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13 de out. de 2014
Sobre a vida que é digna de ser vivida.
Postado por
Nathalia Musa
É engraçado. Hoje recebi um e-mail me perguntando qual era o primeiro sinal indicando que estávamos melhorando. Logicamente respondi que não há um padrão, cada ser humano é único. Porém fiquei pensando em mim e no que melhorei. Não sei. Não penso em morrer com frequência, a vontade de se cortar é bem menos frequente, o choro vem mais espaçado. Trabalho. Lido com pessoas, organizo e resolvo a vida de muita gente, com suas expectativas.
Fico perto da vida que falo tantas vezes, aquela que "vale a pena ser vivida", só que na verdade ainda não sei o que significa isso de verdade. Sofro ainda, a lembrança de tudo que passei vem vívida muitas vezes. Uma pessoa comentou a cena da Ray, a que ela sofre pelo sumiço do psicopata Edu em Dupla Identidade, dizendo que a atriz tinha sido bem dramática. Eu só sorri e respondi que ela havia sido simplesmente fiel. A dor corrói, entra na alma, que se rasga em pedaços. Eu sei o que é isso, apesar das pessoas as vezes se esquecerem disso. Como eu levo uma vida dando conselhos, advogando pela causa do transtorno, levantando a bandeira e sendo elogiada pela minha coragem, a parte que eu também sou border passa batido. Eu cheguei longe, eu sei. Meu blog me levou a colocar a cara a tapa na TV, mas minha escolha me fez perder este canal de desabafo. Muita gente que conheço entra aqui, então não posso mais me dar ao luxo de usar este veículo como diário pessoal.
Não que eu me arrependa, não é isso. Eu fiz uma escolha, quando decidi ir a público e defender o que eu acredito. Eu levo a vida pensando em como vou agir, reagir, no que falar para você que está me lendo agora, que se corta todo dia, que está sem esperanças, que acha que não existe luz. Existe sim, mas não enxergá-la de vez em quando faz parte do processo de recuperação, no meu ponto de vista. Eu não enxergo as vezes. Deixo a vida me levar um dia após o outro, esperando que talvez eu acorde uma manhã e tudo deixe de ser tão intenso, como que por encanto. Há dias em que tudo que eu quero é ficar em casa, dormindo, comendo, ouvindo música. Todavia eu fiz a escolha mais difícil: melhorar. E isso demanda um esforço grande, um conhecimento pessoal, um controle que cansa, cansa muito... Tem dias que eu queria voltar a ser a Eilan. Era mais sofrido, mas menos cansativo. Eu reagia simplesmente, acabava com nada e culpava a vida por isso.
Esse texto não faz nenhum sentido, eu acho. Estava com saudade de escrever aqui, com minhas palavras, dividir a minha dor não para que eu a cultive, mas para mostrar que, apesar dela, eu vou acordar amanhã, cuidar dos gatos, vestir a roupa, colocar uma maquiagem e vou trabalhar. Que a vida que é digna de ser vivida talvez seja essa mesmo, onde apesar de querer sumir num dia, a gente levanta e vai viver no outro.
Pra terminar a nostalgia, uma música borderline pra coroar este post meio melancólico. Estava ouvindo no carro e achei bem adequada...
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Poxa que legal. É mesmo.
ResponderExcluirEu vi a cena e me lembrei de você. Provavelmente, se não tivesse lido seus relatos, se não tivesse ao menos uma noção do que é ser um border, eu também teria achado exagerado. Mas um border é essencialmente um exagerado, né? Você é sim uma corajosa, mas não pode se privar "se gritar" quando for necessário pra expurgar esses sentires tão intensos.
ResponderExcluirForça, menina.
Beijo.
