
Eilan, essa idéia da felicidade constante e intensa não é verdadeira,pelo menos eu não consegui...rsrs... Acho que viver é curtir os momentos, as pequenas conquistas e ir enfrentando os revezes...Seu post é lindo e verdadeiro. No fundo todos nós buscamos nosso caminho para essa tal de felicidade. De coração sempre desejo que vc encontre o seu! Um super bj
ResponderExcluirEu fiz meio que um desabafo sobre coisas que me aconteceram no último mês e gostaria de saber se você posta histórias de outras pessoas também, pois se não me engano vi isso em uma das atualizações do seu blog a um tempo atrás. Não posto em meu blog porque é pessoal demais para o que costumo postar em meu blog, mas gostaria muito de te enviar para você dar uma lida e postar se quiser. Aguardo resposta, bj ^^
ResponderExcluiroie!
Excluirpublico sim! manda pro borderlineggirl@gmail.com
:*
Já mandei o texto para o e-mail. Obrigada por aceitar postar o que escrevi, claro que não escrevo tão bem como você mas pelo menos tento rs. Beijo
ExcluirOlá, eu escrevi meio que um desabafo sobre o que me aconteceu no último mês, e gostaria de saber se você posta textos de outras pessoas em seu blog, pois se não me engano vi a um tempo atrás nas atualizações de seu blog que havia uma história de outra pessoa. Não posto no meu blog porque é meio pessoal demais em comparação ao que costumo postar, mas gostaria de poder te enviar para você dar uma olhada e postar se quiser. Aguardo resposta, beijo ^^
ResponderExcluirAdorei o post. Eu tinha crises intensas e repentinas nas quais meu cérebro parece que não funciona. Nunca cheguei a me cortar, mas uma vez depois de uma briga intensa com a família tomei uma dose alta de calmantes e fui levada para o hospital. Podia ter morrido. Eu tomo antidepressivo, me sinto feliz a maior parte do tempo. Porém, tem coisas (percebo muito com os relacionamentos) que ficam na minha cabeça o tempo todo me corroendo, não paro de pensar naquilo, fico estressada e deixo me tomar pela raiva. Acabo tomando atitudes que me causam profundo arrependimento e tristeza depois. Aí entro em uma fase extremamente depressiva e sinto vontade de morrer. Eu no dia-a-dia sou bem "normal", mas todas as vezes que me encontro em situação de estresse, rejeição reajo EXTREMAMENTE MAL. Hoje, chateada, por ter brigado com o último ficante (que eu nem gostava tanto assim) e, como sempre, ter tido um "curto circuito" que resultou em diversas mensagens de xingamentos, estava eu no supermercado com a minha irmã e meu avô e vi alguns livros de auto ajuda, um deles falava sobre o transtorno borderline fui ler a contracapa do livro e cheguei a ficar arrepiada! Parecia que eu estava descrita naquelas linhas. Melhorei muito desde que comecei com a terapia há alguns anos, mas ainda continuo reagindo muito mal a situações de estresse. O que me fez cair a ficha. Pode ser que eu seja uma borderline, se não for sofro de algo muito semelhante. Bom desabafar ctg. Gostei do teu blog. Hoje, mandei uma mensagem pra minha psiquiatra e amanhã vamos conversar a respeito, até então meu caso era tratado como depressão e TOC. E, sim, a felicidade é possível. Eu também achava que nunca seria feliz, mas hoje em dia sou muito. Só não sou 100% feliz em razão dos meus "curtos circuitos" repentinos. Beijo.
ResponderExcluireu já me cortei muito, da ultima vez eu estava tentando me internar por livre vontade e não me aceitaram aí me cortei no hospital mesmo, eles me amarraram na cama pegaram minha mochila que levei e ligaram pros meus pais. foi foda meu pai me ver amarrada na cama toda suja de sangue, foi assim que eles descobriram que eu me cortava, não sabiam
ResponderExcluirfez um ano em setembro, depois disso tive vontade de me cortar de novo, mas só de pensar em ficar escondendo e cuidando das feridas me fizeram desistir, na verdade resistir
com o tempo passa, a sensação fica mais fraca, vc vai ocupando sua mente com outras coisas e a vontade de viver volta acredite!!!
tive um tempo que eu imaginava varias formas de morrer, nao me matando mas se algo tragico acontecesse, imaginava ser pega por um carro enquanto atravessava a rua, ou cair de uma escada... coisas do tipo, só pra aliviar a dor que eu sentia
escrevi tbm sobre isto: http://normalidadequestionavel.blogspot.com.br/2012/12/morte.html
Menina, estou tão feliz por vc! E ainda me deu uma ideia: ser professora particular de inglês... eu sairia de casa e faria algo q amo: ensinar.
