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30 de set. de 2014

It Girl



"It girl" é um termo utilizado para se referir a mulheres, geralmente muito jovens, que, mesmo sem querer, criam tendências, despertam o interesse das pessoas em relação ao seu modo de vestir, de andar, pensar ou ser. As "it girls" têm via de regra o que muitos chamam de "carisma", algo que atrai a atenção para elas. Sua característica mais determinante é serem incomuns, destacarem-se das pessoas comuns e provocar interesse, a ponto de outras pessoas passarem a copiar seu jeito de vestir, falar e/ou agir. Normalmente as "it girls" comportam-se de maneira irreverente e despertam a curiosidade das pessoas sobre o seu modo de vida.
(Wikipedia)

Descobri que sou uma It Girl. Não, não é porque todos admiram meu jeito fashion, meu carisma inigualável e meu fascinante modo de pensar. É porque tenho um transtorno.

Virou moda ter um problema psicológico. É cult se dizer sofrida, espancada pela vida, cheia de cicatrizes na alma. Falando nelas, foi quando me deu o insight de escrever este texto. Numa conversa com uma amiga, ela me contou que numa fan page de borderline no facebook, a menina perguntou pra ela como era o melhor jeito de se cortar.
Oi?

Como assim alguém acha bonito se cortar? Como se fosse algo que podemos estar gritando aos quatro ventos, como uma qualidade a qual ninguém pode se igualar, um prêmio, uma dádiva. Acho que o mundo está mais doente do que eu.

Mas acho que tenho que colocar a bipolaridade no meu diagnóstico, pois mais cult que ser borderline é ser bipolar. Culpa da Britney Spears e seu guarda-chuva ameaçador. Ou da Amy Winehouse. Toda adolescente que se preza, com sua maquiagem carregada, roupa preta brilhando ao sol e olhar sofredor tem que ser bipolar. Tem que ter uma fase de odiar o mundo, porque tenho um transtorno horrível que me faz "feliz" um dia e "triste" em outro. Faz ter um status.

Faça-me o favor. Achar bonito sentir um vazio que a gente não sabe de onde vem, pegar uma lâmina e rasgar a pele, entrar em depressão por dias, meses, sem esperança de ver uma tênue luz ao fim do túnel (eu nem túnel to vendo mais), sentir seu mundo se abrindo aos seus pés porque um cara terminou com você não pode ser achado legal.
Mas é. Ser feliz é last season.

Então criamos um exércitos de mentes sãs procurando insanidade onde não tem. Que admiram a escuridão (talvez seja uma relação com os meigos vampiros da Stephenie Meyer) ao invés da luz. Que querem se espelhar em pessoas com verdadeira dor na alma ao seguir exemplos de superação. 

Já que é cool ser sofrido, pode me colocar aí num topo de algum ranking. Afinal, além de tudo tenho um blog. Melhor do que isso seria se eu postasse vídeos contando minha trajetória, aparecesse num programa de televisão e... Ops. Já fiz isso também.
Que esta loucura do mundo acabe logo, que surja uma nova moda, bolinhas de gude na orelha, sapatilha laranja ao contrário, viajantes do tempo que acabam na terra da magia, eu não sei. Qualquer coisa. 

Afinal de contas, se ser It Girl é isso...Obrigada mas, não obrigada.

(post de maio/2013)

4 comentários:

  1. Amei o texto! Ainda não tinha pensado nisso, mas não dá pra entender essas pessoas que admiram o escuro mesmo sem estar nele, talvez seja por isso. Pois se soubessem o que passamos entenderiam a gravidade da situação.

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  2. Realmente,minha querida.. estar no escuro é bem diferente de querer estar.
    Texto ótimo e expressa o q penso a respeito das pessoas q julgam ou querem " ser cult "( chamar atenção,na verdade,né?). Super concordo.

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  3. Analise Enrique Iglesias.

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  4. Antes fosse moda.
    Tenho sofrido uma vida toda por ter um "gênio difícil". Já perdi as contas das vezes que destruí tudo. Toda vez que fui a psicólogos não consigui dizer o que sinto, minto, finjo ser o que eu queria ser: bem resolvida e independente.
    Mas, venho te dizer que seu caso exposto na mídia, pois foi o laboratório de uma atriz global, me fez sim perceber como sou desta maneira, e agora vendo vc, caramba, parece que me vejo. Obrigada por me ajudar. Vou voltar na psicóloga e contar toda a verdade, chega de mentir, não vou ter mais vergonha de ser frágil. Mesmo que eu não seja borderline ( pois só me mutilei uma vez a mais de 15 anos atrás), agora tenho coragem de falar como sou de verdade. Deus te abençoe. :D

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