Bom eu na minha opinião acho que vc tem ajudado mutas pessoas com o nosso diagnóstico, porém eu aprendi que nenhum dia é igual ao outro, nem ontem, nem amanhã. ......independente se tivermos recaídas como eu tenho e muitas, mas sempre coloco na mente que o amanhã será diferente! Você faz um trabalho muito bonito em ajudar a nós e compreensão, ajuda e depoimentos. ..... obrigada!!
ResponderExcluiriParabéns pelo blog e pela coragem! Gostaria de compartilhlar este site que encontrei, talvez gostem!
ResponderExcluirhttp://pt.slideshare.net/monikitta65/a-alta-sensibilidade-emocional-pdf
Olá, conhecida agora seu blog por indicação de uma amiga que vê todos os meus momentos de sofrimento. Não sou diagnosticada com nada, nem ao menos fui em uma psicólogo e nem psiquiatra, porém minhas dores muito tem em comum. Não tô querendo bem encaixar na síndrome é nem entrar na dita "moda de sofrer", mais suas leituras estão conseguindo me ajudar um pouco, quando paro pra ler é como se fosse um alento dentro dos meus momentos de surto. Ando muito mal ultimamente, em um momento de escuridão que nem sei como sair, sempre procuro conversar com essa minha amiga que me indicou a pesquisa sobre a síndrome. Já sofri em um relacionamento, onde me vi tomando atitudes que me envergonho como tomar desinfetante, no ímpeto louco que não sei o porque.
ResponderExcluirParabéns pelos textos, eu daqui vou continuar lendo, o que mais quero é amenizar essa dor no peito que é devastadora.
Olá, sou diagnosticada borderline tbm, e me identifico com seus textos, parabens pela força de vontade em ajudar pessoas, contando sobre fatos reais que são muito difíceis de vivenciar. Cada dia é uma surpresa, mas devemos sempre pensar que tudo pode melhorar, e fazer algo pra isso aconrecer...
ResponderExcluirNossa, tudo que você escreve aqui é tão claro, real para nós, que nos vemos em um mundo só. Faço terapia, tratamento psiquiátrico, e a cada dia, aumentam tanto os remédios, com custos tão altos, e me parece uma melhora tão pequena. Sou bipolar também, para ajudar né? rsrsrs
ResponderExcluirMirei meu sofrimento em minha filha, a culpo (coitada), essa crise dura um ano. Minhas amigas se foram, minha filha que mora em outra cidade não vem, e percebi que não tem como deixar de ser border, no entanto, estarei sempre em crises, como tenho vivido há mais de 8 anos (diagnosticada). Sinto que se partir, não farei falta e deixarei de ser atraso, peso, na vida de toda minha familia. É um desespero muito grande, interminável. Trabalho, sou concursada, tenho duas faculdades, e me sinto perdida, parece que esse mundo não é meu, estou em outro planeta, pois ninguem me entende. Sou sempre exagerada, todos me olham sem me entender. É muito dificil viver em um mundo que não é seu. Mais meu mundo é só meu. Ninguem o conhece nem entende. Serei sempre vista como louca, fora do normal. Desejo a todas que se superem, que acreditem que tem um amanhã, que existem melhoras. Pensem positivo e busquem viver um dia de cada vez.Espero sair dessa crise que tem acabado com muitas qualidades que eu um dia possuí. Me perdi dentro desse mundo solitário.
Encontrei-me aqui. Finalmente. Experiência de 40 anos de border e bipolar. Aviso: não vai melhorar. A morte é a solução. Boa sorte.
ResponderExcluirSempre haverá cura para qualquer mal, ninguém na terra está acima de uma energia que faz tudo movimentar, ter vida, cores, amar e ser amado, essa energia incompreensível para todos nós é conhecido por muitos por Deus e tem vários nomes, esse Deus tudo pode Ele vai fazer todos quem queiram e tenham uma micro fé se curar, sabe? Curar, vc será curado(a), acredite. Nunca esqueça, acredite, vcs serão curados, uns mais cedo outros mais tarde, mas serão curados.
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