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1 de dez. de 2014

Princesa Borderline - depoimento (e mais uma colaboradora!)




(texto de Isabella, nossa nova colaboradora)

Nada melhor do que eu mesma para relatar essas idas e vindas que ocorrem no cotidiano complexo dessa jovem digamos que "perturbada" pelas próprias lembranças e frustrações.

Digamos que ela segue uma mistura de fada encantada com a bruxa da branca de neve - não que isso seja bom, claro que não é nada bom - mas para ela era uma virtude que poucos infelizes conseguem ter. Mas ela conseguia driblar tudo e todos com seu jeito e suas manias, mas, a única coisa que ela realmente queria era atenção - e ela tinha - era algo diferente, como de costume não era algo comum, ou no fundo era, mas não para ela.

Quando era uma doce criança já enfrentava problemas com as pessoas, ai que vem a pergunta - por causa dela ou dos outros? - Ainda não sei, ninguém sabe, ou pelo menos não quer realmente saber. Ela não conseguia se achar maligna, afinal, como alguém consegue ser maligna com 6 anos? Nos mais aguardados filmes de terror isso sempre foi possível, mas não é uma coisa ocasionalmente pensada, apesar de que os pais sempre aguardam que seus filhos sejam perfeitos... Acontece, que nem toda criança quando lida com os primeiros confrontos faz tudo da maneira mais indicada.

Apesar das idas a psicóloga ou os encontros fervorosos de família, Isa ainda não via nada de tão diferente no seu jeito de ser. Criada pelos pais até os 13 anos, e depois foi morar com sua mãe em um condomínio no centro da cidade, sem conviver com o pai e sua família por quatro anos, o que podemos dizer? Muita coisa muda em quatro anos não é?

A convivência com sua mãe era muito boa, ela era sua melhor amiga, e a jovem sentia muito orgulho da mãe, tanto pela pessoa que era e sem dúvidas a determinação da mãe. Depois da morte de sua avó, tempo difícil, as duas resolveram ajudar uma a outra. Depois desse tempo o pai de Isa ao rever a filha, encontrou uma moça tatuada, que fumava e bebia, e ainda por cima ficava com meninas. Esse primeiro contato não foi a melhor coisa do mundo, mas depois que ele levou a filha em uma clínica psiquiátrica a 1500 km de distância, deve ter levado o um baita susto e resolveu fazer o papel de pai uma vez por semana.

A adolescência não é o melhor período da vida, mas é com ele em que descobrimos quem somos, e foi aí em que começa o tormento e o sangue. A jovem começou a ir em um psiquiatra a pedido da mãe, ao ver que sua filha precisava de ajuda, um tratamento foi iniciado e ela ia ao médico de 15 em 15 dias...
Um tratamento longo, até chegarem a conclusão depois de dois anos que ela tinha um transtorno de personalidade, chamado Borderline. Não era nada fácil para ela entender o que era isso, mas com várias pesquisas na internet e com a ajuda de sua mãe as coisas começaram a se encaixar, com duas tentativas de suicídio nada agradáveis, dias sofridos, automutilação, noites sem dormir, crises, ela resolveu ir se internar. Como ela mesmo dizia "todos deveriam passar por essa experiência", torno das palavras dela as minhas. 

Não é a vida que uma garota de dezessete anos queria, mas ela tentava tirar as coisas boas do momento em que estava, depois de ganhar alta ela começou a encarar os fatos de uma maneira mas coerente, por mais que acabava se frustrando uma vez ou outra. Depois disso, ela recebeu um tiro pelas costas da pessoa que ela mais amava, ela parou, e pensou o que ela deveria fazer naquele momento. Ela ergueu a sua cabeça e foi em diante. 
E tudo ficou feliz para sempre? Não, ela passava por provas todos os dias de sua vida, por um tempo resolveu ficar afastada de tudo, ficar na sua cama, ver seu filme, curtir sua gata Amy e aproveitar o que ela tinha para aproveitar nos dias atuais. 

Ela não era nenhuma princesa de contos de fada, era uma guerreira, graças ao apoio e carinho de sua mãe que acreditou nela até quando a própria Isabella deixou de acreditar.

Um comentário:

  1. Estou honrada, me emocionei, ficou lindo. Obrigada pela oportunidade. Beijos!

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