ResponderExcluirVamos ver no q dá né?!
E felicidade é diferente de alegria. A alegria é uma euforia de momento. Já a felicidade é um estado de contentamento com o que se tem, com quem vc é, é uma paz interior. E pelo que vc escreveu, vc está sim feliz! E estou feliz por vc, feliz mesmo! Continue assim :)
abração da Flor :)
Bem estou feliz por vc estar se recuperando a casa dia que passa é uma vitória para vc..
ResponderExcluirConheço mtas pessoas que se cortam e tal, mas eu sou somente uma adolescente que estuda e que estar fazendo uma monografia sobre este assunto. Gostaria de saber se posso utilizar a sua historia para coloca-la na minha monografia ? Obrigada e força estou orando por vc !!!
Eu não me automutilo com cortes, nem nada do género, não tenho coragem. Bato com a cabeça das paredes, dou murros em mim própria, dos murros na parede, bebo feita parva e praticamente como os dedos, arranho-me... Estou desesperada. Estou em terapia daqui a pouco faz um ano e quase nada mudou. Continuo agrassiva e já nem sei que fazer, nem eu nem a minha namorada. Parto tudo em casa, o que custa a pagar depois, e por vezes viro-me contra ela (mas isto já não acontece, praticamente, agora é ela que não aguenta e se vira contra mim). Queria tomar medicação a ver se melhorava, mas a minha psicóloga não acha necessário. Queria melhorar, não partir nada, fazer a minha namorada feliz e ser feliz, mas já não sei que fazer. Tento-me controlar ao máximo, mas depois, passados uns segundos explodo e já está tudo partido. Odeio-me tanto quanfo faço isto. Costumo ser uma pessoa tão racional, mas quando discutimos... Não sei, nem pareço a mesma pessoa. Não gosto nada de ser assim. Desculpa o desabafo, mas uma das coisas que me apercebi, é que perdi todos os meus amigos. Custa tanto saber que não tenho ninguém.
ResponderExcluirEspero que consigas ultrapassar tudo e que daqui para a frente tudo seja melhor.
Estou me identificando com esse transtorno agora, gracas a uma vida inteira de frustracoes relacionamentos complicados uma vida de 41 anos sem conhecer a verdadeira felicidade. Estou em crise preciso reagir, meu coracao esta batendo na garganta e o mundo esta de ponta cabeca, sinto me fraca, meus pensamentos vao a mil me pertubam demais, estou tentando sair de um relacionamento "mais um" conheci ele e me casei em 6 meses de namoro estamos casados a 4 meses, brigas constantes inseguranca de ambas as partes, nao amo ele mas quero acreditar que amo, nao o admiro tudo nele passou a me irritar, ele me sufoca, mas quando vai embora eu entro em desespero, ele volta e eu continuo infeliz, ele tambem nao me ajuda e imaturo. Preciso me livrar desta angustia.
ResponderExcluirBom, em alguns casos (principalmente os que levam ao suicídio), vê-se claramente a hostilidade do familiar do border em relação aos seus pedidos de socorro desesperados; pensam que o border tem tudo, que os comportamentos não passam de pirraça, excluem o border até mesmo da convivencia familiar, seja de forma implícita ou de forma explícita. No meu caso, se deu primeiro de forma implícita, até que realmente me colocaram pra fora de casa, eis aqui, meu lixo de família. Estou totalmente desamparado, pois não meios de subsistência eu possuo, com o pouco que ganho, não dá pra pagar um quarto. É realmente triste a perversão familiar e senso comum de que a rebeldia é algo gratuito e infundado, o abandono é uma punição a um pedido de ajuda mal interpretado. Menos azar tem o border que não o jogue pra fora de casa, alguns, acabam literalmente na rua, e o abandono, aquela coisa tão temida, acaba se tornando real e não apenas simbólica. Eu estou literalmente sem rumo.
ResponderExcluirEu fui diagnosticada tem pouco tempo, mas as vezes me canso dessa briga por ficar bem, por que parece que faço pelos outros e não por mim.
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